Público-alvo
Estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais: 7º e 8º anos
A presente sequência didática destina-se à produção de notícias, subsidiada pela avaliação diagnóstica da turma em que for aplicada. Tal avaliação compreende a sondagem do nível em que as(os) estudantes se encontram em relação ao conteúdo que precisam dominar, e é prevista para ser realizada no início do processo de produção de texto a fim de se definirem as ações futuras. Ao tecer o diagnóstico, cada docente poderá flexibilizar as ações propostas conforme o que a sua realidade inicial exigir. As fragilidades e potências reveladas pelos textos das(os) estudantes definirão para cada professora ou professor o modo como a sequência das ações acontecerá. A cada início de etapa, você terá autonomia para decidir o grau de investimento que deverá aplicar naquele momento, e o que definirá isso será a análise inicial dos textos de suas alunas e alunos.
Práticas de linguagem / Objetos do conhecimento:
Leitura:
Produção de textos:
Análise linguística / semiótica:
Competência específica nº2
Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.
Habilidades:
EF69LP06 Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens, reportagens multimidiáticas, infográficos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião de interesse local ou global, textos de apresentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado etc.– e cartazes, anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, dentre outros em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de editor ou articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como forma de compreender as condições de produção que envolvem a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possibilidades de participação nas práticas de linguagem do campo jornalístico e do campo midiático de forma ética e responsável, levando-se em consideração o contexto da Web 2.0, que amplia a possibilidade de circulação desses textos e “funde” os papéis de leitor e autor, de consumidor e produtor.
EF69LP07 Produzir textos em diferentes gêneros, considerando sua adequação ao contexto produção e circulação – os enunciadores envolvidos, osobjetivos, o gênero, o suporte, a circulação -, ao modo (escrito ou oral; imagem estática ou em movimento etc.), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse contexto, à construção da textualidade relacionada às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para, com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros, fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/ alterando efeitos, ordenamentos etc.
EF69LP08 Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.
Competência específica nº3
Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.
Habilidades:
EF69LP03 Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.
Competência Específica nº5
Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.
Habilidades:
EF69LP16 Analisar e utilizar as formas de composição dos gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como notícias (pirâmide invertida no impresso X blocos noticiosos hipertextuais e hipermidiáticos no digital, que também pode contar com imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etc.), da ordem do argumentar, tais como artigos de opinião e editorial (contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e das entrevistas: apresentação e contextualização do entrevistado e do tema, estrutura pergunta e resposta etc.
EF69LP17 Perceber e analisar os recursos estilísticos e semióticos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os aspectos relativos ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação dos eventos, as escolhas lexicais, o efeito de imparcialidade do relato, a morfologia do verbo, em textos noticiosos e argumentativos, reconhecendo marcas de pessoa, número, tempo, modo, a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as formas de pretérito em relatos; as formas de presente e futuro em gêneros argumentativos; as formas de imperativo em gêneros publicitários), o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e as estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal, jogos de palavras, metáforas, imagens).
Objetivos:
Atividades:
Comece informando a turma sobre algum acontecimento ou evento que tenha ocorrido, que vá acontecer ou que esteja acontecendo na escola ou na comunidade que a envolve. Não é difícil encontrar assunto para esta etapa, afinal, a escola é um local em que muito se produz, em que muita coisa acontece. Se não houver nada relevante ocorrendo neste momento na escola, no bairro ou na cidade certamente haverá. Fale sobre a importância desse evento e do quanto as pessoas precisam se informar sobre ele. Pergunte se as(os) estudantes daquela turma já estão sabendo, ou o quanto elas/eles estão sabendo sobre aquele fato. Por fim, diga que aquela turma foi escolhida para informar as pessoas em forma de uma notícia, que será publicada ou no jornal da escola (caso a escola possua um – se não for o caso, um jornal escolar poderá ser criado com a mobilização da turma) ou num jornal-mural que as(os) estudantes daquela classe terão de montar, ou ainda por meio de um comunicado que será enviado às famílias.
A estratégia de mobilização poderá variar de acordo com as condições que a escola dispuser no momento ou do que for possível organizar. O que é importante como ponto de partida é engajar a classe na proposta, fazendo com que as(os) alunas(os) percebam que seus textos terão a chance de ser lidos por leitoras e leitores reais, e não serão apenas destinados à leitura e avaliação da sua professora ou professor.
Peça às(aos) alunas(os) que produzam o texto em sala da forma como elas/eles, naquele momento, entendem que seja a melhor forma de comunicar leitoras(es) sobre o fato. Não é necessário instrumentalizar as(os) estudantes nesta etapa, pois a ideia é perceber qual é a noção que a sua turma tem sobre como organizar uma notícia.
