O aperfeiçoamento do texto e a criação do título
Embora o trabalho de reescrita tenha ocorrido parágrafo a parágrafo, é preciso rever o texto como um todo quando ele estiver finalizado.
Atividades
- Disponibilize o texto redigido na etapa anterior para que a turma o releia e proponha os ajustes finais.
- Veja algumas perguntas que podem provocar a reflexão dos alunos sobre o que fizeram e incentivá-los a propor aperfeiçoamentos.
- Nós escrevemos uma crônica sobre o lugar onde vivemos?
- Ela tem chance de agradar a muitos de nossos colegas e familiares leitores?
- Falta alguma coisa? O quê?
- Depois de ouvir todos os alunos, você também pode e deve se manifestar: nesse trabalho de aprimoramento, sugira à turma a eliminação das redundâncias. Faça-os refletir mais uma vez e verificar se a coerência não está prejudicada, se o vocabulário utilizado é o mais apropriado, se o desfecho é interessante.
- Uma vez garantido o aprimoramento dessas questões, explique à turma que a pontuação é um aspecto do texto escrito que precisa ser cuidadosamente revisado, ou seja, que merece ser observado e aprimorado em uma releitura dedicada exclusivamente a isso. Antes, porém, introduza ou revise algumas regras básicas de pontuação, aproveitando para retomar e/ou aprofundar os conhecimentos linguísticos que precisam ser convocados para tratar da pontuação: noções básicas de morfologia e sintaxe, a metalinguagem gramatical necessária para falar sobre o assunto. Aproveite, portanto, a oportunidade para aprofundar essa prática de análise linguística no seu programa, desenvolvendo-a por meio da articulação dos conhecimentos linguísticos e demandas de prática de produção de textos. É interessante que as atividades sejam realizadas coletivamente, pois a troca de informações entre estudantes de uma mesma turma permite que aqueles que estão em estágio mais avançado do conhecimento auxiliem o processo de aprendizagem dos demais e o seu próprio, pois quem ensina sempre aprende.
- Também é importante ter em mente que uma forma produtiva de fazer isso é selecionar enunciados ou trechos de textos que apresentem o fenômeno de pontuação que se quer focalizar. Em seguida, convide a turma para observar e detectar o fenômeno nos enunciados, sem nomeá-lo ainda. O que se pretende com isso é dar um tratamento reflexivo ao ensino da pontuação, capaz de conduzir da observação dos fatos de linguagem à generalização e à paulatina construção do conhecimento linguístico. Assim, vá induzindo a turma, por meio de perguntas, a perceber as regularidades presentes nos enunciados selecionados, a generalizar uma regra de pontuação e depois nomeá-la.
- Para tanto, projete alguns enunciados retirados de crônicas produzidas por estudantes, e peça que os alunos os leiam. Esses enunciados estão separados em três grupos. Trabalhe primeiro com os enunciados dos Grupos I e II.
- Peça primeiro que todos os enunciados sejam lidos em voz alta na tentativa de levar os alunos a perceberem que, nos do Grupo I, as vírgulas ajudam o leitor a entender o sentido do texto escrito e sinalizam um bom ritmo para a leitura, enquanto o mesmo não ocorre nos enunciados do Grupo II.
- Em seguida, peça aos alunos que apontem as expressões que a vírgula isola nos trechos do Grupo I, buscando perceber o que há de comum entre o tipo de ideia ou de conteúdo que as expressões isoladas transmitem. O que se pretende é levar os alunos a perceberem que, em todos os casos, as vírgulas isolam expressões que indicam circunstâncias de tempo, lugar e modo.
- Agora é o momento de colocar em jogo a metalinguagem gramatical perguntando a que classe de palavras pertencem aquelas que indicam circunstâncias de lugar, tempo, modo, intensidade: são os advérbios (e as locuções adverbiais).
- O próximo questionamento será feito trabalhando com os enunciados do Grupo III.
