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PELAS SALAS VIRTUAIS DO BRASIL AFORA: a 7ª edição da Olimpíada, no olhar dos estudantes

PELAS SALAS VIRTUAIS DO BRASIL AFORA: a 7ª edição da Olimpíada, no olhar dos estudantes

texto - Camila Prado; ilustração - Criss de Paulo

15 de agosto de 2023

Palavra de educador(a): viver para contar e contar para viver. Experiências da 7ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa

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O novo formato do concurso possibilitou que 2.374 estudantes de todos os cantos do Brasil participassem do Encontro de Semifinalistas, um número quase quatro vezes maior que nas edições anteriores. Para falar dessa vivência, de processo criativo, de aprendizagem de gêneros textuais e de escola em tempos pandêmicos, batemos um papo com cinco estudantes que nos contaram o que mais lhes marcou nessa jornada. Acompanhe aqui os melhores trechos dessas entrevistas.  

RITA Costa, 13 anos
EMEF Francisco Nunes — Maracanã (PA) — Professor Edvilson Filho Torres Lima

 

Aprendendo a lembrar

“Eu não sabia o que eram MEMÓRIAS LITERÁRIAS, então os professores me explicaram, o pessoal da Olimpíada me explicou... Achei bem interessante aprender que o trabalho com Memórias Literárias nos faz lembrar a memória da infância – como eu relembrei –, como nós éramos quando crianças, o que fazíamos, o que nossa família fazia etc. [...] Vai ficar no meu coração tudo isso. O professor Edvilson me ensinou a relembrar das coisas que eu escrevi. Nos fez entender o gênero [literário] de uma forma muito bonita. Baseado nos exemplos dele, lembramos das nossas próprias memórias. [...] Eu escolhi o meu personagem: foi meu brinco1. Ele é um objeto marcante na minha vida porque foi minha bisavó, de 96 anos, que me deu quando eu tinha 5 anos. Então isso eu vou levar pra sempre na minha vida. Ela me deu porque como contei lá no texto que fiz, quando eu era criança, ficava no colo dela, mexia nos brincos dela, e isso de uma forma mexeu com ela. E ela me deu. Depois desse dia, minha mãe mandou furar minhas orelhas e passei a usá-los. Esse objeto eu levo para onde for.

[...] Quando o professor Edvilson se ausentou por causa da Covid, os professores Thiago, Gleicy e Jonniel2 ajudaram nossa turma a prosseguir na competição. Principalmente na fase da Semifinal. [...] Os professores me ensinaram coisas que eu nunca tinha estudado. Agradeço muito a eles por ter chegado até aqui.”

A roça e o estudo remoto

“Eu nunca imaginei que ia estudar em casa. É uma coisa muito ruim. Na escola, tem professor para nos ajudar. Eles estão todo o tempo ali. Em casa não. Nossos pais, nossas mães têm o compromisso de ir pra roça, minha mãe tem coisa para fazer em casa, meus avós e minhas tias também vão pra roça, pra horta. Então era eu e minha tia – quando ela tinha tempo. E ela botou a internet. Pagou para nós. Nesse tempo de pandemia foi preciso porque nós tínhamos que fazer aula on-line e responder trabalho pela internet. [...] Não estar presente em sala de aula nos deixou desacostumados ao ritmo dos estudos. Por mais que eu tentasse me esforçar, eu sentia dúvidas, precisava de ajuda. Não era como se nós estivéssemos na escola. [... Depois] foi uma experiência boa eu voltar a estudar, esse tempo da Olimpíada que foi na escola, voltar a ter contato com meus colegas, professores, voltar a desenvolver mais minha leitura e escrita com a Língua Portuguesa, de que gosto muito, que é minha matéria preferida.”

Riqueza inédita

“O Brasil é muito maior do que eu imaginava. Pelas histórias, pelas paisagens que mostraram. Foi muito bom participar [dos Encontros] com outros alunos do Brasil. Achei muito importante e espero acontecer mais isso comigo. Ter contato com colegas de outras regiões do país e saber um pouco de suas memórias me despertou o desejo de conhecer lugares tão diferentes dos que já estou acostumada. Fiquei feliz de perceber que eles também se emocionaram por conhecer minhas memórias e meu lugar. Nessa participação da Semifinal, senti bastante riqueza que eu nunca tinha sentido. Dessa riqueza da diversidade brasileira. Senti muita riqueza disso.”

ANDRÉ LUIZ Godinho, 17 anos
EEPM Tiradentes — Lucas do Rio Verde (MT) — Professora Sandra Cristina Buchelt

 

Humanas e exatas

”Eu assistia muito Discovery. Já estava acostumado com DOCUMENTÁRIO, mas com documentário mais expositivo, sobre coisas. Nunca assim, um documentário poético. Só nas Olimpíadas eu assisti a essas referências. [...] Não tinha pensado em fazer documentário antes, mas já escrevi, roteirizei teatros, então já tinha um pouco de experiência. [...] Apesar de gostar mais de exatas, eu sempre fui de escrever. Só que geralmente eu só escrevo mesmo por hobby, às vezes é uma espontaneidade mesmo... Mas meus textos de teatro foram [encenados] duas vezes. Um deles na escola, recentemente até. É sobre escravidão. Conta a história de um escravizado que foi capturado lá na África, nas terras dele. Ele é vendido para um senhor de Engenho. Como a família dele morreu, ele está triste. Ao encontrar outros dois escravizados, percebe que não adianta ficar daquele jeito. Então ele e esses dois escravizados tentam fugir. Não conseguem, e morrem fugindo. Eles preferem morrer para ser livres do que continuar sendo escravizados.”

Desafio matinal

“Agora que a aula voltou presencial, temos que acordar às 5 horas. Porque a escola é longe, e como é militar, tem farda. Até arrumar toda a roupa... [No remoto,] tinha que acordar às 6. E foi numa aula no Google Meet, bem cedo, que a professora soltou o desafio e apresentou a proposta da Olimpíada. Comecei a mandar mensagem pros meus amigos, pra definir o grupo, que tem que ser no máximo de três. Na minha turma, só tinha uma pessoa que queria fazer. Então tive que chamar um aluno de outra turma. Do outro 2º- ano, teve mais gente interessada, se não me engano. [...]

A gente tinha várias ideias, teve uma reunião com a professora e com outros alunos, debateu o que os grupos iam fazer. Tivemos a ideia do pioneirismo em Lucas do Rio Verde. [...] Quando a gente começou, falaram que tinha que escrever um roteiro, e depois fazer entrevistas. Passou uma semana, passaram duas, e não conseguimos agilizar. [...] Aí a gente pensou ‘Ah, vamos entrevistar, conseguir material e trabalhar em cima disso’. [...] O objetivo era falar sobre as primeiras pessoas que chegaram aqui, só que o entrevistado, [...] um empresário famoso aqui de Lucas, que já foi prefeito antes [...], contou mais a história da nossa cidade, que tem 33 anos, se não me engano. Muito poucas pessoas conhecem por que a cidade é aqui, como que a cidade se fixou aqui. A gente ficou surpreendido e mudamos o tema: de pioneiros para a nossa cidade em si. O entrevistado mudou totalmente nossa perspectiva! Conseguimos fazer o roteiro de acordo com o conteúdo que tinha. Isso foi bem interessante. A gente gravou quase duas horas e só usou 5 minutos.”

De volta pra casa

“Eu nasci aqui em Lucas do Rio Verde (MT). Só que como meus pais são missionários, aos 3 anos, tive que ir lá na África, para a ilha São Tomé e Príncipe. Só retornei ao Brasil onze anos depois, em 2018. Lá eu estudava em escolas portuguesas. A gente não usava gerúndio. Era ‘estou a fazer’. [...] Sendo assim, ainda estou aprendendo a ser brasileiro – estou usando o gerúndio, então estou no caminho certo. [...] Meu sotaque era diferente também. Passaram-se dois anos e, em 2020, eu já tinha perdido totalmente o sotaque. [...]

No caso [do Encontro de Semifinalistas da Olimpíada], o ganho é a troca com as regiões do Brasil. Tinham pessoas do Norte, Nordeste, pessoas lá do Sul. Eu que sou do Centro-Oeste. Por ser remoto, tinham muitos sotaques. Isso, querendo ou não, é uma experiência boa. Um só país, falando a mesma língua só que de diversas formas diferentes. [...]

Aprendi bastante sobre documentário nas palestras que tivemos. Aprendi sobre como contar uma história, não apenas entregar informações na cara do espectador. Colocar as informações de um jeito mais subjetivo, às vezes torna o documentário mais interessante. Essa seria a função do documentário, mostrar a realidade de uma forma diferente. [...] Documentário seria a junção de todas as artes porque é uma mistura entre visual, informativo, poético. Você trabalhando num documentário, vai conseguir ter habilidades que são úteis em outras áreas. É um gênero muito amplo.”

