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Em documentários, muitas vezes solicita-se às personagens que encenem para a câmera aquilo que seriam suas atividades diárias. Além da função primeira de mostrar o cotidiano das personagens, essas imagens servem para ilustrar um depoimento e quebrar a monotonia da imagem estática da entrevista.
O fato de poderem ser roteirizadas na pré-produção, encenações desse tipo constituem garantia de maior controle da situação de filmagem. Obviamente, certo embaraço da personagem diante da câmera pode ocorrer, mas, como lembra Puccini, pode-se repetir a cena até considerá-la satisfatória.
Abaixo, você tem acesso ao curta-metragem Gilmar – Ofício Cabeleireiro. Assista ao filme.
Gilmar - ofício cabeleireiro. Dannyel Leite. Brasil, 2014, 11 min e 4 seg.
No início do filme, aos 18 segundos, a personagem Gilmar se aproxima da porta de seu estabelecimento e muda a placa de “Volto já” para “Entre”. Uma câmera fixa filma essa cena de perto. A indicação de que se trata de uma cena encenada para a câmera se revela especialmente no olhar direto que o cabeleireiro dirige ao aparelho. Também a sequência final do curta, a partir de 9 min e 56 seg até o encerramento, é uma encenação. Isso fica claro pelo fato de a personagem fechar o estabelecimento, sair de cena, mas a imagem do interior do ambiente continuar na tela, denunciando que a câmera e a equipe de filmagem lá permaneciam.