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Coreografias do olhar: revista Na Ponta do Lápis estreia novo projeto visual

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Ilustrações: Valentina Fraiz

Com enfoque nas questões étnico-raciais na educação, a publicação traz entrevista com o escritor Jeferson Tenório, artigo da educadora Bel Santos Mayer e poema de Nei Lopes

A 39ª edição da revista Na Ponta do Lápis já está disponível na íntegra, para download. Clique aqui para ler!

Na leitura, o olho dança pela página entre letras e palavras. Em seu movimento, percorre também as imagens e os espaços vazios, a fonte das letras e a disposição do texto na página. Para valorizar essa coreografia do olhar, a revista Na Ponta do Lápis inaugura seu novo projeto gráfico. Na publicação, ganham destaque as cores e ilustrações, a diversidade de traços e o diálogo entre forma e conteúdo.

“São 20 anos do Programa Escrevendo o Futuro e a revista, uma de suas ações, está em seu 17º ano. As renovações mostram disposição e abertura para outras referências, uma busca por ampliar nosso repertório estético e o do nosso público leitor”, conta Giselle Rocha, editora da Na Ponta do Lápis. Ela explica a importância de dar a mesma atenção às ilustrações e aos textos escritos e reforça que ao longo de sua história, a revista sempre primou por um cuidado estético e pelas ilustrações. “Entendemos que a imagem também traz camadas de sentido, que dialoga com o texto escrito, cria novas possibilidades de interpretação, expande seus significados ou mesmo se contrapõe a eles. Nosso objetivo é colaborar também com essa ampliação de repertório e formação do olhar de professoras e professores”, explica Tereza Ruiz, coordenadora do Programa Escrevendo o Futuro.

Nesta edição, a temática condutora são as questões étnico-raciais na educação que dão o norte para as páginas de literatura, entrevista e artigos. “Já vínhamos evidenciando as questões étnico-raciais, que foram ampliadas nesta nova fase, tanto no conteúdo dos textos, como na escolha das(os) colaboradoras(es)”, diz Giselle. E, para narrar visualmente essas histórias, todas as ilustrações da publicação foram feitas por uma artista convidada.

Texto visual

Entre pássaros e páginas que voam pela revista, as ilustrações de Valentina Fraiz, a artista convidada desta edição, fazem sonhar sonhos bonitos de liberdade e igualdade. Para ela, criar a arte de toda a publicação permitiu o desenvolvimento de uma narrativa paralela e ao mesmo tempo entrelaçada com todo o conteúdo. Valentina ainda conta que suas ilustrações foram criadas na ponta do lápis, como sugere o título da revista. “Usei lápis de cor digital, mas uso como o lápis analógico, não tem truque. Vou desenhando, mudo de cor, passo por cima, vou misturando”.

O projeto gráfico inclui diversos elementos visuais, que direcionam o olhar do leitor. “Tudo é lido e captado pelo olhar. Ainda que muitas vezes não tenhamos consciência disso, nem façamos uma leitura decodificando item a item, estamos lendo todas as informações visuais e até táteis, no caso da revista impressa”, explica Ana Paula Campos, do Estúdio Voador, responsável pelo desenvolvimento do novo projeto gráfico. A disposição das imagens e do texto, as fontes utilizadas, seu tamanho, os espaços em branco, os títulos, as frases destacadas, tudo isso é pensado de modo a orientar o olhar e despertar o interesse pela leitura das páginas. “Ganhamos as leitoras e leitores ao acolhê-los quando passam por essas páginas”, diz.

Literatura negra

Com a proposta de refletir sobre as questões étnico-raciais na educação, a edição traz importantes nomes da literatura negra no Brasil. O escritor Jeferson Tenório, ganhador do prêmio Jabuti de Literatura em 2021, conta sua trajetória na seção Entrevista. As dificuldades para concluir os estudos, seus 20 anos como professor de Língua Portuguesa e o despertar para a literatura foram alguns dos temas abordados. O autor de O avesso da pele falou ainda de seu processo criativo, das(os) autoras(es) que o inspiraram e de sua luta para levar autoras(os) negras(os) para a sala de aula.

Em Página Literária, o poema “História para ninar Cassul-Buanga”, de Nei Lopes, narra a diáspora africana e também seu futuro feito de sonho bonito. Já na seção “Óculos de Leitura”, Maria Nilda de Carvalho Mota (Dinha), que é poeta, editora e pesquisadora, traça um paralelo entre o texto de Nei Lopes e o “Poema do futuro cidadão”, do moçambicano José Craveirinha. Entre aproximações biográficas e estéticas, ela nos mostra como as poéticas dos dois autores se encontram na certeza da esperança de dias mais bonitos para as negras e negros do Brasil e da África.

No Brasil que lê, o Brasil das bibliotecas comunitárias de periferia, jovens descobrem que a literatura pode ser para elas(es) e sobre elas(es). É o que mostra a educadora social Bel Santos Mayer em seu artigo. Ela nos provoca a pensar sobre quantas(os) autoras(es) negras(os) fazem parte das nossas referências culturais e fala sobre a importância dos livros-espelhos, em que essas(es) jovens leitoras(es) podem se ver refletidas(os). “Quando a(o) leitora(or) encontra narrativas, personagens e palavras que descem ao chão que ela ou ele pisa, tudo faz mais sentido.” Apresentar a diversidade de autoras(es) negras(os) às(aos) estudantes pode ser um movimento de acolher, mas também de convocar à leitura, “ato poético, educativo e político”, defende Bel.

Projetos para a sala de aula

Esta edição traz também uma discussão sobre como o racismo estrutural causou impactos na educação durante a pandemia e no retorno ao ensino presencial. O artigo, assinado por Iracema Santos do Nascimento, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), mostra como a indisciplina, a evasão e a violência se relacionam com o racismo estrutural e a pobreza. Mas a docente aponta também alguns caminhos, trazendo as histórias de professoras e professores que desenvolvem projetos para a sala de aula a partir da escuta atenta, do diálogo e de um currículo vivo.

Foi também a busca por aproximar o conteúdo das aulas das experiências de suas(seus) estudantes, além do desejo de encantá-las(os) pelo que não conhecem, que levou a professora Talita Zanatta a desenvolver um programa de podcast com sua turma do 7º ano do Ensino Fundamental. Em seu relato de prática, ela conta todo o processo de trabalho, da apresentação dos diversos formatos de podcast ao desenvolvimento do roteiro e gravação.

 

Clique aqui e acesse a 39ª edição da revista Na Ponta do Lápis.

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