O que cabe no poema?
gênero textual, produção de texto, formação leitora, literatura, poesia, poema, planejamento docente
* Todos esses poemas são facilmente encontrados com uma busca rápida na internet.
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Sensibilização para ao uso de sentido figurado na linguagem e os efeitos de sentido gerados. Reconhecimento e contraste entre sentido figurado e sentido literal. O efeito de estranhamento na leitura a partir do uso de imagens e do sentido figurado. Reconhecimento de figuras de estilo como metáfora e analogia. Produção de uma legenda poética para uma imagem.
Na aula de hoje vamos começar a pensar sobre imagens poéticas tanto na nossa linguagem do dia a dia quanto em poemas. Como será que isso aparece?
Céu da boca
Batata da perna
Chutar o balde
Pulga atrás da orelha
Planta do pé
Pé da mesa
Bater as botas
Plantar bananeira
Engolir sapo
Pagar o pato
Tirar água do joelho
Sentir-se um peixe fora d'água
Encher linguiça
Chorar pelo leite derramado
O objetivo da discussão inicial é incentivar o aluno a pensar sobre sentidos figurados ou construções metafóricas que são parte do uso da linguagem em cenários diversos, não só na poesia. Para isso, vamos começar pelo reconhecimento de sentidos figurados a partir de expressões idiomáticas, chamando atenção para desvios do sentido literal das palavras.
Nas atividades 1 e 2, incentive os alunos a compartilhar seus comentários. Converse com eles sobre esses desvios do sentido literal passarem despercebidos nesse tipo de expressão, e convide-os a ampliar a lista de expressões idiomáticas.
Após a discussão, distribua para os alunos (ou projete) imagens literais referentes às expressões da atividade 2 e outras do livro Pequeno dicionário ilustrado de expressões idiomáticas, para que os alunos expliquem a que as imagens se referem. O objetivo dessa atividade é explorar os sentidos literal e figurado nas palavras que compõem as expressões e nas imagens que as representam.
adj. Que terminou sua adolescência. Que chegou ao termo do período de crescimento: animal, planta adulta.
S.m. Aquele que atingiu maioridade civil.
a) O que você acha das definições fornecidas?
b) Que elementos são usados para elaborar essas definições?
c) Qual delas você achou mais interessante? Por quê?
O objetivo dessa seção é ler definições construídas a partir de sentidos figurados e explorar alguns elementos que as compõem. Na atividade 1, você pode comentar que as definições de dicionário geralmente são claras, objetivas, precisas, descritivas etc. A partir dessas características, proponha que os alunos analisem a definição de “adulto”.
Na atividade 3, convide os alunos a pensar sobre a forma mais literal possível de definição dessas palavras. Apresente a atividade 4 de forma provocativa, sugerindo que pode haver outras formas de algo ser definido . Na discussão das perguntas, compare as definições das crianças com as definições literais discutidas em 3.
Para fazer a transição para a leitura de poemas, explique que esses efeitos (de algo engraçado, inesperado, estranho, surpreendente) e essas combinações de palavras que nos levam a pensar em algo diferente do que seria o mais óbvio também podem ser alcançados na poesia.
Nosso primeiro poema é “O Bicho”, de Manuel Bandeira. Vamos ler e ver o que você descobre sobre esse bicho.
Agora vamos explorar a construção de analogias e como construímos possíveis sentidos no poema a partir delas. Antes de entregar o poema aos alunos, apresente a primeira pergunta e explore as ideias compartilhadas, listando os termos no quadro. Entregue aos alunos o poema sem o último verso. Peça que leiam e conversem sobre o bicho. Para revelar o último verso, faça uma leitura em voz alta , adicionando o último verso à leitura.
Antes de apresentar as perguntas 4 a 7 , explore a reação da leitura dos alunos perguntando o que está acontecendo no poema, que "história" esse poema conta.
Na pergunta 4, discuta a caracterização do espaço a partir dos sentidos de alguns termos, como imundície, detritos. É possível também começar a explorar aqui o bicho (homem) que faz parte do cenário pensando a partir dos termos engolia e voracidade .
Agora vamos ler um poema com um título um pouco mais estranho: “Bestiário”, de Marco de Menezes. Você vai ver que algumas outras coisas também vão parecer meio estranhas, mas não se preocupe, isso é parte da poesia e vai ser parte da nossa conversa!
a) Depois de ouvir o poema pela primeira vez, que sentimentos o poema despertou em você? Você gostou desse poema? O que você entendeu sobre esse poema?
b) Agora vamos olhar o poema mais de pertinho.
c) Agora vamos ouvir o poema novamente? Pense na sua sensação na hora da primeira leitura e agora. O que mudou? O que você apontaria como aspecto mais interessante desse poema?
