Charge, tirinha e notícia

Antes de iniciar as atividades relacionadas ao uso da internet, é importante que você, professor e professora, procure se atualizar sobre o tema, lendo notícias e artigos de jornais. Algumas dicas:

  • Artigos e reportagens do site Observatório da Imprensa, ONG brasileira especializada na análise do comportamento da mídia, em especial a jornalística.
  • Matéria do canal Tab UOL sobre a privacidade na era dos algoritmos e dados. Será que temos domínio sobre o que compartilhamos nas redes sociais e como isso pode ser usado para nos manipular?
  • Artigo da revista Superinteressante, para saber saber mais sobre as Deep fakes, que se valem de recursos tecnológicos sofisticados, como vídeos manipulados, para espalhar desinformação.
  • Livro Caiu na rede, é peixe, organizado por Cora Rónai (Rio de Janeiro, Ed. Agir, 2005). A obra reúne 67 textos literários de larga circulação na internet, falsamente atribuídos a autores como Millôr Fernandes e Carlos Drummond de Andrade, discutindo essa prática de desinformação, comum na mídia eletrônica.

Atividades

  1. Com o objetivo de ampliar conhecimentos prévios a respeito do tema, pergunte aos alunos e às alunas se acompanham as discussões que se têm produzido nas mídias, inclusive digitais, sobre as vantagens e desvantagens da internet para as relações entre as pessoas; a pesquisa de informações confiáveis; o debate e a produção social de conhecimentos. Caso a familiaridade da turma com essa preocupação social seja pequena, faça uma breve explanação a respeito. Nesse momento, as leituras sugeridas na etapa 1 desta oficina podem lhe ajudar na preparação da aula.
  2. Após essa primeira explanação, divida a classe em grupos e projete as duas imagens. Peça-lhes que leiam e discutam tanto a tirinha quanto a charge a seguir.
     

    Tirinha


    Fonte: https://www.uol.com.br/

     

    Charge


    Fonte: http://mesquita.blog.br/internet-e-liberdade-digital

    A tirinha é de Laerte Coutinho. Nascida em São Paulo em 1951, Laerte é uma das mais importantes quadrinistas do país. Em coautoria com dois amigos, também cartunistas da “primeira divisão”, Angeli e Glauco, publicou as tiras Los três amigos. Lançou uma revista em quadrinhos própria, Piratas do Tietê, e criou personagens inesquecíveis, como o Hugo Baracchini desta historieta, um homem urbano sempre às voltas com problemas típicos da vida contemporânea. Parte de sua produção pode ser conferida no site do Itaú Cultural.

    A charge é de Eduardo dos Reis Evangelista. Duke, como se tornou conhecido, também nasceu em 1973, e é de Belo Horizonte, Minas Gerais. Assina as charges diárias dos jornais O Tempo e Super Notícia, mantendo, ainda, o site oficial, no qual você poderá apreciar outras charges, caricaturas e tirinhas de sua autoria. Recebeu o troféu HQMIX como melhor cartunista brasileiro de 2008.

  3. Para favorecer a compreensão e instigar a discussão, você pode fazer perguntas como:
    • O que há de comum entre a tirinha e a charge?
    • Espera-se que os alunos percebam que ambas as imagens têm em comum uma posição crítica em relação a certos usos da internet.
      • Como você traduziria em palavras cada uma delas?
        Sugestões para a Tirinha:
        a) Assim como na publicidade, há muita propaganda enganosa na internet.
        b) Tem site que “se acha”…

        Sugestões para a Charge:
        c) Nem mesmo no consultório do psicanalista estamos a salvo.
        d) A facilidade de acesso à informação digital desencoraja os esforços pessoais de investigação.
        e) A internet pode “falar” mais a nosso respeito que nós mesmos.
  4. Em seguida, peça aos alunos que leiam silenciosamente a notícia “Contra desinformação, WhatsApp limita encaminhamento de mensagens”. 

    Para saber mais

    Notícia

    “Matéria-prima” dos jornais, a notícia relata fatos que estão ocorrendo na cidade, no país, no mundo. O objetivo da notícia é informar o leitor com exatidão. Mesmo tendo a pretensão de ser “neutra” e confiável, ela traz em si concepções, princípios e a ideologia dos órgãos de imprensa que a divulgam.

