Sequências
Didáticas - Poema
Verso: cada uma das linhas que compõe um poema.
Estrofe: conjunto de versos separados por uma linha em branco antes e uma depois, formando uma unidade visual e, muitas vezes, sintático-semântica.
Rima: repetição de sons iguais ou parecidos nos finais de duas ou mais palavras. Normalmente, a rima ocorre no final dos versos, mas pode envolver palavras no meio dos versos (rimas internas).
Sentido literal: é o sentido comum, dicionarizado, de uma palavra, também chamado de sentido denotativo.
Sentido figurado: é o sentido de uma palavra quando usada fora de seu contexto comum, literal, gerando sempre alguma necessidade de interpretação, a partir do contexto em que está inserida, também chamado de sentido conotativo. O sentido figurado aparece com frequência na poesia, mas não podemos esquecer que fazemos isso também em situações cotidianas (quando dizemos, por exemplo, que estamos “morrendo” de medo, como forma de realçar a intensidade do medo que estamos sentindo).
Figuras de linguagem: são todos aqueles recursos linguísticos, sejam eles sonoros, sintáticos ou semânticos, que geram efeitos de sentido no texto, exigindo do leitor algum tipo de interpretação. Também chamadas de figuras de estilo ou figuras de retórica, as figuras de linguagem, em muitos casos, operam justamente a passagem do sentido literal para o sentido figurado (a metáfora, por exemplo) das palavras. Em outros casos, elas podem ajudar a reforçar o sentido expresso pelo texto, ou a dar a entender o seu contrário, ou a chamar a atenção sobre o aspecto material das palavras empregadas. As figuras de linguagem foram classificadas e organizadas em listas exaustivas (comparação, metáfora, metonímia, aliteração, paronomásia, antítese, paradoxo, ironia, etc.), mas o que mais importa para nós, enquanto leitores e professores, não é saber essa lista de cor, e sim ser capazes de percebê-las nos textos que lemos e trabalhamos.
Analogia: aproximação de coisas e/ou realidades distintas com o objetivo de realçar as semelhanças entre elas, seja pela sua forma, pela sua função ou por outra característica. Quando comparamos, por exemplo, um jogo de futebol a uma batalha, estamos aproximando-os por aquilo que se parecem: num jogo de futebol, há jogadores que formam um time, coordenados por um treinador, em busca da vitória; numa batalha, há soldados que formam um exército, coordenados por um general, também em busca da vitória. Assim, um jogo de futebol pode ser análogo a uma batalha porque as funções exercidas pelos seus integrantes (jogadores-soldados, time-exército, treinador-general) são parecidas, embora não sejam iguais no todo.
Eu-lírico: é a voz que fala no poema, algo equivalente ao narrador de um romance ou conto. Tradicionalmente, essa voz se expressa na primeira pessoa do singular (daí o surgimento do termo), mas nada impede que aconteça de outra forma (você certamente lembra de algum poema que não está na primeira pessoa do singular). É sempre importante lembrar que o eu-lírico (a voz do poema) não corresponde ao poeta (o autor, o indivíduo de carne e osso que escreveu o poema): nada impede, por exemplo, que um poeta que é homem, adulto e brasileiro escreva um poema na voz de uma mulher (eu-lírico feminino), ou de uma criança (eu-lírico infantil), ou de um uruguaio ou sul-africano (eu-lírico estrangeiro).
Poesia X poema: esse parzinho de termos, você já deve ter reparado, se presta a muitos usos diferentes. Algumas vezes aparecem como sinônimos (ler um poema = ler uma poesia), outras, não. Nesses casos, o termo poesia é entendido de uma forma mais ampla, ou como o gênero literário que agrupa todas as formas possíveis (poemas) de se manifestar, ou como o fenômeno que nos faz perceber algo (uma paisagem, uma cena, um objeto, uma pessoa) de forma especial, interessante, ou seja, de forma poética. Se pensarmos de acordo com essa última definição, poderíamos dizer que um poema contém poesia, mas, ao mesmo tempo, que a poesia pode estar contida em outras coisas (uma paisagem, uma cena, um objeto, uma pessoa) para além dos poemas, isto é, dependendo da nossa maneira de olhar para elas (lembra quando, em Garota de Ipanema, o eu-lírico diz que “o seu balançado é mais que um poema”? Ele está dizendo não só que vê poesia naquele jeito de andar, mas que tem mais poesia que num poema!).
Profe, essa discussão pode se tornar bem longa, e não vem ao caso querer encerrá-la de forma categórica (e muito menos querer ficar problematizando isso com os nossos alunos!). Afinal, se já faz bastante tempo que essa confusão existe, por que acabar com ela, não é mesmo? Talvez essa incerteza diga alguma coisa da própria natureza da poesia, ou do poema, ou de ambos.
Slam: é um gênero de poesia oral que envolve também a performance dos poemas pelos próprios autores. Espécie de mistura entre um sarau (mas sem leitura: é precisa saber o texto de cor) e o rap (a postura e a expressividade de quem fala é muito importante, mas não há acompanhamento musical), o slam é normalmente organizado em forma de campeonato: cada “slammer” apresenta seu poema e um júri popular, escolhido entre o público, dá notas; ao final, é escolhido o vencedor. Para conhecer um pouco mais, vale ler esta entrevista com as organizadoras do Slam das Minas, de São Paulo:
https://www.escrevendoofuturo.org.br/blog/literatura-em-movimento/slam-das-minas/.
Podcast: é um “programa de rádio” feito para ser disponibilizado na internet. Para criar um, são necessários um computador, um microfone e muita criatividade. Fazer um projeto envolvendo a criação de um (ou mais de um!) podcast com os alunos garante o envolvimento de todos, cada um exercendo uma ou mais funções diferentes (apresentador, editor, locutor, etc.).
Indicações de leitura
Se você quiser refletir mais sobre a natureza da poesia e sobre a relação entre poesia e poema, o texto “Poesia e poema”, que é a introdução do livro O arco e a lira, do poeta mexicano Octavio Paz, é bem interessante (e bonito!).
Caso você queira dar uma arejada nas ideias sobre poesia, função poética da linguagem e outras coisas do tipo, dê uma olhadinha no livro O que é comunicação poética, do poeta brasileiro Décio Pignatari. O texto é bem solto, cheio de exemplos e de provocações, daqueles que nos fazem colocar a cabeça para funcionar.