Oficina 7

Etapa 1

Habilidades para iniciar uma crônica

Talvez um dos grandes desafios encontrados pela turma na oficina anterior tenha sido o de iniciar o texto. Para apoiar a classe a vencer esse desafio, sugerimos as atividades abaixo.

Atividades

  1. Para exercitar a escrita do começo de crônicas, peça que a turma dê continuidade ao texto de cronistas consagradas(os). Mostre apenas o início de algumas crônicas já publicadas. Peça que se coloquem no lugar da(o) cronista e completem, de forma coerente, o texto iniciado por ela(e). Para tanto sugerimos abaixo os parágrafos de abertura de três crônicas, que estão disponíveis na íntegra na coletânea deste Caderno.

A janela e o passarinho

Cidinha da Silva

Na sala tinha um daqueles jardins suspensos de prédio chique, admirado pelo motoboy quando ia entregar documentos. Pessoal maneiro trabalhava ali, arquitetos e urbanistas descolados.

Absorto, ele mirava o jardim quando ouviu um barulho seco vindo do janelão de vidro, mas não conseguiu perceber o acontecido. Na saída do prédio viu um passarinho estatelado na calçada. Compreendeu tudo. Inconformado, foi até lá e moveu o bichinho para os lados, mexeu no bico, ameaçou uma massagem cardíaca com o fura-bolo e o pai-de-todos, mas o coitado não respirava mais.

In: O homem azul do deserto. Rio de Janeiro: Malê, 2018.

O cajueiro

Rubem Braga

O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro atrás da casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.

Eu me lembro do outro cajueiro que era menor e morreu há muito tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude.

In: Cem crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1956.

A bola

Luis Fernando Verissimo

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.

In: Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
  1. Depois que as(os) alunas(os) completarem esses textos você pode projetá-los na íntegra, e retomar as marcas próprias da crônica e os recursos linguísticos utilizados pela autora ou autor.
  2. Feito isso, proponha que identifiquem e anotem as semelhanças ou diferenças entre o que elas(es) escreveram e as crônicas disponibilizadas.
  3. Para apresentar os autores e a autora trabalhados nesta etapa, sugerimos os seguintes materiais:
  1. Cidinha da Silva
  2. Rubem Braga
  3. Luis Fernando Veríssimo