Público-alvo
Estudantes do Ensino Fundamental – 8º e 9º anos
Existe uma complexidade transversal na sociedade brasileira no que diz respeito à comunidade LGBTQIAPN+ e há fatos que reforçam essa afirmação. Somos o país que mais mata pessoas LGBTs no mundo e, ainda assim, acontece no centro da cidade mais cosmopolita do Brasil, a maior parada do orgulho LGBT do mundo, que reúne milhões de pessoas em um ato político de resistência que colore a Avenida Paulista. Somos o país que mais mata travestis e transexuais, liderando por anos a fio o ranking de assassinatos, porém, nas últimas eleições de 2020, elegemos mais de 80 deputados(as) com candidaturas relacionadas às pautas da comunidade do arco-íris, com um aumento exponencial das candidaturas trans. O que isso significa? Que mesmo não tendo as respostas de todas as necessidades e demandas de uma comunidade múltipla e diversa, precisamos trazer para a roda e dialogar sobre questões que permeiam o campo dos gêneros e das sexualidades (uma ampla área de estudo das ciências humanas em todo mundo) e entender que estes contextos estão em nossa sociedade, e são também de esferas sociais, raciais e estruturais.
O dia do orgulho LGBTQIAPN+, comemorado em 28 de junho, celebra um episódio conhecido como Stonewall Inn, que foi uma resistência a uma série de ataques da polícia de Nova York à comunidade que se divertia e convivia nos bares nesta região. Esse ato aconteceu em 1969 e podemos dizer que desde então os caminhos da comunidade LGBT aparecem protagonizados pelos homens gays, o que significa um grande apagamento das pessoas trans e racializadas. Se por um lado o movimento de igualdade civil dos direitos humanos é um marco zero para o nascimento de um movimento LGBTQIAPN+, por outro este aborda uma narrativa que foi construída até hoje de marginalidade e desafios.
Para os professores e professoras que possam estar com certo receio da reação dos(as) estudantes e da comunidade de ensino em relação ao tema sugerido, nós sabemos que muitas vezes esses(as) alunos(as), mesmo jovens, também estão inseridos(as) em contextos que os contaminam com o olhar LGBTfóbico de seus pais e familiares. É por esse mesmo motivo que nós, educadores e educadoras, devemos tentar quebrar estereótipos e produzir novos imaginários que possam aumentar a perspectiva crítica dos alunos e alunas e diminuir a LGBTQIAPN+fobia no Brasil, assim como o sofrimento de jovens que divergem da normatividade e que podem, inclusive, estar sentados(as) na sua sala de aula.
Cópias impressas do poema “Eu existo”, de Luan Bressanini, caderno individual para registro das atividades, materiais para a escrita, como canetas, lápis, borracha, etc. Para a realização do sarau e da nuvem de palavras, também podemos utilizar cartolina e fitas coloridas para a confecção de cartazes, além de barbantes e pregadores para montar um varal com os poemas escritos ou escolhidos pela turma.
Competências Específicas de Língua Portuguesa:
Práticas de linguagem / Objetos do conhecimento:
Objetos de conhecimento:
Habilidades (clique ou passe o cursor do mouse sobre os códigos das habilidades para ler suas descrições):
EF69LP46 Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs. EF69LP49 Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor. EF89LP33 Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
Objetos de conhecimento:
Habilidade (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidade para ler sua descrição):
EF69LP51Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.
Objetos do conhecimento:
Habilidade (clique ou passe o cursor do mouse sobre o código da habilidade para ler sua descrição):
EF69LP54Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.
Apresentar aos alunos e às alunas a existência da produção literária LGBTQIAPN+ e instigar processos de visibilidade e sensibilização para as questões que envolvem as vivências dessa comunidade.
Eu existo
Eu existo
Ossos, troncos
Tecidos, pele,
Artérias e batimentos.
Alma, vida.
Sentimentos que jorram
Lavando esse corpo
Água vermelha, ponto, cicatriz
Enfim se liberta,
Calmaria, conforto.
Um corpo que se encontra em si enfim.
Pelos de grama vindos do vento
numa tarde de outono renovando as folhas.
Artérias que se regulam depois da ressaca.
Quanto tempo você esperou?
Enfim a alma respira, a vida
se renova e se fortalece.
Um passo no olho no furacão,
em que a esperança é um índice
de 35 anos.
Eu sou a resistência.
Transcender a alma, elevar a força,
dar resistência ao corpo, um espírito
que não se deixa levar no mar morto
chamado sociedade.
Eu luto!
Eu sobrevivo!
Eu resisto!
Eu existo!
Sou parte de um mundo não mais escondido.
Referência: Luan Bressanini. Antologia Trans – 30 poetas trans, travestis e não binários
Roteiro de atividades
Objetivo:
Atividades:
1. Apresentação das temáticas que serão abordadas nas próximas aulas
Converse com a turma que nesta e nas próximas aulas serão apresentadas questões sobre as vivências da comunidade LGBTQIA+ a partir da leitura de um poema escrito por um autor trans. É desejável que professoras e professores apresentem o panorama de violência que aflige especialmente a população travesti e transexual no Brasil, ressaltando a importância de contemplar as produções culturais e artísticas vindas dessa comunidade para construir novos imaginários, espaços e esferas de reconhecimento para os corpos que divergem da normatividade.
Caso ache necessário, no decorrer desta primeira aula, escreva no quadro a sigla LGBTQIA+ e passe letra a letra discutindo com a turma seus significados. Não é necessário que se entenda com profundidade a complexidade de todas as identidades, mas que as perguntas e os processos estejam abertos para a discussão.
Uma questão que pode aparecer vinda de estudantes é o significado de LGBTQIA+. Deixo aqui referências de site e vídeos que podem ajudar o professor ou professora no entendimento da sigla:
a. O que significa a sigla LGBTQIA+?
b. Rita em 5 Minutos: LGBTQIA+, do canal Tempero Drag:
c. LGBTQIA+: Parte II, do canal Tempero Drag:
2. Leitura do poema Eu existo
Após essa primeira introdução, distribua folhas com o poema que será estudado ou projete de modo que a turma toda consiga ler.
Lembre-se de que é importante apresentar o contexto de produção do texto antes da leitura do poema. O texto que iremos utilizar é “Eu existo”,de Luan Bressanini, publicado no livro Antologia Trans – 30 poetas trans, travestis e não binários, pela editora Invisíveis Produções, em 2017. O livro mergulha em narrativas múltiplas da vivência de pessoas trans, travestis e não binárias. É necessário ressaltar a importância desse livro que possibilita expandir vozes que foram apagadas e silenciadas por muito tempo. Talvez em outro período histórico não fosse possível a existência dessa publicação, pois o preconceito era ainda maior e a diversidade não era reconhecida como um ponto de vista importante nas artes.
Para saber mais sobre a Antologia Trans – 30 poetas trans, travestis e não binários: LITERATURA: As Muitas Dimensões Humanas Da "Antologia Trans"
Faça uma leitura do poema para a turma. Leia algumas vezes até que sinta que ele reverbera no espaço. Se for o caso, convide alunos e alunas para compartilharem a leitura e se revezarem na declamação dos versos. Essa leitura pode ser feita em roda, o que pode favorecer a participação e interação entre os(as) estudantes e estimular um contato mais próximo com o texto.
Em seguida faça algumas perguntas motivadoras para iniciar a análise do poema, que vão servir de guia para que se abra um diálogo e se introduza a experiências LGBTQIAP+. Reforce que não existe resposta errada, o conhecimento prévio deles(as) sobre o tema é importante para o desenvolvimento das atividades.
Por que o título do poema é “Eu existo”?
Que imagens o poema lhe trouxe?
Como você imagina o autor do poema?
Sobre o que se trata o poema?
Que verso você acha que resume a vivência LGBTQIA+?
Peça aos(às) alunos(as) que registrem em seus cadernos como responderiam a essas perguntas e demais interpretações, percepções suas ou de colegas, imagens e palavras que tenham chamado a atenção. Essas anotações “livres” poderão servir de matéria para a escrita de um poema posteriormente.
Palavras sobre o poema “Eu existo”, de Luan Bressanin:
O poema possui um forte apelo à humanidade, às vivências e, principalmente, às corporalidades trans. O autor inicia o poema reivindicando sua existência, primeiro sua fisiologia “ossos, tronco. Tecido, pele.” Mas também segue dando um passo a subjetividades da sua transição de gênero e suas descobertas na experiência de vida de uma pessoa LGBTQIA +, conforme mostra o trecho “Alma, vida. Sentimentos que jorram, lavando esse corpo”. Clamar por sua existência é estar politicamente engajado e consciente dos enormes desafios que uma pessoa trans precisa enfrentar para viver num país muito violento com essa população.
O trecho “Um passo no olho do furacão, em que a esperança é um índice de 35 anos. Eu sou resistência” faz referência à baixa expectativa de vida da população trans e travesti no Brasil. E quando o autor nos traz esse excerto: “Lavando esse corpo. Água vermelha, ponto, cicatriz. Enfim se liberta” está tratando das cirurgias que podem ser um caminho para o autorreconhecimento e o empoderamento da autoestima desse corpo dissidente. No caso específico deste poema, estamos falando da mastectomia, retirada dos seios, para homens trans.
O último verso também nos remete a esse paralelo entre exclusão das pessoas trans na sociedade e a felicidade de se libertar e viver em comunidade, a sua verdade. Para saber mais, veja os dados sobre a LGBTfobia no Brasil:
Há 13 anos no topo da lista, Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans no mundo
Objetivo:
Atividades:
1. Retomando as percepções compartilhadas da aula anterior e os conhecimentos adquiridos
Faça mais uma leitura do poema, retomando brevemente as principais questões que chamaram a atenção da turma na interpretação e que foram colocadas em aula. Peça aos alunos e às alunas que compartilhem suas anotações e registros feitos no encontro anterior.
2. Resgate os conhecimentos prévios e retome as características do gênero poema
Inicie o resgate de conhecimentos prévios perguntando aos(às) estudantes qual a diferença entre “poema” e “poesia”? Retome que, apesar desses dois termos serem frequentemente utilizados como sinônimos, há uma diferença entre eles.
A partir da releitura do texto, pergunte à turma os motivos de identificarmos essa produção escrita como pertencente ao gênero poema: quais são as principais características presentes em “Eu existo” que podemos ressaltar como sendo estruturantes do gênero que estamos trabalhando?
Outras questões podem ser levantadas, como por exemplo: esse poema é como outros que você já leu? Se não, qual a diferença? Possui musicalidade? Possui ritmo? É dividido em versos e estrofes? O que mais te chama a atenção em relação à linguagem utilizada no texto? Há uso de figuras de linguagem?
É importante que a turma seja capaz de perceber que estamos diante de um poema lírico, composto por versos e estrofes livres, sem a presença de rimas (versos brancos) e com o uso expressivo de uma linguagem figurada, conotativa. É importante recortar exemplos do poema para que os alunos e as alunas identifiquem a presença de figuras de linguagem como, por exemplo, a metáfora: Eu sou a resistência.
Você encontra aqui uma publicação organizando as principais características de um poema, elencando os diversos tipos de versos, métrica, estrofes e rimas presentes no gênero. Consulte aqui uma relação das principais figuras de linguagem e suas classificações de acordo com sua função estilística no texto.
Objetivo:
Atividades:
1. Retome aspectos do gênero poema discutidos na aula anterior e proponha uma situação de produção
Retome as principais características do poema exploradas na etapa passada e proponha que os(as) estudantes escolham um tipo de poema que desejam escrever: livre ou fixo, com ou sem rima, etc. É importante verificar se alguém ainda tem dúvida sobre as características do poema trabalhadas anteriormente.
Isso feito, solicite que, através dos registros feitos na etapa 1 sobre as interpretações e percepções do poema “Eu existo”, especialmente aqueles que se relacionam às perguntas “Que imagem o poema lhe trouxe?” ou “Como você imagina o autor do poema?”, além de outras anotações que apareceram nesse processo, a turma reflita sobre o próprio corpo, observando suas marcas e seus atravessamentos. Tendo a poesia de Luan Bressanini como referência, peça aos alunos e às alunas que escrevam seus poemas recorrendo às suas próprias experiências de vida e subjetividades.
