Objetos que contam histórias
Em setembro de 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro foi consumido pelas chamas. As imagens do fogo - além de funcionários e pesquisadores que tentavam salvar parte das coleções - comoveram a opinião pública. Inaugurado há mais de 200 anos, quando o Brasil ainda era Império, e detentor de um dos cinco maiores acervos do mundo, o museu tratava-se de um símbolo da história nacional. Abrigava o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil e nas Américas, nos anos 1970 em Minas Gerais. Guardava ainda o esqueleto do maior dinossauro que habitou o Brasil, documentos da Independência do país e coleções de pedras da Imperatriz Leopoldina, mulher de Dom Pedro I.
Por que o incêndio gerou tanta repercussão? Entre as respostas recorrentes, diz-se que o Brasil perdeu parte de seu passado, de sua memória. Se o Brasil perdeu, perderam também os brasileiros. Santiago Castroviejo-Fisher, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em um artigo publicado no jornal El País, aponta a importância dos museus para a relação de um povo com seu passado e vai além: “Um museu atua em três frentes. Oferece um olhar para o passado, ou seja, um parâmetro para medir mudanças, uma escala de tempo. Também educa, no presente, sobre o mundo que nos rodeia, tanto o físico como o das ideias. E, principalmente, cria oportunidades para resolver problemas que ainda não somos capazes nem de imaginar. Ou seja: abre portas para o futuro desconhecido”.
Um museu é, além desse lugar que conjuga passado, presente e futuro, um espaço para a construção de narrativas sobre espaços, tempos e pessoas. Criamos museus onde abrigamos objetos que foram selecionados por alguém, em uma determinada época, a fim de valorizar - intencionalmente ou não - determinados aspectos da cultura. Um museu, portanto, é responsável por contar uma história, difundir uma narrativa, em geral, construída por alguns grupos e não por toda a população.
Museu com outros olhos
1. Organize com seus alunos a visita a um museu ou espaço de memória da sua cidade. Se não houver, você também pode fazer visitas virtuais a museus que oferecem essa possibilidade. No link https://artsandculture.google.com/project/museu-nacional-brasil, por exemplo, é possível fazer um tour pelo Museu Nacional antes do incêndio de 2018.
Durante a visita (se ela for presencial), peça ao grupo para ficar atento ao acervo e também ao modo como ele é organizado, se há textos complementares, sinalizações ou placas explicativas perto das obras, por exemplo. No caso das visitas pela internet, peça aos alunos que comparem a experiência da visita virtual com eventuais visitas presenciais que eles e elas já tenham feito a espaços de memória.
2. Depois da visita, organize uma roda de conversa. Você pode orientá-la com as seguintes questões:
- Quando o museu foi construído? Quem o construiu?
- Que objetos (ou outros elementos, como gravações de línguas ou de histórias de vida) fazem parte do acervo?
- Como esses objetos estão distribuídos?
- Parece que algumas peças do acervo são mais valorizadas do que outras?
- Que história (sobre um lugar, uma pessoa, um movimento artístico etc.) este museu conta?
- Você gostaria de incluir outras peças neste museu? Por quê?
- O que você aprendeu nessa visita ao museu? Ampliou seus conhecimentos? Como?
3. Finalize a atividade pedindo que os alunos pensem em como poderiam definir a palavra museu.
Para saber mais
Os museus devem os seus nomes aos antigos templos das musas, que os gregos em sua mitologia consideravam "filhas da memória". Isso nos leva a pensar a criação dessas instituições - voltadas para a conservação de acervos históricos, culturais, científicos e artísticos, e para a organização de exposições públicas - como parte de um processo histórico de expansão da memória escrita e iconográfica.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3807/museu Acesso em: 12/10/2018.
De acordo com o texto, os museus são “filhos da memória”. Depois do passeio e das reflexões, provoque os alunos e alunas com essa expressão. Eles concordam com essa definição? É possível pensar em outras? Sugira que eles anotem as suas próprias definições em pequenos papéis individualmente e depois compartilhem, em roda, com o grupo.