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Com foco no relato de prática, Programa Escrevendo o Futuro promove formação de professores(as) em todas as regiões do país

Marina Almeida

07 de agosto de 2023

Este ano, a formação promovida pelo Programa Escrevendo o Futuro atua em diferentes frentes para alcançar professores(as) de todos os estados brasileiros. Organizados por regiões, os trios da Rede de Ancoragem dos estados – formados por um representante da Undime, um do Consed e um docente de universidade pública –, estão desenvolvendo uma série de lives, que discutem a elaboração do relato de prática. Além disso, no Telegram, pequenos grupos de professores(as) recebem uma mentoria sobre o tema, com realização de atividades e espaço para trocas entre os(as) colegas.

Em 2022, o foco dessas formações é o relato de prática. “O relato proporciona uma reflexão sobre a prática no contexto escolar, que é importante independentemente do concurso”, diz Giselle Rocha, técnica do Programa Escrevendo o Futuro. No total, serão realizados quatro encontros ao vivo, que também ficarão disponíveis para os(as) professores(as) assistirem posteriormente. Essas lives terão caráter formativo, abordando as características e possibilidades do relato de prática. E no quarto encontro serão compartilhados relatos e boas práticas de sala de aula.

As formações foram organizadas por regiões do país. Por conta da grande quantidade de estados, a região Nordeste foi dividida em dois grupos. Já as regiões Centro-Oeste e Sul se uniram para atuar de forma conjunta na organização dos eventos. “Os trios de ancoragem trabalham de forma colaborativa para realizar essas lives, além de divulgarem os eventos nos canais de seus estados e municípios”, conta Giselle.

As lives

Para divulgar as lives, a Rede de Ancoragem dos estados utilizaram seus canais de comunicação com as redes estaduais e municipais de ensino. Os convites também priorizaram os(as) professores(as) que se enquadram nos critérios de reserva de vagas definidos na Olimpíada de Língua Portuguesa em 2021: docentes de escolas com Inse (Indicador de Nível Socioeconômico das Escolas de Educação Básica) baixo ou muito baixo e que estão abaixo da meta regional do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

No grupo do Centro-Oeste e Sul, Anderson Luís Nunes da Mata, docente da Universidade de Brasília (UnB), transformou a formação numa atividade de extensão da UnB. “Com isso, podemos oferecer uma certificação da universidade para os participantes desses quatro encontros”, explica. Além disso, mesmo os(as) professores(as) que não se inscreverem podem ter acesso às lives, que ficam salvas nos canais em que foram transmitidas. Os encontros estão salvos no canal GPLEI, do YouTube da Secretaria Estadual de Educação do Distrito Federal.

No Norte, Márcia Cristina Greco Ohuschi, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que a primeira formação foi organizada e transmitida por cada estado, com grande foco na mobilização dos(as) professores(as), e os encontros seguintes foram realizados em conjunto, por todos os estados. “O trabalho coletivo propiciou diálogos produtivos entre os docentes formadores, sobretudo por compartilharem dificuldades e situações semelhantes enfrentadas pelos professores e pelas professoras da escola básica dessa região, como o difícil acesso a algumas localidades, as restrições com internet, dentre outros.”

Diversidade de estratégias

Márcia participou do primeiro encontro com o estado do Pará e conta que o foco dessa live foi a apresentação do gênero relato de prática e dos materiais formativos do Portal Escrevendo o Futuro, além de dedicar um espaço para responder às dúvidas dos(as) participantes. A docente também cita a apresentação de dois vídeo-minutos, um deles gravado por uma professora semifinalista e o outro por uma professora vencedora nacional. “Elas responderam a questionamentos importantes para a definição e caracterização do gênero”. Já no encontro organizado em conjunto com outros estados, ela destaca a apresentação da análise de um relato de prática de uma professora semifinalista da 7ª edição da Olimpíada. “Enfatizamos a delimitação do tema e a contextualização do foco do relato, como também a autoria e sustentação da reflexão desenvolvida (dois primeiros critérios de avaliação desse gênero)”, diz.

