O artigo de opinião e as tecnologias digitais

(90 minutos)

• Pergunte à turma se sabem o que é um “textão”, no contexto da escrita na internet. Se considerar necessário, apresente a definição presente no Dicionário Online de Português e peça que a turma procure, na internet, exemplos de “textões” de figuras públicas.

• Provoque-os a pensar, com base nos estudos feitos até aqui, se o “textão” é uma versão, na era da comunicação digital, dos artigos de opinião e se conseguem pensar em transformações desse gênero que nasceu na página dos jornais impressos. Há argumentos para justificar diferentes pontos de vista. Se o “textão” trata de uma polêmica de interesse público e apresenta argumentos para sustentar uma tese, podemos aproximá-lo de um artigo de opinião. Mas e quando trata de assuntos pessoais ou de fofocas envolvendo celebridades? Oriente-as(os) a dar exemplos com base nas pesquisas realizadas.
• Evidencie que a resposta à pergunta sobre o “textão” não é tão simples, porque é impossível limitar e identificar todos os gêneros textuais, já que estes surgem continuamente em razão das demandas humanas. Outro exemplo passível de discussão são os “fios” da rede social X (antigo Twitter), em que as(os) usuárias(os) registram e disseminam suas opiniões em uma série de pequenos textos conectados na plataforma e em que são visíveis as interações e os debates em torno de temas polêmicos.
• Além disso, a ampliação do acesso à internet vem promovendo grandes transformações no campo midiático e da opinião pública, ao qual pertence o artigo de opinião, de modo que a análise, a classificação e a nomeação podem ser tarefas complexas e rendem debates entre especialistas.
• Explique à turma que não vão se debruçar sobre os “textões”, mas farão comparações entre artigos publicados no jornal impresso e em veículos on-line. Com antecedência, separe alguns exemplos e recorte a página do veículo em que foram publicados (o que há no entorno do texto também importa). Escolha também alguns artigos de opinião presentes em jornais on-line. Podem até ser escolhidos os mesmos artigos em duas plataformas diferentes.
• Organize a sala em grupos de até quatro participantes e solicite que façam uma análise dos artigos disponíveis nos meios impresso e virtual (projete os textos ou use a sala de tecnologia da escola, se houver possibilidade) com o apoio do material a seguir:

• Após as discussões nos grupos, organize a apresentação oral das análises para checar a que conclusões as(os) estudantes chegaram. Há aspectos importantes a serem ressaltados. O primeiro é o espaço que o texto ocupa. No impresso, ele é limitado em razão do número de páginas ou cadernos que o jornal têm, portanto, em razão dos outros conteúdos, costuma ser breve. Já no on-line, não há espaço pré-determinado, embora a dinâmica de leitura e de instantaneidade que busca o clique e a atenção da(o) leitora(or), mesmo que por alguns segundos, esteja levando à produção de textos mais enxutos.

• Enfatize também como no on-line há mais espaço para interações e para uma organização dinâmica do conteúdo. Enquanto o impresso é estático (ainda que o artigo esteja em uma página com outros textos que discutem temas relacionados), o on-line mostra conteúdo (vídeo, fotos, áudios etc.) variado e que seriam do interesse de quem leu aquele artigo. Assim, o público entra em um ciclo infinito de cliques, já que sempre haverá algum conteúdo relacionado ao anterior à disposição. Há também de se observar a interação direta com a(o) leitora(or) por meio dos comentários que ficam ao final da página.
• Conclua esta etapa evidenciando que o gênero permanece, com características estáveis, tal como propõem as teorias já estudadas. Porém, há transformações constantes provocadas pelas tecnologias digitais que mudam a lógica da escolha, da leitura e da interação entre leitoras(es), articulistas e veículos. Ainda, é possível retomar a Etapa que discute liberdade de expressão para constatar que a internet possibilitou, em tese, que mais gente – de diferentes grupos sociais – pudesse manifestar suas opiniões e não apenas os articulistas profissionais contratados pelos jornais.
• Entretanto, ter um espaço significativo, ser ouvida(o) em um contexto de “infodemia”, ou seja, de excesso de informação, é tarefa cada vez mais complexa, sobretudo, em razão dos algoritmos, que não trabalham de modo imparcial, mas em função dos objetivos das corporações que lideram redes sociais.