CARLOS EDUARDO Scherrer, 15 anos
EMEF Manoel de Paula Serrão — Anchiete (ES) — Professora Marta Freire Moreira

 

Do verso à prosa

”Poema é o gênero literário com que eu mais me identifico, de que eu mais gosto. Meu primeiro contato foi no 4º- ano com a professora Arlete. No 6º- ano, eu já tinha um pouco de prática [de escrever] porque eu sempre gostei de escrever poema. Tanto que escrevo até hoje. [...] Lembro que foi na pandemia que a professora começou a introduzir CRÔNICAquando a gente ainda estava aprendendo em casa, ensino a distância. Lembro-me de ter ficado meio apreensivo, porque é um gênero que eu nunca gostei muito. Nunca peguei para escrever uma crônica. E foi muito interessante como a professora foi introduzindo isso. Primeiro, ela passou uma prova, com uma crônica, depois teve uma dinâmica em que ela passou uma crônica e fez um júri, com uns defendendo e outros acusando a personagem. Acabou que a gente foi gostando aos poucos. [...] É mais nessa parte [na ponte entre poema e crônica] que eu me achei. A crônica e o poema são textos bem diferentes, mas têm suas similaridades, no sentido de que o poema é o auge do sentimentalismo, você tem que colocar a emoção ali; e a crônica é um pouco disso, só muda que é de um jeito mais corriqueiro. Não é que nem um poema, que você fala de uma paixão ou de uma melancolia sem fim. Não é disso, que são coisas que não acontecem sempre.”

Inspiração versus expiração

“Foi difícil no começo. Porque sou acostumado não a escrever para uma atividade, mas assim: ‘Ah, agora eu quero escrever, hoje eu estou com vontade de escrever...’. Um dia, uma vez no mês, uma vez na semana... quando me der vontade. Então, forçar, entre aspas, a cabeça a escrever é mais difícil. [...] Comecei a produzir quando a professora introduziu a crônica e comentou que estava passando esse gênero porque ia ter uma Olimpíada e já era pra ir rascunhando. [...] Tive dificuldade em achar um tema. Não tinha como sair para ver ‘Ah, isso aqui na minha cidade’. Então foi mais fácil quando a professora me ajudou e a gente voltou para o presencial. [...] Escrevi sobre briga que acontece no bar do meu avô. Fui criado em beira de bar, porque aqui é minha casa. Se eu subo a escada da minha casa, eu dou no bar do meu avô. Desde pequeno eu vejo briga que sempre acontece por disputa de sinuca, jogo de baralho. Mas para escrever mesmo e dar a forma final, foi quando voltou a aula presencial. [...]

Minha relação [com a Crônica] mudou muito com os Encontros de Semifinalistas. Porque até então eu estava começando a gostar, mas não tinha despertado o interesse excepcional ainda. Mas com esses encontros, aprendendo a história da crônica, o que é a crônica, tudo direitinho, tudo regradinho, eu fui me interessando bem mais.”

Parar o olhar

“Tinha várias atividades sobre a cultura brasileira, era muito puxado para isso. Teve uma música que eles passaram. Teve uma animação para comentar. Fizeram um dicionário poético que a gente colocava palavra. E foi bem legal porque te dá uma nova perspectiva. [...] Teve até uma crônica que eu me lembro do título dela: “Olhos parados” [de Manoel de Barros]. Ela te ajuda a ver diferente, porque é muito fácil você estar andando no seu dia e não ver que tem uma coisa bonita ao seu redor. Também me marcou a live que as formadoras fizeram com o autor de um livro de crônicas sobre a superação dele por ser negro e gay na sociedade [...] Como os encontros foram remotos, a professora deu ideia de a gente ir na escola, para quem não tinha muito acesso à internet, e para facilitar também. E caiu numa semana de recesso aqui. [...] A Marta demonstrou sempre estar ali para ajudar. [...]

Eu nunca tinha parado para pensar nessa vida corriqueira, eu nunca tinha parado para escrever do meu cotidiano. Até porque, quando eu faço poema, eu penso mais em mim comigo mesmo, não com o mundo ao meu redor. [...] Me deu mais vontade de me inteirar desse assunto, me deu mais vontade de escrever crônica. Poema eu sempre tive vontade. Mas me deu vontade de colocar o pé nesse mundo de crônica, de entender. Porque é muito estranho como alguém consegue escrever, sei lá, sobre uma rachadura na parede, e desenvolver isso. Eu acho isso muito lindo.”

CAIO CÉSAR Cândido Veras, 11 anos
EMEIF Manoel Joaquim de Santana — Quixaba (PE) — Professor: Evandi Lopes Barbosa

 

Versos que curam

”Eu morava em João Pessoa, mas meus pais estavam com plano de se mudar e ir para o interior. E mudamos. Estou no 5º- ano. Gosto de escrever histórias tristes e tento ficar feliz. Fazer POEMAque veja o lado bom dessa história. Eu me inspiro muito no lugar onde eu vivo e no mundo. [...] Quando estou em casa, fico com vontade de escrever. E escrevo. A minha inspiração de começar, quando a escola disse que a gente ia participar da Olimpíada, foi um livro de Augusto dos Anjos que meu pai ganhou de um amigo dele. Procurei saber sobre a vida dele mesmo – sem poemas – sobre o que aconteceu. Se não me engano, morreu aos 30 anos de pneumonia. [...] O livro se chama Eu e outras poesias. São 285 páginas de poema. Não li, porque é um livro muito de mente adulta. Fala de palavras bem diferentes. E é bem triste mesmo. A pessoa lê e se emociona muito, quer chorar. Meu pai achou esse livro numa estante da biblioteca e foi ler pra gente. Pra minha mãe, pra ele e pra mim. Eu já estava na Olimpíada. Ele leu e se emocionou muito. A pessoa via pelo olhar que começava a chorar. [...] Eu sou uma pessoa que choro poucas vezes. Eu tento me aguentar. Mas eu estava com vontade. A pessoa pensa assim ‘o mundo é cheio de discriminação’, e esse poeta vence as suas dores à base de poemas.”

Palavras rimadas

“A gente estava numa aula normal e o professor falou: ‘Pessoal, hoje eu tenho uma notícia muito boa para vocês’. Disse que íamos participar da Olimpíada de Língua Portuguesa, que era uma coisa muito boa, que a gente ia se expandir mais na mente, essas coisas. Tipo o Bráulio Bessa: se não me engano, ele não tinha estudo e começou a escrever e foi se tornando um escritor famoso. O professor falou sobre ele, sobre a vida, que se a gente se esforçasse muito a gente conseguiria ainda ser um escritor, ser alguma coisa boa na vida. Eu fiquei animado, pois o meu pai sabia, já tinha uma base, o que era poema. Estrofes. Versos. Eu gostava de poemas. Escutava... Mas, em si, eu não sabia o que era poema. Eu só sabia distinguir as palavras que rimavam. Eu chamava de ‘palavras que rimam’, não chamava de poema.”

Um bocadinho cá, um bocadinho lá

“Na minha classe tem 33 pessoas e a turma ficou muito animada, porque era uma coisa nova que ia experimentar. A proposta foi no começo do ano, acho que na sexta aula. [...] O professor foi ensinando mais o que era poema, dava textos para marcar as rimas e para fazer outros poemas a partir dele. A atividade de que eu mais gostei foi fazer quadrinhas, que falavam do Estado, às vezes, das cidades, da casa. Eu falei mesmo sobre o assunto de que eu pesco. De início eu achei uma descoberta incrível, que em quadrinhas a pessoa podia ampliar para poemas grandes, e em poemas existe uma quadrinha, se a pessoa for perceber. [...] A Olimpíada foi uma atividade muito inspiradora para quem não tinha inspiração na vida. Porque tem pessoas que só querem ficar no celular, 24 horas, e nessa Olimpíada a pessoa podia se inspirar mais com a natureza, falar de uma árvore da sua casa, da casa do vizinho, de um amigo, dos pais, dos tios, essas coisas. [...] A gente estava em quatro turmas, o 5º- ano A, B, C e D. Tudo na mesma sala do Google Meet. Juntavam os quatro professores. Aí um explicava uma parte e o outro, a outra. Aí geralmente era tia Verônica que explicava essa parte de poema.”

ANA BEATRIZ Almeida Monteiro, 18 anos
IFES – Campus São Mateus — São Matheus (ES) — Professora Adriana Pin

 

Dois pontos de vista

”Todo mundo da sala fez um ARTIGO DE OPINIÃO. São 30 pessoas. É o Ensino Médio com o técnico – eletrotécnica. A professora chegou, apresentou sobre a Olimpíada. A gente já conhecia porque tinha feito o trabalho com a Olimpíada no 1º- ano. Mas ela explicou as regras, como vai indo cada etapa. E ela foi ensinando para a gente como fazer um artigo de opinião. Convidou um ex-aluno que chegou até a etapa final, mas não ganhou, e a gente leu o dele, foi discutindo sobre como fazer. Fizemos uma primeira versão, ela corrigiu e teve muitos que (não foi o caso do meu texto) pegaram temas que não eram polêmicos, não tinham dois pontos de vista. [...] A professora corrigiu, fez quatro horários de atendimento, foi atendendo cada aluno e teve gente até que mudou o tema. Essa presença dela com o aluno foi uma coisa que fez a gente aprender muito. [...]

Escrevi o texto ‘O santuário ecológico teme a chegada do progresso’, em que comecei a discutir sobre a criação do porto aqui na cidade. Só que aí vêm as questões ambientais contra as questões da economia. O clássico. Ao mesmo tempo em que tem gente da região querendo, tem gente não querendo. Porque alguns falam sobre a questão ambiental, mas outros pensam que, na verdade, como aquela área já tinha sido afetada e já afetou a parte econômica, muitos moradores queriam que o porto chegasse para abrir a questão do emprego. Fui por reportagens, comecei a pesquisar, quando chegou o artigo de opinião para a gente fazer, comecei a pesquisar sobre o que eu poderia falar. Fui discutindo com a professora Adriana e procurando mais informações. [...] Acho que li todos os jornais que tinha sobre o portuário, vi notícias no YouTube. Se na notícia tinha uma fala do morador, eu ia anotando. Fui pegando uns trechos principais sobre cada notícia que eu lia, cada opinião, e deixava no cantinho. Quando comecei a construir, peguei como base um texto que já participou da Olimpíada, chamado ‘Cana versus Mecanização’. Peguei outros textos da Olimpíada que eu mesma pesquisei. Fui fazendo várias abas no notebook, fui montando a minha forma.”

Gostinho da vitória

“Quando fiz documentário [em 2019], a gente falou sobre a parte quilombola de São Matheus. Conseguimos fazer uma entrevista, ir lá, filmar tudo, a igreja, o local... então foi uma experiência bem diferente, de conhecer cara a cara uma pessoa experiente, ela cozinhar na nossa frente. Foi outra emoção. No on-line, a gente teve que pesquisar só em jornais, não pode ir no local, no caso, o porto, na região de Urussuquara, que foi sobre onde escrevi, não pode ouvir os próprios moradores... É muito diferente. Mas a gente crescer dentro da 7ª- Olimpíada, fez o povo ficar animado. Na Etapa Semifinal, muita gente participou mesmo. A gente pensou que iam ser uns encontros chatos e foi uma coisa que acrescentou muito, conhecendo gente de outros lugares. Foi uma experiência diferente. Foi aí que a sala começou a animar: ‘Ai, a gente tá conseguindo conquistar. Só de a gente ter conseguido passar da etapa municipal, a gente já ficou feliz, que a gente não esperava. [...] Lembro-me que a Adriana mandou mensagem no grupo avisando e soubemos que íamos para a Etapa Estadual. A nossa esperança mesmo era viajar, só que como a pandemia não passou, a gente já estava assim: ‘Nossa, a gente está conseguindo conquistar alguma coisa!!!’ Porque é muito difícil para conseguir algo na Olimpíada. É muita gente participando. Quando a gente foi para a Etapa Semifinal, ficou todo mundo: ‘Meu Deus, não acredito que a gente está na Semifinal!!!’. Foi aí que a gente pediu ‘Bora participar!’.

Na hora que saiu o resultado da Semifinal estava todo mundo no YouTube e no WhatsApp. A gente ganhou! A gente conseguiu! Então essa experiência veio para animar a gente. Animar a estudar. Pra ver que vale a pena. Vale a pena estudar, pesquisar, dar seu ponto de vista. Até mesmo no dia a dia, quando você precisa ouvir o ponto de vista do outro e defender o seu sem que os dois se batam. Então, o artigo de opinião também serve para isso. Você vê uma opinião diferente, tem que escrever sobre ela, mas também tem que escrever sobre a sua com argumentação.”


Notas de rodapé

1. No 3º dia de Encontro de Semifinalistas, os estudantes foram estimulados a escolher um objeto que contivesse uma memória, um sentimento, um significado em sua vida, na atividade “Ateliê de escrita: Objeto biográfico”.
2. Thiago da Silva Laurindo, Gleicy Cristina Santos, Jonniel Santana Trindade, .

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