Tipos de argumento

Atividades

  1. Para melhor entender como os argumentos e a justificativa que sustentam o artigo de opinião se relacionam com o tema e o público a que se destina, consulte o texto abaixo:

    Para saber mais

    Sobre o Argumento

    Para escrever um artigo de opinião é preciso, antes de tudo, ter uma tese muito clara para defender diante de uma questão polêmica. Afinal, toda a organização textual do artigo, assim como sua consistência, estarão subordinadas à defesa dessa tese. Por isso, todo o artigo deve poder ser resumido por um argumento central. É com esse argumento que o autor articula sua opinião pessoal (a tese ou a conclusão de seu raciocínio e os dados e as justificativas que a sustentam).

    Portanto, para escrever um bom artigo de opinião, é necessário utilizar argumentos consistentes e bem fundamentados, pois são mais fortes e convincentes. O autor do artigo tem de informar ao leitor quais as razões que o levaram a tomar determinada posição, evitando motivos superficiais ou sem justificativa, do tipo: “porque ninguém que eu conheço discorda”, “porque ouvi dizer”, “porque todo mundo pensa assim”, “porque na vizinhança todos dizem” etc.

    O articulista precisa, então, definir seus argumentos de acordo com o tema escolhido e, portanto, também de acordo com o público (o auditório) para quem escreve: um artigo para um jornal de economia, por exemplo, deverá apoiar-se em conceitos e valores da área, assim como em dados estatísticos, entre outros; para defender uma lei que esteja sendo criada, um articulista deve citar exemplos de situações em que a sua aplicação trouxe melhorias; num debate sobre novos costumes, terá de evocar valores, lembrar dados históricos, fazer análises comparativas; e assim por diante. Quanto mais o articulista dominar o tema sobre o qual está escrevendo e conhecer o perfil e as expectativas do auditório a quem se dirige, maiores serão as chances de ele elaborar uma estratégia argumentativa eficaz.

    Parte dessa estratégia consiste em perceber com precisão que tipo(s) de argumento pode(m) funcionar melhor no contexto do debate. Com base na relação lógica estabelecida entre os dados, as justificativas e a conclusão ou tese, tem-se um tipo de argumento.

  2. Faça uma leitura comentada para que seus alunos conheçam os diferentes tipos de argumento, conforme a relação abaixo:
  3. Argumento de autoridade

    Explicação

    No argumento de autoridade, o auditório é levado a aceitar a validade da tese ou conclusão [C] defendida a respeito de certos dados [D], pela credibilidade atribuída à palavra de alguém publicamente considerado autoridade na área [J].

      Exemplo

      No livro didático X, as personagens que praticam boas ações são sempre ilustradas como loiras de olhos azuis, enquanto as más são sempre morenas ou negras [D]. Podemos dizer que o livro X é racista [C], pois, segundo o antropólogo Kabengele Munanga, do Museu de Antropologia da USP, ilustrações que associam traços positivos apenas a determinados tipos raciais são racistas [J].

    Argumento por evidência

    Explicação

    No argumento por evidência, pretende-se levar o auditório a admitir a tese ou conclusão [C], justificando-a por meio de evidências [J] de que ela se aplica aos dados [D] considerados.

      Exemplo

      De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) de 2008, o telefone, a televisão e o computador estão entre os bens de consumo mais adquiridos pelas famílias brasileiras [D]. Esses dados mostram que boa parte desses bens de consumo está ligada ao desejo de se comunicar [C]. A presença desses três meios de comunicação entre os bens mais adquiridos pelos brasileiros é uma evidência desse desejo [J].

    Argumento por comparação (analogia)

    Explicação

    No argumento por comparação, o argumentador pretende levar o auditório a aderir à tese ou conclusão [C] com base em fatores de semelhança ou analogia [J], evidenciados pelos dados [D] apresentados.

      Exemplo

      A quebra de sigilo nas provas do Enem 2009, denunciada pela imprensa, nos faz indagar quem seriam os responsáveis [D]. O sigilo de uma prova do Enem deve pertencer ao âmbito das autoridades educacionais – e não da imprensa [C]. Assim como a imprensa é responsável por seus próprios sigilos, as autoridades educacionais devem ser responsáveis pelo sigilo do Enem [J].