    Seja no jornal impresso, seja em um portal jornalístico da internet ou em outras mídias, as notícias aparecem de acordo com o grau de relevância (das mais importantes para as menos importantes). Para chamar a atenção dos leitores, algumas notícias se iniciam com uma manchete bem objetiva, com verbo sempre no presente. Em seguida, vem o lide (lead), ou primeiro parágrafo, que contém as informações básicas sobre o fato noticiado. O lide apresenta esquematicamente o fato noticiado pela indicação sucinta de seus componentes: o que ocorreu, envolvendo quem, como, quando, onde e por quê. Originária do inglês — lead —, essa palavra tem sido cada vez mais utilizada em sua forma abrasileirada, lide.

  5. Dê tempo aos alunos para que leiam a notícia e só então comece uma conversa, instigando-os com perguntas:
    • A notícia foi publicada em veículo impresso ou digital? De circulação ampla ou restrita? Confiável ou não?
    • Quem é o jornalista responsável pela notícia? Há alguma informação a seu respeito na matéria?
    • Qual é o assunto principal abordado pelo texto? É atual ou ultrapassado, em relação à data de publicação?
    • Para que tipo de leitor(a) a notícia se dirige? Que importância essas informações podem ter para esse(a) leitor(a)?
    • Com que finalidade esse assunto é abordado?
  6. Após o debate, faça uma leitura, em voz alta, da mesma notícia. Conversando com os alunos e as alunas, reforce que os principais fatos noticiados no texto são:
    • A internet é um meio de comunicação em que circula uma grande quantidade de informações duvidosas e de notícias falsas.
    • Boa parte dos usuários não só já se deu conta dessa realidade como manifesta desconforto com esse estado de coisas.
    • A empresa responsável por um aplicativo de comunicação muito utilizado anunciou que está desenvolvendo estratégias para limitar a propagação da desinformação por meio da ferramenta.
    • A estratégia é limitar o número de pessoas para quem uma mensagem pode ser encaminhada, de modo a evitar o “spam” e a disseminação massiva de notícias falsas.
  7. Alimente a conversa perguntando:
    • Qual foi o fato que virou notícia?
    • Qual é a relevância dessa notícia?
    • Qual é sua opinião sobre a confiabilidade das informações disponíveis na internet?
    • O autor dá sua própria opinião ou apenas registra seja um fato, seja uma opinião corrente?
  8. Mostre que a notícia “Contra desinformação, WhatsApp limita encaminhamento de mensagens” tende a provocar reações diversas: muitas pessoas podem aprovar incondicionalmente a iniciativa; no entanto, haverá quem considere que trata-se de interferência abusiva de uma empresa sobre a liberdade de expressão na internet, prejudicando, por exemplo, a compreensão e a circulação de brincadeiras e simulações. Outros, ainda, poderão considerar que discernir fontes confiáveis e não confiáveis não é tarefa para um aplicativo de conversas, mas direito e responsabilidade inalienáveis de cada cidadão.
  9. De qualquer forma, procure mostrar que, na notícia, o jornalista procura não assumir, ele mesmo, posição a respeito do que divulga. O objetivo – nesse caso – é apresentar os fatos em si:
    1. a opinião de usuários a respeito da confiabilidade das informações na internet;
    2. o lançamento de uma ferramenta para o combate à desinformação por um aplicativo.
  10. Para deixar isso bem claro, projete trechos da notícia “Contra desinformação, WhatsApp limita encaminhamento de mensagens” que comprovam essa afirmação e peça que os alunos e as alunas os examinem.

    “Um dos maiores problemas do aplicativo de mensagens WhatsApp nos últimos anos é a disseminação de notícias falsas. Se em dias normais isso é algo perigoso, em épocas como a da crise do coronavírus isso se torna ainda mais danoso para a sociedade. Por conta disso, a empresa vai implementar a partir desta terça-feira, 7, uma nova política para tentar frear a desinformação dentro de sua plataforma, limitando mais uma vez o encaminhamento de mensagens.”

    “Hoje, a empresa limita que uma mensagem seja encaminhada simultaneamente a cinco conversas ou grupos de uma vez só. A barreira foi implementada em 2019 em todo o mundo e reduziu a disseminação de notícias faltas em 25%, segundo a empresa. Ela seguirá sendo válida. O que muda agora é que, depois que esse limite for atingido, o usuário só poderá mandar a mesma mensagem a um contato ou grupo de cada vez – até a segunda-feira, 6, era permitido redistribuir a mensagem em grupos de cinco encaminhamentos.”.

  11. Mostre aos alunos que trechos como “(…) Se em dias normais isso é algo perigoso, em épocas como a da crise do coronavírus isso se torna ainda mais danoso para a sociedade.”, para referir-se à importância do recurso em questão são utilizados de forma a dar a impressão de que correspondem a avaliações do público leitor, e não do jornalista.