Aqui sairá a produção inicial, aquela que não será publicada, e à qual não será atribuída uma nota, pois esse texto servirá apenas para nortear as próximas ações. De posse dessa primeira versão produzida por estudantes, já será possível elencar as principais fragilidades da turma e também a sua fortaleza. Esse texto, além de servir de “termômetro” para avaliar o modo como a sequência do trabalho poderá ser conduzida, também servirá de base para que as/os estudantes possam sentir, ao final do processo, o quanto aprenderam sobre o gênero notícia. No final do processo, essa mesma primeira versão será retomada e reescrita para que se incorporem os ganhos obtidos no trabalho que as próximas etapas serão capazes de fornecer.
Recolha os textos e faça uma leitura prévia, separando as produções conforme as fragilidades ou potências que as alunas(os) apresentaram. Nesta etapa, você não precisará devolver os textos com devolutivas para (as)os estudantes, pois é o primeiro diagnóstico do grupo e os textos serão utilizados futuramente na hora de produzir a versão final da notícia. Se houver algum texto que fuja drasticamente do tema ou que seja representativo exemplar de outro gênero, avalie se é o caso de solicitar à(ao) autora(or) deste texto uma nova versão minimamente mais alinhada à proposição.
Agora é com você! Chegou o momento de iniciar a avaliação diagnóstica de suas turmas. É preciso ler todos os textos com cuidado para elencar o quanto eles se aproximam ou se distanciam do gênero em questão. É aqui que você vai definir o que suas alunas e alunos já sabem a respeito de uma notícia e o que você precisará ensinar com mais aprofundamento.
Você poderá construir uma tabela/planilha com uma coluna apresentando as dimensões do texto a serem analisadas (compreensão das condições de produção, estrutura, conteúdo e aspectos linguísticos, por exemplo), adicionando grades onde poderá quantificar o quanto há de domínio de cada item. Pode usar conceitos: bom entendimento; frágil entendimento; ótimo entendimento. Pode também tratar por percentual de atendimento do item. Você vai escolher sua forma de contabilização. Segue um exemplo de como poderá se orientar nessa investigação inicial:
1) Analise se os textos estão focando no fato que deve ser noticiado e se há uma clara intenção informativa. Se sim, sua turma apresenta uma boa compreensão das condições de produção de uma notícia, e talvez, não haja necessidade de investir muito tempo no trabalho com essa dimensão.
2) Perceba se os textos contêm títulos que podem ser considerados manchetes, com o recorte do fato noticiado, se há um subtítulo com acréscimo, se o parágrafo inicial já traz as informações essenciais sobre o fato noticiado. Se esses pontos foram contemplados com assertividade, a turma já tem boa noção do plano global do gênero e não haverá tanta necessidade de investir muito tempo com aspectos estruturais. Mas, se houver grande fragilidade nesses aspectos, a etapa que contempla a estrutura de composição de uma notícia deverá ter atenção redobrada.
3) Busque nos textos o modo como o fato foi abordado, percebendo se há investimento na apresentação desse acontecimento ou se há apenas um recorte temático que aborda o assunto maior, sem aprofundar no objeto da notícia. O modo como o conteúdo foi abordado por suas alunas e alunos é o que definirá se o trabalho com o conteúdo temático das notícias será mais ou menos aprofundado.
4) Por fim, analise os aspectos linguísticos e discursivos dos textos, as questões relativas ao uso dos verbos, da construção dos períodos, a impessoalidade e a objetividade do discurso. Mais uma vez, o nível da turma em relação a como mobiliza a linguagem em uma notícia definirá seu grau de investimento na etapa acerca desses pontos.
Para facilitar a tabulação dos dados, você já poderá olhar para os textos da versão inicial com base na grade de avaliação proposta para a etapa final do trabalho. Quanto mais adequados forem os textos, menos demorado será o trabalho nas etapas subsequentes desta sequência didática. Você terá total autonomia para abreviar ou prolongar o trabalho com cada dimensão do gênero a partir do que a sua turma apresentar na escrita inicial.
Para mais reflexões e orientações sobre a avaliação diagnóstica, assista à live abaixo realizada pelo Programa Escrevendo o Futuro, com a presença do professor Clecio Buzen (UFPE) e mediação de Patrícia Calheta:
Leia também a publicação Inquietações docentes sobre avaliação diagnóstica e ensino, da coluna Pergunte à Olímpia, que respondeu a questões de professoras e professores sobre este tema.
Objetivos:
Nesta etapa, sua classe será “apresentada” de modo mais orientado a exemplares do gênero em estudo. Para isso, selecione, previamente, vários textos que você considere serem bons modelos. Essa ação é essencial para que as(os) alunas(os) possam, na comparação entre tais exemplares, reconhecer as condições que subsidiam a produção deste gênero. Seria ideal escolher dois fatos noticiados e selecionar notícias de fontes diferentes abordando esses mesmos acontecimentos.
Atividades:
Objetivos:
Atividades:
Nesta etapa do trabalho, a ideia é perceber se a turma compreende que conteúdos podem servir de alimentação para uma notícia. Se a turma já demonstrou bom entendimento desse ponto nas produções iniciais, não precisará investir muito nesta etapa. Caso sinta que é preciso reforçar, selecione, entre os textos que já foram usados na etapa do reconhecimento das condições de produção, dois deles para o trabalho com o conteúdo temático.