O grupo das regiões Centro-Oeste e Sul está convidando especialistas para os encontros on-line. A primeira live contou com a participação da professora Juliana Dias, que falou sobre escrita criativa. “Ela deu uma ênfase muito grande no que chama de ‘desbloqueio do ato de escrever’. Fez, inclusive, atividades práticas para interagir com o público. Foi uma fala muito motivadora, pelo que pudemos observar pelos comentários no chat. Começar as formações on-line pelo ato autoral da escrita, além de ser uma estratégia motivadora, dá ao gênero relato de prática um caráter mais sensível e menos técnico”, ressalta Eliana Merlin Deganutti de Barros, docente da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Para assistir à primeira live desse grupo clique aqui.

Anderson conta que os textos dos primeiros exercícios foram enviados pelo chat ao vivo e que ele leu alguns durante a live: “ficaram bem bonitos.” O evento ainda contou com um momento inicial de acolhimento cultural, que foi feito pelo Duo Flor de Cacau, composto por dois professores e contadores de histórias do Distrito Federal. Nos próximos encontros haverá novos convidados. Também estão programados depoimentos de professores(as) finalistas de edições passadas da Olimpíada e a análise de relatos de prática da última edição do concurso.

Para Gina Paula Bernardino Capitão Mor, da Undime da região Sudeste, a participação de professoras e professores tem sido significativa. “Houve muitas perguntas e comentários que enriqueceram esse momento e o tornaram realmente um ‘encontro’ entre pares”, diz. Avaliação semelhante tem sido feita pelos representantes de outras regiões. Anderson, do grupo Centro-Oeste e Sul, lembra que a primeira live já alcançou cerca de 900 visualizações no canal do YouTube. O aprofundamento no relato de prática também tem criado novas possibilidades de reflexão sobre a prática. “Este ainda não é um gênero tão conhecido, e os(as) professores(as) não têm, em geral, o costume de manter um diário de anotações sobre as aulas, mas pareceram muito abertos a experimentar e, eventualmente, incorporar esse tipo de ação no seu cotidiano, tanto na construção de uma reflexão quanto para alimentar um planejamento futuro”, avalia Anderson. “O desafio do relato é o da constituição do professor reflexivo, que registra e pensa a sua prática, no movimento cotidiano de seu trabalho pedagógico”, completa Gina.

“Alguns professores avaliam que esses encontros têm sido divisores de água em suas vidas. Estão surpresos com os encontros e, inclusive, já tentam colocar essas propostas em prática em suas salas de aula”, diz Jesuíla Gonçalves Freitas, representante do Consed na região Nordeste. Segundo ela, o trabalho começou com a motivação dos(as) professores(as) para participar dos encontros, o que se reflete ao longo de todo o percurso.

Clique nos encontros, abaixo, e confira às lives na íntegra:

Norte

2º encontro

3º encontro

Nordeste 1

2º encontro

Nordeste 2

2º encontro

Sudeste:

2º encontro

Centro-Oeste e Sul

2º encontro

 

Mentoria via Telegram

Na primeira live de cada região, os(as) professores(as) também foram convidados(as) para participar de um Canal no Telegram, em que acontece uma mentoria sobre o relato de prática. “São grupos de até 40 professoras e professores, que recebem um direcionamento mais próximo sobre todo o processo de trabalho pedagógico até a escrita de seu texto”, conta Giselle. No total, participam cerca de 200 professores(as), divididos por regiões. “A partir de pequenas atividades e provocações, os(as) professores(as) vão desenvolvendo uma reflexão que, ao final, faz parte da construção de seus relatos de prática sobre o ensino dos gêneros textuais”, acrescenta. Os participantes também recebem uma certificação do Programa pela participação das atividades nessa mentoria.