- Nesses enunciados, há advérbios, mas eles não precisam vir isolados por vírgulas. Por que razão? Conduza a turma a perceber que as vírgulas só são obrigatórias quando a locução adverbial é longa, composta de três palavras ou mais; nos demais casos, a vírgula é optativa, pois serviria apenas para enfatizar, destacar uma circunstância de lugar, tempo ou modo especialmente importante para a história que se conta na crônica.
- Peça, então, que os grupos escrevam, a seu modo, a regra de uso de vírgula para isolar advérbios e locuções adverbais que foi possível descobrir observando os enunciados dos três grupos.
- Depois, peça que criem um novo enunciado em que seja necessário usar a vírgula pelo mesmo motivo, ou seja, aplicando a mesma regra.
- Leve-os a observar que, no Grupo II, no enunciado “h”, há um ponto e vírgula; considerando que o ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula, pergunte se eles acham que aquele uso é adequado. Por quê? De fato, o uso do ponto e vírgula ali é desnecessário.
- Agora, peça que os grupos reescrevam os enunciados do Grupo II, usando a vírgula, segundo a regra que descobriram.
- Por último, peça que os alunos releiam a crônica que escreveram coletivamente para revisar o uso da vírgula e do ponto e vírgula em locuções adverbais que indicam tempo, espaço e modo, o que deve ocorrer bastante neste gênero de texto.
- Conforme fazem isso coletivamente, peça para observarem se todas as vezes que a vírgula foi usada na crônica coletiva foi para seguir a mesma regra que eles acabaram de formular; peça também para apontarem casos em que a necessidade da vírgula foi determinada por outro motivo. Use, então, o mesmo procedimento reflexivo para levá-los a deduzir regras de uso da vírgula em outras situações.
- Para fazê-los ver que as vírgulas nunca podem separar os termos essenciais da oração – o sujeito do verbo e o verbo do seu objeto – forneça exemplos para que eles deduzam que qualquer estrutura que se “intrometa” entre os termos essenciais da oração – como as locuções adverbais – deve vir isolada por vírgulas. Veja:
- Para ter mais ideias de atividades sobre pontuação, você pode:
Enunciados do Grupo I
a. Do lado de lá da rua, tinha um homem parado.
b. Em uma tarde incrível de sol, eu e meus colegas estávamos
jogando futebol.
c. De noite, às vezes, na cama, ela chorava.
d. Por sorte, eu não tinha me perdido.
e. Fiz, com muita dor no coração, o que ela me pediu.
Enunciados do Grupo II
f. A cidade, tinha sido embelezada para o Natal.
g. Eu cheio de imaginação ousei sonhar acordado
h. Na rua desse bairro de Curitiba; percebi na calçada uma moça
olhando para o chão.
i. No ano passado eu não sabia que ia conhecer, essa cidade.
j. Por uma coincidência eu olhei para o lado e vi um banco vazio.
Enunciados do Grupo III
k. Ontem não havia chovido
l. Lentamente ele olhou para mim
m. Agora já não adiantava mais.
O rapaz, naquele momento, olhou, muito emocionado, para ela.
- inspirar-se em duas obras de Celso Pedro Luft:
- consultar o Acordo Ortográfico – Portal Brasil.
- pesquisar no Guia Prático da Nova Ortografia – Saiba o que mudou na ortografia brasileira.
- analisar a Reforma ortográfica: hífen – prefixação
- assistir ao Programa Ao Pé da Letra – Pontuação, da TV Escola.
- Finalmente, depois de revisada a crônica coletiva, escolha junto com os alunos o título da crônica. Faça um “toró de ideias” que permita aflorar a maior quantidade de títulos sugestivos e motivadores. Depois é só pedir aos alunos que “peneirem” as sugestões, até chegar ao definitivo, que pode ser uma combinação de várias propostas.
A vírgula. São Paulo: Ática, 1996.
Novo guia ortográfico. São Paulo: Globo, 2013.