O aperfeiçoamento do texto e a criação do título

Embora o trabalho de reescrita tenha ocorrido parágrafo a parágrafo, é preciso rever o texto como um todo quando ele estiver finalizado.

Atividades

  1. Disponibilize o texto redigido na etapa anterior para que a turma o releia e proponha os ajustes finais.
  2. Veja algumas perguntas que podem provocar a reflexão dos alunos sobre o que fizeram e incentivá-los a propor aperfeiçoamentos.
    • Nós escrevemos uma crônica sobre o lugar onde vivemos?
    • Ela tem chance de agradar a muitos de nossos colegas e familiares leitores?
    • Falta alguma coisa? O quê?
  3. Depois de ouvir todos os alunos, você também pode e deve se manifestar: nesse trabalho de aprimoramento, sugira à turma a eliminação das redundâncias. Faça-os refletir mais uma vez e verificar se a coerência não está prejudicada, se o vocabulário utilizado é o mais apropriado, se o desfecho é interessante.
  4. Uma vez garantido o aprimoramento dessas questões, explique à turma que a pontuação é um aspecto do texto escrito que precisa ser cuidadosamente revisado, ou seja, que merece ser observado e aprimorado em uma releitura dedicada exclusivamente a isso. Antes, porém, introduza ou revise algumas regras básicas de pontuação, aproveitando para retomar e/ou aprofundar os conhecimentos linguísticos que precisam ser convocados para tratar da pontuação: noções básicas de morfologia e sintaxe, a metalinguagem gramatical necessária para falar sobre o assunto. Aproveite, portanto, a oportunidade para aprofundar essa prática de análise linguística no seu programa, desenvolvendo-a por meio da articulação dos conhecimentos linguísticos e demandas de prática de produção de textos. É interessante que as atividades sejam realizadas coletivamente, pois a troca de informações entre estudantes de uma mesma turma permite que aqueles que estão em estágio mais avançado do conhecimento auxiliem o processo de aprendizagem dos demais e o seu próprio, pois quem ensina sempre aprende.
  5. Também é importante ter em mente que uma forma produtiva de fazer isso é selecionar enunciados ou trechos de textos que apresentem o fenômeno de pontuação que se quer focalizar. Em seguida, convide a turma para observar e detectar o fenômeno nos enunciados, sem nomeá-lo ainda. O que se pretende com isso é dar um tratamento reflexivo ao ensino da pontuação, capaz de conduzir da observação dos fatos de linguagem à generalização e à paulatina construção do conhecimento linguístico. Assim, vá induzindo a turma, por meio de perguntas, a perceber as regularidades presentes nos enunciados selecionados, a generalizar uma regra de pontuação e depois nomeá-la.
  6. Para tanto, projete alguns enunciados retirados de crônicas produzidas por estudantes, e peça que os alunos os leiam. Esses enunciados estão separados em três grupos. Trabalhe primeiro com os enunciados dos Grupos I e II.
  7. Enunciados do Grupo I

    a. Do lado de lá da rua, tinha um homem parado.
    b. Em uma tarde incrível de sol, eu e meus colegas estávamos
    jogando futebol.
    c. De noite, às vezes, na cama, ela chorava.
    d. Por sorte, eu não tinha me perdido.
    e. Fiz, com muita dor no coração, o que ela me pediu.

    Enunciados do Grupo II

    f. A cidade, tinha sido embelezada para o Natal.
    g. Eu cheio de imaginação ousei sonhar acordado
    h. Na rua desse bairro de Curitiba; percebi na calçada uma moça
    olhando para o chão.
    i. No ano passado eu não sabia que ia conhecer, essa cidade.
    j. Por uma coincidência eu olhei para o lado e vi um banco vazio.

  8. Peça primeiro que todos os enunciados sejam lidos em voz alta na tentativa de levar os alunos a perceberem que, nos do Grupo I, as vírgulas ajudam o leitor a entender o sentido do texto escrito e sinalizam um bom ritmo para a leitura, enquanto o mesmo não ocorre nos enunciados do Grupo II.
  9. Em seguida, peça aos alunos que apontem as expressões que a vírgula isola nos trechos do Grupo I, buscando perceber o que há de comum entre o tipo de ideia ou de conteúdo que as expressões isoladas transmitem. O que se pretende é levar os alunos a perceberem que, em todos os casos, as vírgulas isolam expressões que indicam circunstâncias de tempo, lugar e modo.
  10. Agora é o momento de colocar em jogo a metalinguagem gramatical perguntando a que classe de palavras pertencem aquelas que indicam circunstâncias de lugar, tempo, modo, intensidade: são os advérbios (e as locuções adverbiais).
  11. O próximo questionamento será feito trabalhando com os enunciados do Grupo III.
  12. Enunciados do Grupo III

    k. Ontem não havia chovido
    l. Lentamente ele olhou para mim
    m. Agora já não adiantava mais.

  13. Nesses enunciados, há advérbios, mas eles não precisam vir isolados por vírgulas. Por que razão? Conduza a turma a perceber que as vírgulas só são obrigatórias quando a locução adverbial é longa, composta de três palavras ou mais; nos demais casos, a vírgula é optativa, pois serviria apenas para enfatizar, destacar uma circunstância de lugar, tempo ou modo especialmente importante para a história que se conta na crônica.
  14. Peça, então, que os grupos escrevam, a seu modo, a regra de uso de vírgula para isolar advérbios e locuções adverbais que foi possível descobrir observando os enunciados dos três grupos.
  15. Depois, peça que criem um novo enunciado em que seja necessário usar a vírgula pelo mesmo motivo, ou seja, aplicando a mesma regra.
  16. Leve-os a observar que, no Grupo II, no enunciado “h”, há um ponto e vírgula; considerando que o ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula, pergunte se eles acham que aquele uso é adequado. Por quê? De fato, o uso do ponto e vírgula ali é desnecessário.
  17. Agora, peça que os grupos reescrevam os enunciados do Grupo II, usando a vírgula, segundo a regra que descobriram.
  18. Por último, peça que os alunos releiam a crônica que escreveram coletivamente para revisar o uso da vírgula e do ponto e vírgula em locuções adverbais que indicam tempo, espaço e modo, o que deve ocorrer bastante neste gênero de texto.
  19. Conforme fazem isso coletivamente, peça para observarem se todas as vezes que a vírgula foi usada na crônica coletiva foi para seguir a mesma regra que eles acabaram de formular; peça também para apontarem casos em que a necessidade da vírgula foi determinada por outro motivo. Use, então, o mesmo procedimento reflexivo para levá-los a deduzir regras de uso da vírgula em outras situações.
  20. Para fazê-los ver que as vírgulas nunca podem separar os termos essenciais da oração – o sujeito do verbo e o verbo do seu objeto – forneça exemplos para que eles deduzam que qualquer estrutura que se “intrometa” entre os termos essenciais da oração – como as locuções adverbais – deve vir isolada por vírgulas. Veja:
  21. O rapaz, naquele momento, olhou, muito emocionado, para ela.

  22. Para ter mais ideias de atividades sobre pontuação, você pode: