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Dia da Língua Portuguesa traz cultura e debate sobre literatura e escrita para as redes

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

"Eu tenho um encantamento muito grande por palavras. Assim, a sonância de determinada palavra pode me provocar uma escrita", Conceição Evaristo, em entrevista para a revista Na Ponta do Lápis, nº 29.

Uma língua é uma ponte entre pessoas e culturas, espaço de expressão, de troca e também de arte. Em 5 de maio, Dia Internacional da Língua Portuguesa, comemoramos a nossa forma de comunicação no idioma, que nos permite chegar a outros países e continentes, mas também marcar o que temos de próprio de nossa cultura. Para celebrar a data, uma série de eventos on-line trará discussões sobre literatura, arte, cultura e ciência em língua portuguesa.

A data, definida pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi ratificada pela Unesco em novembro do ano passado. Seu propósito é promover o pluralismo, a integração e o sentido de comunidade dos falantes do português. Quinta língua mais falada no mundo e a mais falada no hemisfério sul, o português é utilizado por mais de 260 milhões de pessoas em nove países (Angola, Brasil, Moçambique, Portugal, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Guiné Equatorial, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe), além de Macau, região administrativa especial da China.

Programação

Os eventos comemorativos deste ano serão todos on-line devido ao isolamento social para a prevenção do coronavírus. No Museu da Língua Portuguesa, as atividades já começaram no dia 03, com apresentações de música, contação de histórias e discussões. Na terça, dia 05, a programação virtual inclui uma conversa entre escritores, poetas e artistas de diferentes países de língua portuguesa sobre a palavra como instrumento para dar conta do que vivenciamos hoje, às 15h30.

Às 16h30, haverá uma performance de Eduardo Fukushimano no museu vazio e em silêncio. Às 17h, será transmitido um bate papo e discotecagem com o músico e escritor angolano Kalaf Epalanga, que apresentará as sonoridades de sua terra. Às 18h, um slam reunirá Roberta Estrela d’Alva e outros autores brasileiros, portugueses e cabo verdianos para uma disputa poética. Entre a programação, pequenos vídeos ainda trarão um pouco do cotidiano de diferentes falantes do português pelo mundo. Veja a programação completa aqui. Os vídeos ficarão disponíveis no Facebook do Museu da Língua Portuguesa, para aqueles que não conseguirem acompanhar ao vivo.

Já a CPLP trará reuniões de autores, músicos, cineastas e cientistas. Entre os escritores, participarão Mia Couto (Moçambique), Germano Almeida (Cabo Verde) e Manuel Alegre (Portugal). Adriana Calcanhoto (Brasil), Dino d’Santiago (Portugal/Cabo Verde) e Carminho (Portugal) estão entre os músicos participantes. A programação ainda trará testemunhos com diferentes personalidades do esporte, da ciência, da cultura e da política para apresentar suas diferentes perspectivas sobre a língua, além de um espaço de concertos. Assista à programação aqui.

Entrevistas com escritores

Como maneira de celebração, o Portal Escrevendo o Futuro selecionou uma série de entrevistas com escritores, que mostram como a identidade, a cultura e o trabalho dos autores podem ampliar os sentidos e as funções da língua portuguesa.

A escritora Conceição Evaristo conta sobre sua formação repleta de palavras, ainda que inicialmente no espaço da oralidade mais que no dos livros, e como isso influenciou seu trabalho, dando a ele um ritmo e força próprios.

O escritor moçambicano Mia Couto também fala sobre como a diversidade linguística de seu país, assim como os livros portugueses e brasileiros que lia ajudaram a dar forma à linguagem que ele desenvolveu em seus escritos. 

Marcelino Freire aborda o ensino da escrita e da literatura, e defende que todos podem aprender, e gostar, de escrever. No universo dos quadrinhos, Marcelo D’Salete fala sobre seu trabalho com imagem e a linguagem na elaboração de seus livros, e no seu interesse de abordar temas como racismo e colonialismo no Brasil. 

Geovani Martins, jovem autor aclamado pela crítica, fala de sua trajetória, criado numa favela do Rio de Janeiro, e do movimento de passar a olhar para o seu cotidiano – tão distante do que lia nos livros – como espaço de linguagem e narração literárias também. O contato com outros autores que escrevem sobre suas comunidades, ele conta, foi fundamental no processo. Trazer a periferia para o centro da narrativa também é o caminho da paulistana Lilia Guerra. Em seu livro de contos, Perifobia, ela fala sobre os dramas e preconceitos da vida de quem mora distante dos grandes centros. 

Presente na programação virtual do Museu da Língua Portuguesa, Roberta Estrela D’Alva falou sobre sua trajetória e a potência do Slam para a expressão poética dos jovens de periferia. Já as participantes do Slam das Minas contam sobre a importância de ter um espaço voltado para as mulheres falarem sobre suas dores e alegrias.

 

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