Uma festa para os livros e para a leitura
livros, formação leitora, literatura, feiras literárias
Conversa vai, conversa vem… E o registro vem quando?
Ao reviver os momentos de compartilhamento de experiências na atividade anterior, você também deve ter se lembrado de reflexões que fez a partir das histórias dos outros e de como elas foram contribuindo para a sua própria formação. Muitas vezes, sem sequer nos darmos conta, aprendemos nessa troca diária com colegas o que é valorizado no contexto singular em que atuamos, o que está bem e vale a pena levar adiante, o que não está tão bem assim e pode melhorar, como engajar alunos, alunas, colegas e a comunidade, como driblar as tantas dificuldades diárias e persistir com o pedagógico, como aprender e ensinar mais e melhor.
Esses saberes construídos a partir da prática vão nos formando pessoas-professores(as) dos lugares onde ensinamos. Ao ampliarmos o compartilhamento com colegas de outros espaços educacionais, esses saberes vão construindo um repertório coletivo de conhecimentos teórico-práticos valorizados na profissão.
Na roda-viva da rotina cotidiana e das tarefas que se acumulam, contudo, nossas reflexões profissionais em geral se dissipam em fragmentos da memória pessoal, sem registro ordenado que nos permita revisitar os episódios, rever onde estávamos e onde avançamos, pensar o que somos e fazemos. A falta desse registro também tolhe a nossa reflexão com nossos pares, especialmente aqueles menos próximos, com quem talvez tenhamos muita afinidade no enfrentamento de desafios semelhantes.
Com o esforço de buscar um fôlego a mais para registrar nossa experiência, temos a chance de criar momentos de formação para nós mesmos; ao entrarmos em interlocução com colegas educadoras que fazem a diferença para compartilhar nossos relatos, ficamos um pouco menos sós.
Pé na estrada
Que tal registrar a sua história por escrito?
Retome sua segunda versão do áudio e escreva um relato para um/a colega que não conhece o seu contexto escolar. Conte a sua experiência e diga o que você aprendeu com ela.
Agora vamos ler duas versões de um relato de prática para pensar na seleção do tema central do relato e em como podemos organizar o relato para que essa escolha fique expressa e evidente. Logo abaixo dos relatos, deixamos algumas sugestões de questões para que você reflita enquanto lê. Se quiser, vá fazendo anotações para discutir com os/as colegas sobre o que achou mais interessante neste estágio de produção textual e o que mais você gostaria de saber sobre ele.
Relatos de prática
Antes de escrever a segunda versão do relato de prática, a Profa. Michele compartilhou a versão inicial com uma colega e teve encontros com ela para conversarem sobre o texto e sobre os comentários. A leitura do relato pelo outro e a conversa sobre a leitura podem ajudar o autor ou a autora a organizar e articular o que foi vivido, analisar o que aconteceu, ponderar sobre destaques, rever e ressignificar o que foi vivido, decidir sobre o que foi mais relevante nessa experiência, buscar novas justificativas, descartar o que não contribui tanto, reler e revisar o texto tendo em vista o propósito, isto é, os efeitos que queremos produzir, e a interlocução projetada, ou seja, o conjunto de leitores a quem queremos endereçar o nosso texto.
Vamos acompanhar mais de perto esse processo de escrita mediado pela leitura e pela conversa. Após a sua leitura das duas versões, converse com colegas, a partir das questões abaixo, sobre o que você observou em relação à construção do foco do relato.
Assim como a Profa. Michele optou por selecionar o tema da escuta atenta e do diálogo com a turma para encontrar caminhos no trabalho de mobilizar os estudantes para a leitura de obras canônicas exigidas pelo currículo, pense no que você gostaria de destacar ao rememorar a experiência que você teve. Para garantir uma boa qualidade discursiva em seu relato de prática, especialmente em relação ao foco, é importante que você delimite bem a unidade temática. Ou seja, nas palavras de Paulo Coimbra Guedes:
Trate de apenas um aspecto, […] um único seja lá o que for, de preferência o mais importante do narrador que você vai compor para se representar diante dos seus leitores ou do cotidiano que você instituiu para esse personagem. (GUEDES, 2009, p. 120)
[...] de tudo o que aconteceu, só interessa contar aquilo que converge na direção do esclarecimento da questão que vai ser equacionado no texto; outros acontecimentos, fatos, conversas etc., ainda que também ocorridos na mesma ocasião e eventualmente até mais interessantes do que alguns que esclarecem essa ideia central, não vêm ao caso e não devem sequer ser mencionados porque não interessa se as questões são importantes entre si. Interessa se elas são importantes para a narrativa; interessa sua contribuição para o entendimento da ideia central que a narrativa quer passar. (GUEDES, 2009, p. 169)
As razões para esse destaque escolhido por você podem ser muitas, mas é especialmente pertinente e valioso que essa experiência proporcione a você a reflexão pessoal sobre sua prática profissional e assim seja também uma experiência relevante para discussão com colegas educadores da linguagem.
Pé na estrada
Vamos voltar para a produção inicial do seu relato? Leia novamente o que você escreveu e sintetize, em até duas frases:
Marque no seu texto onde você menciona esses dois pontos. Pense em como você poderia deixar isso ainda mais expresso e reescreva essas partes do seu relato de prática.
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BNCC, ensino e aprendizagem de língua portuguesa, multimodalidade, multissemiose, letramentos, práticas de linguagem contemporâneas
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