O português diferente de cada um – aluno semifinalista
Ana Carolina Bernardes Pelegrino
Escola Professor José Castro de Araújo
Poços de Caldas / MG
Estou agitada, procuro em meio a toda essa euforia mais palavras ditas diferentemente por cada boca adocicada ou rústica.
Esse português que me encanta sempre não parece ser o mesmo português que todos falam. Aqui, é diferente: a cada sílaba pronunciada, entro em um mundo de sons e tonalidades próprias.
Observo ao longe duas gaúchas conversando… Quantas descobertas faço hoje! Meu ouvido se aguça para que consiga aprender o máximo possível. Estão conversando alegremente e, quanto mais o tempo passa, mais chegam pessoas de todos os lugares. Já me perco em meio a tantas vozes:
— Tu gostas de bergamota? – pergunta a gaúcha.
— Uai, bergamota? – retruca a mineirinha espantada.
— Oxi, mainha não me atende! – diz a baiana.
Caro leitor, se nunca teve uma experiência assim, recomendo que saia agora de casa, aguce o ouvido e experimente nosso português, diferente em cada brasileiro.
Depois de mergulhar nesse mar de palavras, percebo que alguém me chama e pede minha ajuda.
Meu Deus! Ele é gago e é de Pernambuco! Como vou entender? Me pede ajuda porque não sabe revisar sua crônica no computador… Agora entendo que a palavra escrita é mais significativa que a palavra falada, pois é dessa forma que consigo entendê-lo, pela sua escrita. Ele tem sotaque diferente, e ainda por cima é gago, mas me lembro de uma das frases mais marcantes que minha professora leu e me disse: “Palavra, se me desafias, aceito”, e inspirada nisso, aceito o desafio e sigo em frente, pois a palavra escrita é igual em todo nosso Brasil.