Oficina 6

Etapa 1

Cartografia: mapas críticos

(180 minutos)

  • Agora que a turma já se aprofundou na função social do artigo de opinião e na forma composicional do gênero, explique que escolherão um tema para elaborar a primeira escrita de um artigo autoral.
  • Para isso, instigue a turma a fazer uma cartografia crítica do território. Organize com antecedência uma saída a pé pelos arredores da escola. Com a participação das(os) alunas(os), determine um tempo e um roteiro para a caminhada. Antes de sair, oriente-as(os) a treinar o olhar para enxergar aquela paisagem conhecida com novos óculos: Que relações e sentimentos têm em relação ao território? Quais experiências vivenciaram ali? Onde se escondem temas que podem pautar artigos de opinião? Que questões polêmicas estão presentes na comunidade? Quais são mais visíveis e quais, apesar de importantes, parecem não receber tanta atenção?
  • Durante a caminhada, oriente-as(os) a levar material para anotações, pois devem registrar as pautas que identificaram, conversas que tiveram na comunidade, frases ou reclamações que ouviram, novidades na paisagem que não tinham percebido e assim por diante (inspire-os com imagens de jornalistas com um bloquinho ou Guimarães Rosa e suas cadernetas de viagem pelo sertão). Se possível (em razão de condições socioeconômicas e de segurança), elas(es) devem fazer registros fotográficos da caminhada.
  • No encontro posterior à caminhada e com o apoio de docentes de Geografia, conceitue brevemente o que é cartografia e explique que farão um mapeamento crítico e afetivo do território em que vivem.

PALAVRA-CHAVE

Cartografia

A busca nos dicionários mostra que a cartografia é uma área científica que consiste em estudar e desenvolver técnicas para a representação de objetos, ambientes, fenômenos e dados. De modo geral, pode-se dizer que o produto desse trabalho são os mapas, em suas mais variadas formas. Entretanto, esse conceito vem se ampliando para contemplar a cartografia e os mapas não apenas como meio de disseminação do conhecimento, mas também de sua produção pelos diversos atores sociais.

  • Projete o mapa dos arredores da escola, identifique o trajeto percorrido na aula anterior e distribua folhas sem pauta em tamanho A3 ou A4.
  • Instrua-as(os) a desenhar um mapa do caminho percorrido, que não tem a obrigação de ser fiel à projeção. Há lugar para representações subjetivas. A atividade pode ser feita em grupos de até quatro estudantes que tenham vivências diferentes no território.

SAIBA MAIS

Milton Santos é um dos personagens da série “Cientistas do Brasil que você precisa conhecer”, do Nexo Jornal. A animação conta a trajetória do geógrafo e suas principais contribuições aos estudos sobre território.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=TRfYvIors78

  • Em seguida, peça que preencham o mapa com informações objetivas e subjetivas (veja o roteiro com orientações). Incentive a liberdade no registro: as(os) estudantes podem fazer desenhos, colocar letras de música, palavras-chave, manchetes de jornal, bem como usar canetas coloridas, fotografias e recortes de revista para expressar as observações e ideias que surgiram na caminhada.

Ingredientes para um mapa crítico-afetivo do território

  • Marcos geográficos da paisagem (o curso de um rio, praias, morros, floresta).
  • Marcos da presença humana na paisagem (templos religiosos, casas, comunidades, condomínios, prédios comerciais, barragens, viadutos).
  • Prédios públicos (Prefeitura, Câmara dos Vereadores, Unidade Básica de Saúde, Centro de Apoio Psicossocial, Fórum).
  • Pessoas de referência no território (mãe de santo, presidente da associação de moradores, professora(or), diretora(or) de escola).
  • Equipamentos culturais públicos ou não (quadra de esportes, biblioteca, piscina pública, espaços de bailes e festas, associação que oferece cursos pagos ou gratuitos).
  • Pontos de engajamento social (sede de sindicato, associação de trabalhadores, associação de bairro).
  • Centros de educação (escolas, universidades, unidades profissionalizantes).
  • Lugares mais frequentados pelas(os) autoras(es) do mapa e sentimentos ou sensações associados a eles.
  • Lugares que eram pouco notados, mas foram observados com mais atenção durante a caminhada investigativa.
  • Polêmicas e questões associadas ao território.
  • Quando os grupos finalizarem a confecção dos mapas, organize a sala em círculo. Peça que cada grupo se apresente e que cada estudante conte brevemente sobre sua relação com o território. Vivem na região? Se sim, há quanto tempo? Se não, onde vivem? Como chegam à escola? O que chama mais atenção no território? O que notaram na caminhada e gostariam de compartilhar com os demais.
  • Depois que todos os grupos se apresentarem, reflita sobre como a definição de território pode ir muito além da ideia de uma área delimitada. Para o geógrafo brasileiro Milton Santos, território é o que nos pertence, é o que foi transformado pela história e pela ação humana, é constituído pelas relações que tecemos ali e pelas experiências que vivemos. Assim, é um conceito complexo, permeado pelos nossos afetos, aqui compreendidos em sentido amplo, como os próprios mapas confeccionados durante a aula provavelmente manifestam.
  • Durante a aula ou como tarefa, solicite às(aos) alunas(os) que pensem em dois ou três temas, ligados ao território que observaram, sobre os quais gostariam de escrever artigos de opinião. Na próxima aula, haverá uma reunião de pauta, tal qual acontece nas redações jornalísticas.

SAIBA MAIS

Investigação cartográfica na educação integral

O especial do Cenpec discute a atualização do conceito de cartografia e, ainda, mostra como a educação pode se apropriar dela para ampliar as perspectivas sobre o território, promover pesquisas e contemplar a formação das(os) estudantes de maneira holística.

Acesse: https://www.cenpec.org.br/acervo/investigacao-cartografica-na-educacao-integral-2

Observatório de Territórios Saudáveis e Sustentáveis da Bocaina

Confira uma experiência prática de uso da cartografia social para fortalecer uma área de preservação ambiental com respeito aos saberes e fazeres das populações locais.

Acesse: https://www.otss.org.br/cartografia-social