Oficina 9

Etapa 2

Qual é seu estilo?

(45 minutos)

  • Use a Coletânea e, se possível, um buscador da internet para selecionar e fazer cópias de seis artigos de opinião diferentes. Antes disso, omita os nomes das(os) autoras(es). Pelo menos dois deles, precisam ter sido escritos pela(o) mesma(o) autora(or). Uma possibilidade é usar um texto ainda não analisado de Leonardo Sakamoto, uma vez que as(os) alunas(os) já foram apresentadas(os) ao autor.
  • Entregue uma cópia a cada aluna(o) e explique que deverão trabalhar em grupo, com a classe toda, como espécies de “detetives do texto”. Conte que dois dos artigos foram escritos pela mesma pessoa e desafie as(os) estudantes a descobrir quais são.
  • Depois que o grupo chegar a uma conclusão, solicite que mostrem as pistas que encontraram para atribuir os artigos à mesma pessoa e verifique se as hipóteses se confirmam, ou seja, se acertaram a resposta. Caso os artigos sejam de Sakamoto, como sugerido, há alguns indícios de autoria, como certa informalidade e até tom de humor, o diálogo com o leitor (Você faz papel de idiota nas redes sociais?), a subversão da estrutura mais convencional dos artigos (caso do teste, no mesmo artigo sobre redes sociais).
  • Conte que esta é uma das características dos textos opinativos e das(os) articulistas mais afiadas(os): tal qual na literatura, seu modo de escrever é reconhecível e original, como se fosse uma espécie de impressão digital. Então, as(os) leitoras(es) que acompanham as publicações podem aderir não apenas às ideias expostas, mas à maneira como a(o) autora(or) maneja a língua no texto.
  • Volte ao texto da oficina anterior, Dicionário dos arraianos: Está certo, ou tá errado? Pergunte à turma se acreditam que Maria Fernanda tem uma maneira própria de escrever e o que evidencia isso. Ressalte os recursos linguísticos discutidos na oficina anterior, como a seleção de vocabulário, o uso cuidadoso da experiência pessoal (quando ela diz que estuda em outra cidade e que é diretamente impactada pelo preconceito, por exemplo) e referência a especialistas ligados ao tema. Estes são elementos que contribuem para que a estudante trilhe um caminho autoral.

JANELA TEÓRICA

Criatividade e individualidade linguística

O sucesso da missão de introduzir o aluno na língua viva e criativa do povo exige, é claro, uma grande quantidade e diversidade de formas e métodos de trabalho. […] Resta ao professor ajudar nesse processo de nascimento da individualidade linguística do aluno por meio de uma orientação flexível e cuidadosa.

Trecho do livro Questões de estilística no ensino da língua, de Mikhail Bakhtin. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo (Editora 34, 2013, p. 7)