Uma festa para os livros e para a leitura
formação leitora, literatura, livros, feiras literárias
Olá, professor e professora!
Meu nome é Olímpia e também sou educadora. Neste espaço, quero conversar com você sobre as práticas de ensino da leitura e da escrita. A cada mês, eu enfoco um novo tema em minhas colunas.
A proposta é que essa prosa virtual aconteça a partir das suas dúvidas, que podem ser deixadas no espaço reservado para comentários de cada texto. Lembre-se de incluir seu nome, cidade e UF, bem como seu contexto de trabalho, o ano escolar da sua turma, a dificuldade apresentada e, por fim, sua dúvida. Assim, terei mais elementos para sugerir possibilidades de trabalho.
A sua questão pode ser a minha, que já se torna nossa e de tantos outros(as) internautas conectados(as). É dessa forma que a construção do conhecimento em rede se estabelece!
Confira, abaixo, as colunas já escritas e aproveite para deixar sua dúvida! Ela pode ser o tema de minha próxima coluna!
Um abraço carinhoso, muito obrigada e até já,
Olímpia
Participamos de mais um evento formativo do Programa Escrevendo o Futuro, a live “Leitura e escrita: dimensões inseparáveis para a produção de textos”, que ocorreu no dia 22 de setembro, quinta-feira, às 17h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo pelo nosso canal do YouTube.
Com a participação da professora Márcia Mendonça (Unicamp), tivemos a oportunidade de apreciar modos de integração das práticas de leitura e de escrita, a partir de excertos de textos do gênero memórias literárias.
Esse passeio reflexivo contou com exemplos de produções textuais de autoras(es) consagradas(os) e de nossas(os)as estudantes, revelando formas de compreender o processo de produção escrita aliado ao exercício da autoria.
Para mobilizar nossa atenção em torno dessa temática, trago aqui dois pontos de reflexão evidenciados no Caderno Docente “Se bem me lembro...”. Afinal, todo investimento no trabalho com sequências didáticas parte da ideia de articulação entre práticas de linguagem (os eixos da BNCC) para o ensino de um gênero discursivo, não é mesmo?
O primeiro destaque vem da oficina 3 “Vamos combinar?”, que tem como objetivo levar estudantes a conhecer a situação de produção de textos de memórias literárias. Para tanto, é apresentado um fragmento do livro Nas ruas do Brás, de Drauzio Varella:
Memórias literárias – Trecho de Nas ruas do Brás
O pai do meu pai era pastor de ovelhas numa aldeia bem pequena, nas montanhas da Galícia, ao norte da Espanha. Antes de o dia clarear, ele abria o estábulo e saía com as ovelhas para o campo. Junto, seu amigo inseparável: um cachorrinho ensinado.
Numa noite de neve na aldeia, depois que os irmãos menores dormiram, meu avô sentou ao lado da mãe na luz quente do fogão a lenha:
– Mãe, eu quero ir para o Brasil, quero ser um homem de respeito, trabalhar e mandar dinheiro para a senhora criar os irmãos.
Ela fez o que pôde para convencê-lo a ficar. Pediu que esperasse um pouco mais, era ainda um menino, mas ele estava determinado:
– Não vou pastorear ovelhas até morrer, como fez o pai.
Mais tarde, como em outras noites de frio, a mãe foi pôr uma garrafa de água quente entre as cobertas para esquentar a cama dele:
– Doze anos, meu filho, quase um homem. Você tem razão, a Espanha pouco pode nos dar. Vá para o Brasil, terra nova, cheia de oportunidades. E trabalhe duro, siga o exemplo do seu pai.
Meu avô viu os olhos de sua mãe brilharem como líquido. Desde a morte do marido, era a primeira vez que chorava diante de um filho.
Drauzio VARELLA. Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia das letrinhas, 2000, p. 5.
Coleção Memória e História.
A leitura atenta desse trecho, somada a informações sobre o bairro do Brás (conhecido por ter recebido um grande número de imigrantes na cidade de São Paulo) e as vivências da infância do autor, em meio a histórias da juventude de seu avô, levará a turma à troca de impressões sobre o que sentiram e imaginaram ao escutar o texto, o que mais chamou a atenção de cada estudante e, ainda, o que o autor conta, favorecendo a exploração da situação de produção do texto.
Nesse sentido, a prática da leitura/escuta será a “porta de entrada” para reflexões em torno da produção textual de memórias literárias, promovendo a condição de as(os) estudantes identificarem características próprias do gênero.
Na mesma direção, o segundo ponto de destaque vem da oficina 9 “Na memória de todos nós”, na qual o objetivo é analisar marcas linguísticas que contribuem para a articulação e a progressão textual. Aqui, outros fragmentos de textos são convocados para a experiência da leitura/escuta, de modo a iluminar elementos que colaboram no processo autoral de elaboração escrita.
Partindo de excertos de obras dos autores Manoel de Barros (“ O lavador de pedra”) e João Ubaldo Ribeiro (“Memória de livros II”), as atividades da oficina caminham na perspectiva de revelar efeitos de sentido criados pelos aspectos linguísticos utilizados por cada autor em seu texto. Assim, recursos como figuras de linguagem, expressões características de uma região ou mesmo expressões típicas da oralidade informal são empregadas na escrita de memórias literárias e colaboram, de forma decisiva, para a produção textual permeada por marcas de autoria, como revelam os quadros a seguir:
Novamente, na oficina 9, a articulação de práticas de linguagem potencializa a condição de reflexão e de análise da turma, com vistas a favorecer a produção escrita de forma aderente às características do gênero memórias literárias.
É claro que a reflexão aqui anunciada revela apenas um “início de conversa” sobre as relações entre leitura e escrita no processo de elaboração textual. Daí a relevância e a pertinência de podermos “ampliar a prosa”, contando com a voz competente da professora Márcia Mendonça.
Então, pra terminar, compartilho o mural com perguntas deixadas por professoras(es), sendo que algumas delas foram respondidas durante a live.
Um abraço carinhoso, obrigada e até já,
Olímpia
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Letramentos e as práticas de linguagem contemporâneas na escola
ensino e aprendizagem de língua portuguesa, multissemiose, práticas de linguagem contemporâneas, letramentos, BNCC, multimodalidade
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