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É possível que nas oficinas anteriores você tenha percebido que algumas pessoas da turma ainda têm sérias dificuldades com foco narrativo. Nesta oficina você vai poder ajudá-las.
A) “Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando era garoto. Outra coisa: acabo de procurar no dicionário, pela primeira vez, o significado da palavra “gude”. Quando era garoto nunca pensei nisso, eu sabia o que era gude, gude era gude…”
Luis Fernando Verissimo. Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
B) Vivi gostava de aula de história, mas para guardar data era uma tristeza. A professora:
— Dom Pedro proclamou a Independência em 1822.
Daí a um minuto perguntava:
— Em que ano foi a Independência do Brasil?
Vivi não sabia.
A prima, Isabel, lhe contou como foi o Descobrimento do Brasil:
— Isso aqui era coberto por uma lona enorme, de circo. Pedro Álvares chamou os filhos, cada um pegasse numa ponta. Contou: um, dois, três… Já! Levantaram ao mesmo tempo. Estava descoberto o Brasil.
Joel Rufino dos Santos. Crônicas para ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
“Naquele dia um calafrio me madrugou. Os ponteiros luminosos do despertador em silêncio marcavam exatamente 5 horas. Coloco meus pés para fora da rede, visto um casaco, saio do quarto e, no corredor, o calafrio foi ficando ainda mais frio, arrepiando todos os pelos do meu corpo.
Fui até a cozinha, preparei um copo de achocolatado bem quentinho. Antes de tomá-lo, abri a porta de saída para o quintal, sentei no batente e por segundos aspirei o cheiro da fumaça que saía do copo, olhando para a imensidão das posses do meu vizinho dos fundos, o Rio Amazonas. E apesar do achocolatado quentinho e do calor amazônico de sempre, o calafrio continuava comigo.”
Yanca Fragata dos Santos, vencedora da 5ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa. “O amanhecer (num dia ‘inqualquer’)”