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Narradores da experiência

Narradores da experiência

ilustração - Criss de Paulo

01 de abril de 2022

Palavra de educador(a): viver para contar e contar para viver. Experiências da 7ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa

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Uma pandemia. Um Brasil. Inúmeras escolas públicas. Inumeráveis professoras, professores e estudantes. Um encontro. O cruzamento de tantos caminhos. De tantas histórias. De tantas narrativas. A Revista.

Entramos em 2022 enfrentando desdobramentos dos inúmeros revezes dos últimos dois anos. Como diversas outras áreas, a educação foi profundamente afetada pela pandemia e todos os profissionais se viram desafiados a rever suas práticas para continuar viabilizando o aprendizado para todas e todos os estudantes também no contexto remoto. A pesquisa “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”1 destacou o aumento, em 2021, do percentual de estudantes que corriam risco de abandonar a escola – 37% em setembro de 2021, comparados com 26% em maio de 2020 – e foi nesse cenário que aconteceu a 7ª- edição da Olimpíada de Língua Portuguesa. Convidamos professores e professoras de todo o país para que, juntos(as), pudéssemos redescobrir os caminhos possíveis para fortalecer o ensino da escrita como garantia essencial para o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens. A educação não pode parar.

E por isso seguimos. Estados, municípios, escolas, educadores(as) e estudantes construíram conosco mais uma excelente edição do concurso. Foram mais de 112 mil inscrições nos cinco gêneros – Poema, Memórias Literárias, Crônica, Documentário e Artigo de Opinião. Ao todo, 3.877 municípios, 27 mil escolas participantes e 60 mil professores e professoras engajados(as). Da inscrição às etapas Escolar, Municipal, Estadual, Semifinal e Nacional – tudo aconteceu remotamente.

Além das ações a distância, outra importante mudança da 7ª- edição é a reserva de vagas, que ocorreu nas etapas Estadual, Semifinal e Final e foi destinada aos(às) professores(as) que atuam em escolas com Inse (Índice de Nível Socioeconômico) baixo ou muito baixo e que estão abaixo da meta regional do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Com o foco da premiação centrado nos Relatos de Prática, enviados pelos educadores junto à Linha do tempo e ao Álbum da turma, esta Olimpíada descortinou possibilidades, provocações e descobertas, como nos revelou o professor Josué Lima, em uma das atividades:

“Hoje, saio desse Encontro Regional como produtor de relatos de prática habilitado. [...] Confesso que não tinha noção do tamanho da dimensão que o gênero Relato de Prática pode alcançar, como impactar vidas, transformar realidades, ressuscitar sonhos, levar esperança onde não se tem…”.

E por falar em levar esperança, 210 professores com suas respectivas turmas de estudantes participaram do Encontro de Semifinalistas, ponto alto do concurso em que, assim como em outras edições, acontecem debates e realização de atividades formativas e culturais para professores(as) e estudantes. O Encontro aconteceu num ambiente virtual de aprendizagem (AVA) com atividades síncronas e assíncronas, palestras, leituras, fóruns, ateliês de escrita e rodas de conversa. Enquanto professores( as) se aprofundaram no Relato de Prática, estudantes expandiram o conhecimento sobre os gêneros. Tudo isso regado ao sotaque de todos os Estados do país.

Nasce a Revista

É com o mesmo espírito da Olimpíada, que pôs luz sobre os relatos de experiência, que nasce a 38ª- edição de Na Ponta do Lápis. Um amplo conjunto de textos em primeira pessoa, esta revista é composta pelas vozes das pessoas que participaram de formas distintas da 7ª- Olimpíada.

A revista “começa do começo”, com Pedro e Margarete nos contando sobre como teceram a concepção da nova proposta do concurso, que buscou dar ainda mais destaque aos(às) professores(as). Encadeadas nesse saboroso relato, vêm as palavras da figura central da Olimpíada: uma professora. Em seu texto, Roseane fala sobre o trabalho com o gênero Documentário e como isso influenciou iniciativas da turma e mudanças em sua vida.

Para costurar as páginas, entram aqui e ali, ao longo da revista, trechos dos 20 relatos de prática vencedores do concurso, para o leitor ter um mosaico das experiências vividas pelos(as) docentes e também conhecer um pouco sobre o relato como mais um gênero discursivo.

No esteio de Roseane e dos primeiros trechos de relatos, Lilian, que atuou como formadora de professores(as) no Encontro de Semifinalistas, partilha sua reflexão sobre como educadores e educadoras fazem caber “infinitos” em suas práticas mesmo diante de adversidades.

Para trazer a voz dos(as) estudantes, suas experiências na Olimpíada e no Encontro de Semifinalistas, bem como deliciosas revelações sobre o aprendizado dos gêneros discursivos, compartilhamos fragmentos de cinco entrevistas com alunos e alunas do 5º- ano do Ensino Fundamental à 3ª- série do Ensino Médio.

Seguindo a cadência, do ponto de vista de quem fez formação com os(as) estudantes durante o Encontro, Carolina e Jakeline fazem seu relato conjunto. Elas nos levam para dentro de algumas cenas da formação, trazendo frases e reflexões sobre o que mais as tocou durante a experiência.

Do lugar de coordenadoras desses formadores(as) de professores(as) e de estudantes, Patrícia e Shirlei narram o que lhes deu força, em meio a tempos desafiadores, para caminhar em parceria com educadores e educadoras e desenvolver estratégias em suas práticas para “[...] arrumar o peito, preservar o jeito de ser feliz”, citando a poeta homenageada da Olimpíada, Geni Guimarães.

Para trazer nestas páginas uma pitada pequena, mas bem especial do Encontro, trechos da palestra do professor João Wanderley, com um pouco de Bakhtin, Paulo Freire, reflexões sobre relato e relatório, pontes entre gêneros discursivos e um exemplo pitoresco de um ofício de Graciliano Ramos.

Indo para a parte final da revista – e da Olimpíada –, temos o relato de quem avaliou os relatos. Aqui, Ivoneide conta como foi o exercício de rigor e de diálogo durante sua experiência na coordenação da Comissão Avaliadora que selecionou os vencedores.

Nas últimas páginas, está a leitura crítica que Maria fez sobre os 20 relatos vencedores, relacionando-os à dimensão amorosa da prática pedagógica, à Pedagogia Engajada de bell hooks, à potência transformadora do trabalho de professores e professoras e à quanto eles(elas) mesmos(as) foram transformados(as) pela proposta de se debruçarem sobre sua própria escrita.

Por fim, e para iluminar nosso percurso, o poema “Arquiteta”, da escritora homenageada, Geni Guimarães.

Esperamos que cada uma dessas vozes traga à tona as singularidades no percurso dos(das) participantes da 7ª- edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, inspirando outros(as) educadores(as) Brasil afora, que em sua prática também são diariamente atravessados(as) por pequenas e grandes questões.

Agradecemos a todas e a todos pela atuação no Programa, seja participando do concurso, divulgando a iniciativa em sua rede ou realizando as formações oferecidas no Portal. Somos todos nós, juntos e juntas, que construímos essa potente rede em prol da melhoria da educação brasileira. Esperamos que gostem da nova edição da revista.

Boa leitura!

Notas de rodapé

1. Cf. em <https://www.itausocial.org.br/wp-content/uploads/2021/06/Educacao-nao-presencial- -na-perspectiva-dos-estudantes-e-suas-familias-Onda-6.pdf>.

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