Leia o poema em voz alta enquanto os alunos acompanham a leitura visualizando o poema escrito. Para começar a discussão, explore bastante as impressões iniciais sobre o poema.
A próxima etapa é uma análise conjunta mais detalhada do poema. Você pode ler novamente o poema em voz alta e ir fazendo as perguntas.
Nas perguntas 1 a 6, explore a visão do eu-lírico de que, para ele, a planta não parece uma planta. Esse não saber é transferido para a planta, como se fosse ela que não soubesse que é planta. Converse sobre como o eu-lírico parece se aproximar da planta, constatando que é uma planta saudável. Explore a posição em que a planta está . Assim como a planta não parece a ele uma planta, ele enxerga a mesa como se fosse um rio. Incentive os alunos a pensar sobre características de um rio e sobre quais dessas características poderiam também ser da mesa . Nas duas últimas perguntas, explore o aspecto visual do poema , as imagens sobrepostas, planta e flamingo.
Ao final, retome ideias, reveja as impressões, complemente as primeiras interpretações. Comente com os alunos sobre como várias leituras e conversas com outros leitores nos fazem ver novas possibilidades de significados e de sentimentos em relação ao que lemos.
Agora vamos ler o poema "[um fusca]", de Angélica Freitas. Tem fusca e tem bala soft nesse poema, mas antes... será que você conhece a bala soft?
a) Em duplas, leiam o poema em voz alta. Vocês gostaram do poema? Que sentimentos o poema despertou em vocês? Por quê? Você acha que tem alguma história contada nesse poema? Qual seria?
b) Vamos olhar o poema mais de pertinho?
Antes de iniciar a leitura, proponha uma atividade simples para falar sobre a bala soft . Para iniciar, proponha uma leitura em duplas e, depois, que compartilhem suas ideias com o grande grupo.
Para a discussão detalhada, leia o poema em voz alta e, depois, vá fazendo as perguntas. Explore as relações entre o formato e a cor do fusca e da bala; o fato de que o poema sugere que o eu-lírico está mostrando, e até mesmo apontando , para uma cena que observa ou lembra ter visto um dia: o fusca que parou na estrada. Converse também sobre a sonoridade que “pó pó pó” confere ao poema, os efeitos de sentido de alguns termos, como "morreu" e "pegou", a relação entre fusca, bala e a "a boca sem dentes do túnel": a boca representando a entrada do túnel e a boca que come a bala.
Depois da análise coletiva, enquanto os alunos vão trazendo suas impressões sobre o poema, você pode listar termos no quadro a partir do que eles disserem e conversar sobre como imagens (fusca e bala) e linguagem (ali ó, pó, pó, pó) podem ser aparentemente simples e singelas, mas causar sensações profundas , por conta de relações que podem evocar com lembranças, pessoas, acontecimentos etc.
Mais alguns poemas? Vamos lá!
Agora vamos nos dividir em três grupos e cada grupo vai ler e discutir um poema diferente!
Calafrio, Miriam Alves
Poeminha Inventado, Marcelino Freire
Menina, Conceição Evaristo
Discutam o poema escolhido e depois contem para a turma o que vocês conversaram.
O objetivo desta etapa é que os alunos leiam, comentem e explorem outros poemas em pequenos grupos, praticando e compreendendo melhor os conceitos que discutimos até aqui.
Depois das discussões em pequenos grupos, convide os alunos a compartilhar com o grande grupo o seu poema e a sua leitura. Incentive os outros grupos a pensar em perguntas sobre os poemas .
Até aqui, nos baseamos nas palavras (dos poemas) e fomos levados a pensar em diversas imagens. Será que agora podemos olhar para imagens e deixar que elas nos levem para as palavras?
Vamos elaborar uma legenda poética?
O objetivo desta atividade é colocar em prática as noções trabalhadas na elaboração de uma legenda poética.
Disponibilize cerca de 5 imagens, e cada aluno cria uma legenda para uma delas. Depois, os alunos leem suas legendas, e os colegas tentam adivinhar para qual imagem a legenda foi feita e, assim, o grupo brinca com as possíveis associações entre a legenda e a imagem sugeridas.
Após a atividade, você pode retomar as questões trabalhadas: o desvio do sentido literal, usos do sentido literal de formas inusitadas, uso de elementos concretos para explicar algo abstrato, sobreposição de imagens, a aproximação entre elementos distintos para criar uma imagem, entre outros.
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