Saltar para o conteúdo Saltar para o menu Saltar para o rodapé

sua prática / sala de professoras

Pergunte à Olímpia: “Pelo ensino da oralidade na escola”

Portal Escrevendo o futuro

01 de agosto de 2023

Pergunte à Olímpia: “Pelo ensino da oralidade na escola”

Pergunte à Olímpia: “Pelo ensino da oralidade na escola”

Professora Olímpia,

Dou aulas no Ensino Fundamental II e sempre quis saber mais sobre como ensinar gêneros orais e planejar atividades para trabalhar com debate em sala de aula. Você pode me ajudar?

Desde já, agradeço.

Maria Aparecida Silva

Cara professora Maria Aparecida,

Que alegria receber sua mensagem e, com ela, a possibilidade de conversar sobre um trabalho muito importante, por vezes relegado: o ensino de gêneros orais formais na escola.

Seu questionamento refere-se ao gênero debate, mas podemos “esticar a prosa” na direção de pensarmos um pouquinho no planejamento vinculado a todos os gêneros orais. Para tanto, trago a voz de Joaquim Dolz, renomado pesquisador da Universidade de Genebra que, recentemente, participou de uma videoconferência na Rede do Saber, em São Paulo (fruto da parceria entre o Programa Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, Itaú Social e SEESP). Nessa oportunidade, ressaltou que os gêneros orais devem ser tomados como objetos de aprendizagem na escola e que, para ensiná-los, os professores precisam construir modelos didáticos, tais quais os utilizados para os gêneros escritos.

O pesquisador acredita que o ensino de gêneros orais deve levar em consideração a existência de gêneros orais cotidianos e formais. Defende que os cotidianos são conhecidos pelos alunos e, portanto, torna-se menos importante ensiná-los. Já os gêneros orais formais, tais como debate regrado, apresentação e conto oral, devem ser confrontados com os já conhecidos, sendo eleitos para o ensino sistemático na escola.

Isso significa que, compondo o modelo didático para o gênero debate regrado, por exemplo, teremos de considerar a proposta de elaboração de uma sequência didática (SD), baseada no que os alunos sabem sobre o gênero e, segundo o autor, propondo uma análise coletiva das produções iniciais para, a partir dela, selecionar demandas e dificuldades/obstáculos que deverão ser contemplados e vencidos, no decorrer do trabalho em sala de aula.

Assim, elegendo a SD como modo de organização do ensino, você poderá realizar oficinas bem aderentes às necessidades da turma. No caso do gênero debate, fortemente marcado pela argumentação, vale planejar situações de observação e escuta atenta de diferentes debates em vídeo e áudio (para contrastar os efeitos na compreensão do oral com e sem imagem), apostar no trabalho de construção de argumentos e pesquisa, investindo também em questões polêmicas que tenham íntima relação com a vivência dos alunos.  

É fundamental pensarmos que esse ensino sistemático de gêneros orais traz consequências para o ensino da leitura e o uso da fala em gêneros informais. Afinal, toda situação de comunicação oral convoca um determinado modo de dizer e, ao ensinarmos esses gêneros, os alunos passam a ter maiores condições de regular a fala, de acordo com cada situação, assim como refletir de forma mais consistente sobre tudo que “está em jogo quando se fala”, ou seja, a voz, o ritmo, as entonações, as ênfases, os movimentos corporais, as expressões faciais, as pausas, a respiração, o olhar; enfim, todas as linguagens que compõem o dizer. 

Não posso terminar essa prosa sem antes anunciar o que Dolz, como uma provocação, intitulou “Os 10 mandamentos para o ensino da oralidade”, uma vez que estão reunidos os princípios do trabalho em sala de aula. Aqui, farei apenas a indicação de todos eles, mas sugiro uma análise mais aprofundada, em função do acesso à videoconferência abaixo indicada:

  1. Passagem da língua familiar e local à língua da escola. Considerar as variações e a necessidade de uma “língua padrão”;
  2. Considerar as línguas em presença para o desenvolvimento da linguagem dos alunos e não unicamente a língua portuguesa;
  3. Equipar a classe para permitir o desenvolvimento de atividades orais;
  4. Dispor de suportes (corpus orais, variedade de gêneros e documentos com variações regionae multimídia;
  5. Apresentar modelos de expressão oral;
  6. Verificar a compreensão;
  7. Diversificar as práticas de produção oral;
  8. Considerar as capacidades e as necessidades de linguagem dos alunos;
  9. Focalizar as atividades nos obstáculos da produção e compreensão;
  10. 1Regular as aprendizagens.

Agora, com os “10 mandamentos”, creio poder finalizar nossa conversa, convidando você e nossos leitores a apreciar diferentes sugestões:

Obrigada pelo envio de sua pergunta, sucesso e até já,

Olímpia

Acompanhe as novidades

Imagem de capa de Uma festa para os livros e para a leitura
educação e cultura

Uma festa para os livros e para a leitura

Feiras literárias valorizam a produção local e a diversidade de autorias, e promovem a leitura e a escrita, especialmente entre jovens.

formação leitora, livros, literatura, feiras literárias

Imagem de capa de Letramentos e as práticas de linguagem contemporâneas na escola
especiais

Letramentos e as práticas de linguagem contemporâneas na escola

Confira materiais para auxiliar professoras(es) no planejamento de aulas contemplando os diversos e múltiplos letramentos.

BNCC, letramentos, multimodalidade, multissemiose, práticas de linguagem contemporâneas, ensino e aprendizagem de língua portuguesa

Imagem de capa de A hora e a vez das biografias
sobre o Programa

A hora e a vez das biografias

Conheça o novo Caderno Docente com atividades sobre o gênero biografia

Imagem de capa de O que cabe no poema?
especiais

O que cabe no poema?

Confira o especial que reúne conteúdos diversos como planos de aula, sequências didáticas, artigos e entrevistas sobre o gênero textual poema.

produção de texto, planejamento docente, formação leitora, poesia, gênero textual, poema, literatura

Comentários


Ninguém comentou ainda, seja o primeiro!

Ver mais comentários

Deixe uma resposta

Olá, visitante. Para fazer comentários e respondê-los você precisa estar autenticado.

Clique aqui para se identificar
inicio do rodapé
Fale conosco Acompanhe nas redes

Acompanhe nas redes

Parceiros

Coordenação técnica

Iniciativa

Parceiros

Coordenação técnica

Iniciativa


Objeto Rodapé

Programa Escrevendo o Futuro
Cenpec - Rua Artur de Azevedo, 289, Cerqueira César, São Paulo/SP, CEP 05.404-010.
Telefone: (11) 2132-9000

Termos de uso e política de privacidade
Objeto Rodapé

Programa Escrevendo o Futuro
Cenpec - Rua Artur de Azevedo, 289, Cerqueira César, São Paulo/SP, CEP 05.404-010.
Telefone: (11) 2132-9000