X
Talvez um dos grandes desafios encontrados pela turma na oficina anterior tenha sido o de iniciar o texto. Para apoiar a classe a vencer esse desafio, sugerimos as atividades abaixo.
Na sala tinha um daqueles jardins suspensos de prédio chique, admirado pelo motoboy quando ia entregar documentos. Pessoal maneiro trabalhava ali, arquitetos e urbanistas descolados.
Absorto, ele mirava o jardim quando ouviu um barulho seco vindo do janelão de vidro, mas não conseguiu perceber o acontecido. Na saída do prédio viu um passarinho estatelado na calçada. Compreendeu tudo. Inconformado, foi até lá e moveu o bichinho para os lados, mexeu no bico, ameaçou uma massagem cardíaca com o fura-bolo e o pai-de-todos, mas o coitado não respirava mais.
O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro atrás da casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor e morreu há muito tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude.
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.