Além dos textos, vídeos e proposições, cada um desses grupos conta com um(a) mediador(a), que responde às dúvidas e comenta as interações dos(as) professores(as). Semanalmente, também há um plantão com o(a) mediador(a), que acontece no formato de reunião on-line, por meio do qual os(as) docentes podem fazer perguntas e ampliar a interação com seus colegas. “O plantão é formativo, como numa aula, os participantes conversam, aprendem. Não serve apenas para tirar dúvidas. Também é uma oportunidade de criar e fortalecer vínculos entre os professores, mesmo de forma on-line”, diz Alana Queiroz, técnica do Programa Escrevendo o Futuro.

“Gostaria de ressaltar a boa qualidade das participações de professoras e professores nesses dois ambientes virtuais. Temos realizado reflexões que revisitam as práticas de sala de aula na perspectiva de redimensioná-las a partir das contribuições do grupo, exercitando o movimento da práxis: ação-reflexão-ação”, fala Luiz Marine, que é o mediador do grupo Nordeste 2, que inclui os estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Ele conta que os relatos das professoras tratam de diferentes assuntos: as dificuldades das aulas remotas, a defasagem de conteúdos por parte dos(as) alunos(as), a falta de interesse dos(as) estudantes, o desafio do trabalho interdisciplinar, a importância do trabalho com textos de diferentes linguagens entrelaçadas num mesmo discurso, entre outros. Ele traz, como exemplo, um dos comentários feitos no grupo por  Rozirlania Florentino da Silva, de Taquarana (AL), que dizia: “assumir-se professor-autor é colocar-se no lugar de descrição e reflexão das ações de sala de aula, trazendo à tona um espaço de auto-observação de seu trabalho docente enquanto instrumento de transformação social.”

Rozirlania também chamou a atenção para a “ação de cuidar e armazenar as produções dos alunos para serem ressignificadas ao longo do ano.” A professora conta que não tinha familiaridade com a escrita do relato de prática, que conheceu no ano passado quando participou da Olimpíada. Ela destaca o caráter prático da formação: “há uma reflexão a cada semana e as propostas de atividades levantam discussões e nos fazem refletir. Acredito que será importante inclusive no direcionamento do meu olhar para as atividades com as produções textuais dos alunos.” Uma das atividades, por exemplo, pedia para os(as) participantes recordarem um aprendizado que tiveram com outros(as) professores(as) e gravarem um áudio compartilhando a experiência com os demais. Rozirlania contou sobre uma atividade realizada durante o período da pandemia que aproximou a professora da sua turma naquele período de isolamento “Considero que esta é uma das melhores formações de que já participei ao longo de minha prática docente”, completa.

Ouça a gravação de Rozirlania Florentino da Silva

Já Aldenir Fiáz de Araújo, de Boa Vista (RR), falou para os(as) colegas sobre como um novo olhar, que valorize as características de cada estudante, pode proporcionar novas práticas para a sala de aula. Ela conta que já estava familiarizada com o gênero, pois, na rede onde atua, os(as) professores(as) precisam escrever um relato de experiência sobre um projeto desenvolvido ao longo do ano. “O desafio para fazer o relato de prática é colocar as ideias de forma organizada, fazer as anotações ao longo do trabalho e relatar de forma sequenciada todas as evidências do que foi realizado durante o período”. Ela acredita que os novos aprendizados serão de grande ajuda em seu trabalho. “Conheci outros relatos e tive contato com ideias que eu posso utilizar em sala de aula”, diz.

Ouça a gravação de Aldenir Fiáz de Araújo

 

Conheça os integrantes da Rede de Ancoragem (clique nos retângulos abaixo para visualizar):

Rede de Ancoragem
Integrantes da Região Centro-Oeste

Rede de Ancoragem
Integrantes da Região Nordeste

Rede de Ancoragem
Integrantes da Região Norte

Rede de Ancoragem
Integrantes da Região Sudeste

Rede de Ancoragem
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