Orientações para escrita
Este momento de escrita pode ser realizado em grupo, desde que fique claro que cada estudante escreverá seu próprio poema.
A turma pode retomar o poema estudado e seguir o modelo ali proposto, ou seja, no primeiro momento, sugira que escrevam suas características físicas marcantes. Aqui os(as) colegas do grupo podem ajudar a apontá-las.
Exemplo: Carolina tem um cabelo volumoso, olhos amendoados e rosto marcante, sorriso largo. Um exemplo de escolha de poema livre sem rima:
Cabelo força pulsante que chega primeiro
Rosto marcante
olhos presentes
um presente para quem te tem perto
preenche, pulso, sorriso toda
Em seguida, peça que reflitam e coloquem no papel um desafio da sua existência, da existência de seus corpos tal qual eles se apresentam e circulam socialmente. Peça que eles e elas finalizem com uma tentativa de resolução para esse problema os(as) deixaria realizados(as), libertos(as) e cheios(as) de felicidade.
Após a escrita da primeira versão do poema, peça que os(as) alunos(as) troquem suas produções com os(as) colegas do grupo, criando um momento de interlocução entre leitores e leitoras para o compartilhamento de impressões e contribuições mútuas. Se o olhar e as contribuições do(a) colega fizerem sentido para o autor(a), oriente que os(as) estudantes reescrevam a primeira versão de seu poema, a fim de aprimorar seu texto.
Após esse movimento de interlocução e reescrita entre os grupos, recolha as produções da turma, faça observações em seus textos e sugira pontos que poderiam ser aprofundados no poema ou, quando for o caso, ajustes para que estas produções se enquadrem melhor no gênero proposto. O bilhete orientador pode ser um bom aliado para auxiliar a reescrita e aprimoramento dos textos de sua turma. Leia mais sobre essa prática aqui.
Objetivo:
Atividades:
1. O que é um sarau?
Comece perguntando aos alunos e às alunas se conhecem, ou se já ouviram falar ou até mesmo participaram de um sarau. Procure instigar as percepções da turma sobre essa atividade, levantando impressões e vivências que possam surgir na conversa.
Para compreender melhor o que é o sarau, como ele surgiu e quais as potencialidades de sua realização, você pode exibir esses três vídeos e promover uma conversa em sala de aula sobre eles:
a. O que é Sarau?, da coletividade Arteducadora - Projeto MotivAção na Rede. Este é um vídeo bem didático e pode ajudar a turma a entender mais sobre o tema.
b. Projeto Sarau na escola | Parada Poética (Nova Odessa - SP), do poeta e educador Renan Inquérito. Este vídeo pode provocar reflexões sobre a importância de fazer, participar ou produzir saraus literários ou eventos artísticos no ambiente escolar.
c. Cursinho Popular Transformação, do FortaleC 4V. Este vídeo mostra como o Transarau, realizado pelo Cursinho Popular Transformação, é um evento que surge para apoiar e valorizar a literatura produzida por pessoas trans.
2. Vivência de um sarau
Após o momento de apresentação sobre o que é o sarau e as conversas e trocas de impressões em torno desta atividade, proponha para a turma a vivência de um sarau em sala de aula para compartilhar os poemas produzidos por alunos e alunas da etapa 3.
Para melhor organizar essa vivência, pergunte para a turma o que precisamos para fazer um sarau? A depender de como foram as trocas e conversas sobre esse tema, os alunos e alunas provavelmente responderão que é necessário organizar um espaço, trazer poemas, músicas ou outras linguagens artísticas para a apresentação. Organize junto à turma alguns elementos que considerem necessários para que realizem um sarau na próxima aula. Estimule os(as) estudantes a apresentarem seus poemas produzidos a partir da leitura de “Eu existo”, de Luan Bressanini. Caso alguém não se sinta confortável apresentando um texto de autoria própria, sugira que esse ou essa estudante apresente um texto ou produção de seu(sua) artista preferido(a). A turma também pode escolher coletivamente um tema ou nome para o sarau que será realizado e trazer cartazes, livros, montar um varal com textos impressos para criar uma atmosfera mais propícia para a realização do sarau.
