Verbos no passado
O autor ou a autora de memórias literárias usa os verbos para marcar um tempo do passado. Esta oficina trata dos tempos verbais essenciais no gênero memórias: pretérito perfeito e pretérito imperfeito.
Atividades
Para saber mais
Verbos
Ataliba Castilho, em Nova gramática do português brasileiro, considera como verbo a palavra (1) que introduz participantes no texto, via processo de apresentação, por exemplo; (2) que os qualifica devidamente, via processo de predicação; (3) que concorre para a constituição dos gêneros discursivos, via alternância de tempos e modos.
- Mostre o texto, por meio do projetor, destacando o trecho.
- Instigue a turma com perguntas:
- É possível identificar o tempo em que os fatos se deram?
- Há expressões que marcam o momento exato em que as ações ocorreram?
- Pelos verbos usados, é possível saber se a ação ocorre no presente ou no passado?
- Avise então que você vai lançar um desafio. Projete outro trecho de memórias, desta vez de Ilka Brunhilde Laurito:
- Novamente provoque a turma com perguntas:
- Em que tempo ocorreram os fatos relatados?
- Também no passado?
- Peça aos alunos que comparem os dois textos e observe se percebem que, no primeiro trecho, predomina o pretérito perfeito e, no segundo, o pretérito imperfeito.
- Explique-lhes a diferença entre os tempos verbais do passado. O pretérito perfeito indica uma ação pontual, completamente terminada no passado, como: cheguei, passei, comecei. Ele é adequado para relatar as ações “fechadas”, terminadas no início da visita do autor à sua cidade natal. E o pretérito imperfeito indica ação habitual no tempo passado, fato cotidiano que se repete muitas vezes. Ele é adequado quando a autora descreve “a vida sempre igual de todos os dias”.
- Peça aos alunos que leiam o último parágrafo de As almas do Amém:
- Chame a atenção da turma para a utilização da forma verbal das palavras destacadas no trecho acima. Pergunte se sabem que tempo verbal é esse. Caso não saibam, informe que o verbo está sendo empregado no pretérito, mas do modo subjuntivo, e não do indicativo. Pergunte, então, por que a autora utiliza o modo subjuntivo, e não o indicativo.
- Veja se percebem que não há tom de certeza, mas de possibilidade de aquilo acontecer. Talvez o avô estivesse pedindo que os campos continuassem fartos, talvez pedisse outras coisas.
Cheguei a Nova Granada de manhãzinha, quase escuro, quase claro, a noite indo embora sem pressa e o dia, menos apressado ainda, dando as caras. Passei a alça da mochila pelo ombro, e comecei a caminhar em direção da casa de meus pais, localizada no centro da cidade, para uma visita de carinho e saudade.
Edson Gabriel Garcia. Nas ondas do rádio. Cenpec, 2004.
Naquela grande casa de pedra em que vovô Vincenzo e vovó Catarina moravam […] havia uma escadinha misteriosa que subia de uma das grandes salas e que parava numa porta sempre trancada.
Ilka Brunhilde Laurito. As almas do Amém, in: A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 2002.
E foi assim que acabei descobrindo que, quando vovô Vincenzo acabava o terço e erguia as mãos para o teto, talvez estivesse pedindo às almas do AMÉM que velassem pela fartura dos campos da Calábria e que nunca deixassem faltar o pão e o vinho sobre as mesas a fim de que nenhum calabrês, nunca mais, precisasse emigrar para terras alheias.
Ilka Brunhilde Laurito. As almas do Amém. In: A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 2002.
Para saber mais
Indicativo ou subjuntivo
Sempre que o autor quer marcar o grau de certeza de que um fato realmente ocorreu, está previsto ou prestes a ocorrer, utiliza o modo indicativo, que retrata situações consideradas reais por parte de quem fala.
Quando ele quer narrar uma ação hipotética, utiliza o modo subjuntivo, que retrata situações consideradas possíveis.