    Argumento por exemplificação

    Explicação

    No argumento por exemplificação, o argumentador baseia a tese ou conclusão [C] em exemplos representativos [D], os quais, por si sós, já são suficientes para justificá-la [J].

      Exemplo

      Vejam os exemplos de muitas experiências positivas – Jundiaí (SP), Campinas (SP), São Caetano do Sul (SP), Campina Grande (PB) etc. – sistematicamente ignoradas pela grande imprensa [D]. Tantos exemplos levam a acreditar [J] que existe uma tendência predominante na grande imprensa do Brasil de só noticiar fatos negativos [C].

    Argumento de princípio

    Explicação

    No argumento de princípio, a justificativa [J] é um princípio, ou seja, uma crença pessoal baseada numa constatação (lógica, científica, ética, estética etc.) aceita como verdadeira e de validade universal. Os dados apresentados [D], por sua vez, dizem respeito a um fato isolado, mas, aparentemente, relacionado ao princípio em que se acredita. Ambos ajudam o leitor a chegar a uma tese, ou conclusão, por meio de dedução.

      Exemplo

      A derrubada dos índices de mortalidade infantil exige tempo, trabalho coordenado e planejamento [J]. Ora, o índice de mortalidade infantil de São Caetano do Sul, em São Paulo, foi o que mais caiu no país [D]. Portanto, São Caetano do Sul foi o município do Brasil que mais investiu tempo, trabalho coordenado e planejamento na área [C].

    Argumento por causa e consequência

    Explicação

    No argumento por causa e consequência, a tese ou conclusão [C] é aceita justamente por ser uma causa ou uma consequência [J] dos dados [D].

      Exemplo

      Não existem políticas públicas que garantam a entrada dos jovens no mercado de trabalho [D]. Assim, boa parte dos recém-formados numa universidade está desempregada ou subempregada [C]. O desemprego e o subemprego são uma consequência necessária das dificuldades que os jovens encontram de ingressar no mercado de trabalho [J].

  4. Proponha à turma a utilização do jogo “Q.P. Brasil”. Para isso, observe que no verso do tabuleiro há uma tabela na qual os alunos e alunas poderão colocar os argumentos referentes a uma das questões polêmicas, de acordo com os tipos aqui apresentados. Divida a classe em grupos, solicite a cada grupo que escolha uma questão polêmica e dê-lhes um tempo para preencher a tabela. Em seguida, um grupo analisa a tabela do outro e sugere modificações. Outra opção é fazer o que propõe a atividade 2 do Manual do jogo “Q.P. Brasil”.
  5. Em seguida, organize a classe em duplas. Selecione um dos artigos do menu Coletânea e, depois de lê-lo coletivamente, peça a turma que identifique o argumento central do artigo e o classifiquem com base nos “Tipos de argumento”.
  6. Você pode ajudá-los fazendo perguntas do tipo:
    • A que área ou setor (educação, política, ciência, economia etc.) o artigo e seus argumentos estão associados?
    • Qual é a relação lógica (de princípio, exemplificação, autoridade, causa e consequência, comparação ou evidência) que se estabelece entre dados, justificativas e conclusão?
    • Como vocês chegaram a esse resultado?
    • Há alguma indicação no texto para essa resposta?
  7. Procure mostrar a seus alunos e alunas que, na elaboração do texto argumentativo, a ordem dos fatores altera o produto, mas não elimina a argumentação; apenas produz efeitos diferentes sobre o auditório. O autor pode escolher “ir direto ao ponto”, apresentando sua tese ou conclusão logo de cara. Já num contexto em que o argumentador considera que seus adversários ignoram um princípio fundamental, pode preferir começar o texto lembrando ao público, antes de tudo, esse mesmo princípio com base no qual tentará convencer o auditório de uma tese. Por fim, o autor pode entrar num debate apresentando, em primeiro lugar, os dados em que se baseará para desenvolver o texto. É o caso, por exemplo, da descrição ou análise de determinada situação, diante da qual o articulista irá, num momento posterior, se posicionar.
  8. Reforce que nem sempre os componentes de um argumento aparecem escritos com “todas as letras”, podendo estar subentendidos. Cabe ao leitor, portanto, perceber quando isso ocorre e resgatar essas “partes” que compõem o argumento em sua totalidade.