Sugestão:
A vivência do sarau pode ser tanto realizada na sala de aula, com a turma que cumpriu a sequência didática, como pode ser um evento estendido para toda a escola. Caso haja essa disponibilidade, você pode convidar outros(as) professores(as) ou coordenadores(as) e turmas de estudantes para contribuir com a realização desse evento. A Oficina 13 - Exposição ao público, do Cadernos Docentes – gênero Poema, traz algumas dicas para ajudar você e a sua escola nos preparativos deste evento.
Para a avaliação do processo serão realizadas duas ações de escuta ativa:
A primeira, uma roda de conversa em que os(as) estudantes possam dizer o que sentiram, como esse processo de aprendizagem foi importante para seu desenvolvimento, tanto de aspectos da poesia como de conceitos e conhecimento sobre questões que atravessam as vivências da comunidade LGBTQIA+. É imprescindível que tenham um tempo de fala para que todos(as) possam se expressar e serem escutados(as).
E, para finalizar, organizar uma Nuvem de palavras com as cores do arco-íris que pode ser feita de forma on-line, pelo WordClouds, para que os(as) estudantes possam materializar suas impressões finais em uma ou duas palavras que expressem suas ideias e aprendizados dessa experiência. Também é possível confeccionar essa nuvem em sala de aula, utilizando papéis coloridos, tesoura e cola.
Este trabalho final com a nuvem pode ser exposto em sala de aula, como um hasteamento de uma bandeira.
Veja aqui o vídeo Recitar poema | Sarau | Como ler melhor | Como declamar poesia que pode dar suporte para que o(a) docente possa trabalhar a declamação com os(as) alunos(as). É importante destacar que são apenas sugestões, porém não existe um padrão para compartilhar um poema ou outro texto, cada pessoa pode ler seu texto da forma que se sinta mais confortável.
Leia também o artigo O que é literatura LGBTQIA+, de Amara Moira, para conhecer mais sobre o tema e fortalecer seu repertório.
Seguem ainda sugestões de outros livros para uma reflexão crítica em torno de temas como homofobia, transfobia, gênero e sexualidade:
ANTOLOGIA TRANS: 30 poetas trans, travestis e não-binários. Ed. textos Carmen Garcia; Carolina Munis; Élida Lima; João Pedro Innecco; Raisa Martins. 1a reimpressão. São Paulo: Editora Invisíveis Produções, 2017.
De olho na prática: Conversa vai, escrita vem. SIMÕES, Luciene Juliano. FARIAS, Bruna Sommer. Revista Na Ponta do Lápis. Número 21. Fevereiro de 2013.
Lua Lucas é multiartista travesti. Carioca, Flamenguista e Mangueirense, nascida e criada em Jacarepaguá. Atriz de formação, radicada em São Paulo, integra o núcleo teatral Filhas da Dita, no bairro de Cidade Tiradentes, onde reside. É arte educadora e professora de teatro desde de 2012 e tem um trabalho contínuo no Programa Vocacional (São Paulo - SP) desde 2020 na mesma linguagem, onde vem desenvolvendo sua Pedagogia Travesti. Possui também trabalhos com performance, com destaque para a produção “Todas elas num só ser" e a abertura do show “Pajubá”, da Linn da Quebrada, em 2017. Desde 2015 atua como consultora em diversidade e é discente do terceiro ano do curso de Ciências e Humanidades da Universidade Federal do ABC (UFABC). É ainda diretora do documentário "Cê quer menti pra preta velha?", selecionado no Festival Kinoforum 2021.
Uma festa para os livros e para a leitura
literatura, livros, feiras literárias, formação leitora
Letramentos e as práticas de linguagem contemporâneas na escola
práticas de linguagem contemporâneas, BNCC, multissemiose, letramentos, multimodalidade, ensino e aprendizagem de língua portuguesa