Neste momento, é importante que sejam duas notícias que abordam acontecimentos diferentes para oportunizar melhor compreensão desta característica. Previamente, elabore questões que levem cada grupo a perceber que a notícia foca num fato, num acontecimento bem pontual sobre o qual as informações são transmitidas. Aqui também é importante selecionar um trecho de reportagem sobre o tema relacionado ao fato em questão para que as(os) alunas(os) percebam que a abrangência do gênero reportagem é maior, não se limitando a um evento pontual. Por exemplo: Se uma das notícias trabalhar com a divulgação de um óbito ocasionado por “dengue”, selecione uma reportagem que aborde esse assunto maior para propor uma comparação.
Para reconhecer um gênero, é preciso conhecer a sua estrutura composicional. Pela forma de apresentação, até alguém mais leigo nas questões de linguagem consegue diferenciar uma “bula de remédio” de uma “receita médica” ou uma “receita culinária” de um “poema”. Sendo assim, é importante investir no trabalho com essa estrutura para garantir que estudantes reconheçam os mais variados gêneros com que se trabalha em sala. Geralmente, é nesse ponto que as turmas costumam demonstrar maior fragilidade. A investigação feita na análise das primeiras versões dos textos norteará o modo como esta etapa será trabalhada. Foque mais demoradamente nos pontos frágeis revelados por seus estudantes.
Objetivos:
Atividades:
Faça o quiz abaixo sobre um dos conteúdos abordados nesta sequência didática.
Você é leitor de jornal? Está acostumado com a linguagem jornalística? É hora de testar seus conhecimentos. Combine cada número com o verbete correspondente e edite seu dicionário jornalístico.
1. Registro de uma série de acontecimentos, a partir do fato de maior relevância. A estrutura desse relato é lógica; o critério de importância ou interesse envolvido em sua produção é ideológico.
2. Texto que desenvolve uma idéia ou comenta um assunto. Geralmente assinado por um especialista no tema, escritor, jornalista.
3. Procedência da notícia. Informante oficial ou oficioso.
4. Texto de estilo enfático e equilibrado, expressa a linha editorial do jornal. Apresenta, com concisão, a questão tratada, desenvolvendo os argumentos que o jornal defende, refutando opiniões opostas e concluindo a opinião do jornal.
5. Introduz o leitor na notícia, despertando seu interesse pelo texto já nas linhas iniciais. Responde às questões principais em torno do acontecimento (o quê, quem, quando, como, onde, por quê).
6. Palavra ou frase que, no jornalismo impresso, é colocada antes ou acima do título da matéria, para introduzi-la e complementá-la.
7. Título principal de um jornal ou de página.
8. Gênero jornalístico que consiste no levantamento de assuntos para contar uma história verdadeira, expor uma situação ou interpretar fatos.
Nesta etapa, o trabalho com a língua será o foco. É importante que a turma perceba que uma notícia precisa ser objetiva, precisa apresentar-se em linguagem impessoal e ter foco no fato noticiado. As atividades deste momento precisam promover essa compreensão e você já terá sentido o modo como as(os) estudantes mobilizaram a linguagem nas notícias iniciais que compuseram. Agora será o momento de atender os pontos que sua análise detectou como frágeis ou equivocados.
Objetivos:
Atividades:
Objetivos:
Atividades:
| Item a ser verificado | Já está bom | Precisa melhorar |
Tema e intenção | A notícia trata com precisão do fato que ela se propôs a noticiar? |
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Estrutura e linguagem | Manchete: O título de sua notícia traz o fato principal noticiado, com verbo no tempo presente? |
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Linha fina: seu texto tem um subtítulo que traz um acréscimo à informação principal do título? |
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Lide: o parágrafo inicial de seu texto sintetiza as informações da notícia e responde às questões básicas: QUEM? O QUÊ? QUANDO? ONDE? POR QUÊ? |
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Verbos: os verbos do corpo do texto correspondem ao tempo relativo ao evento noticiado? |
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Correção: A notícia respeita as convenções de escrita? Está bem pontuado? |
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
Ana Cláudia Costa Fontana é mestra em Linguagem, Identidade e Subjetividade pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua como professora de língua portuguesa na rede pública estadual do Paraná há 27 anos. Também trabalha como professora de língua portuguesa e redação para o ensino fundamental (anos finais) e como professora de gramática para o ensino médio na rede privada de ensino na cidade de Ponta Grossa - PR.
Contato: costafontana@gmail.com
Uma festa para os livros e para a leitura
livros, literatura, formação leitora, feiras literárias
Letramentos e as práticas de linguagem contemporâneas na escola
letramentos, multimodalidade, BNCC, multissemiose, ensino e aprendizagem de língua portuguesa, práticas de linguagem contemporâneas