Preparando a entrevista

Atividades

 

  1. Lembre aos alunos que é fundamental criar um clima de respeito e conquistar a confiança do entrevistado ou entrevistada. Ele ou ela precisa se sentir à vontade para contar suas lembranças.
  2. Na tentativa de direcionar a entrevista para o tema desejado, pode-se começar com um comentário do tipo: “Sabemos que, na época em que o(a) senhor(a) era criança, houve uma grande enchente na cidade que destruiu tudo”, ou: “Havia uma fábrica onde muita gente trabalhava”.
  3. Explique ao grupo que um questionário de perguntas muito objetivas, que pode ser respondido com poucas palavras (por exemplo: “Em que ano o senhor se casou?”), tende a inibir relatos interessantes. Os alunos e as alunas podem levar algumas perguntas, mas não devem se limitar a elas. O objetivo do encontro é conversar para conseguir bons relatos. Por isso, além do roteiro, é bom que a turma esteja preparada para improvisar e fazer outras perguntas a partir das respostas do entrevistado ou entrevistada . As questões também podem ajudar quem conta a revelar sensações e sentimentos a respeito do que está contando.
  4. É importante os alunos e alunas ficarem atentos e observarem se o entrevistado ou entrevistada compara o passado e o presente, descreve lugares e costumes de antigamente. Caso isso não aconteça naturalmente, o(a) entrevistado(a) pode ser questionado a esse respeito com outras perguntas:
    • Como era esse lugar naquele tempo?
    • O(a) senhor(a) percebe semelhanças com o que ele é hoje?
    • O(a) senhor(a) pode falar um pouco mais a respeito dessa brincadeira, desse costume etc.?
  5. No final da conversa, valorize o depoimento do(a) entrevistado(a), convidando-o(a) a participar da leitura do texto de memórias literárias. É importante destacar que o aluno ou a aluna precisa escrever o nome e a idade do entrevistado no final do texto.
  6. Veja, no depoimento O preparo: um roteiro provisório, como Antonio Gil se preparou para realizar a entrevista que deu origem ao texto Como num filme.
  7. O preparo: um roteiro provisório

    Sabia que o sr. Amalfi tinha 82 anos e que tinha suas raízes italianas preservadas em seu modo de vida. Já o conhecia superficialmente. É pai de uma amiga de muito tempo e sabia que ele era um homem que tinha muitas histórias para contar… Por isso, foi o escolhido para ser o entrevistado e personagem na minha tarefa de memorialista.

    Organizei um pequeno roteiro provisório. Digo provisório porque ele serviria de apoio para que a conversa rolasse sem cerimônias e fluísse ao sabor das vivências e lembranças que eu imaginava existir na trajetória de vida do sr. Amalfi. Ele, o roteiro, me serviria de bússola para não perder alguns aspectos importantes na minha escrita posterior. Na verdade, o meu objetivo era que a memória do sr. Amalfi viesse à tona e desabrochasse com total liberdade durante o nosso encontro marcado.

    Assim, peguei um caderninho brochura e fui escrevendo no topo de algumas páginas ideias que poderiam ser suscitadas na hora da nossa conversa.

    Pensei em gravar. Poderia ser interessante, mas a premência do tempo fez com que eu fosse de caderno e caneta e minha especial atenção para estimular as palavras do sr. Amalfi, ouvir bem a sua voz do coração e registrar com rapidez e com a certeza de que teria coletado um bom material para o trabalho posterior: o de ser autor do texto.

    Sabia que não iria fazer uma transposição do falado para o escrito. As memórias do sr. Amalfi ganhariam uma dose de ficção da minha parte. Ficariam intactas e salvaguardadas. Mas seriam apresentadas de uma maneira interessante, curiosa, emocionante. E essa era a minha parte!