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Definida a ideia para o documentário, os alunos iniciarão a pesquisa. O pesquisador Sérgio Puccini (2009) afirma que nessa etapa almeja-se descobrir tudo aquilo que for importante, atraente e interessante sobre o tema. Entre outras possíveis ações, deve-se:
A pesquisa irá ajudar a definir o conceito do filme e os recursos de linguagem a serem usados. Quando falamos em recursos de linguagem, estamos nos referindo ao uso (ou não) de narração, entrevistas, material de arquivo (filmes, fotografias, arquivos sonoros), encenação, animação etc.
É bom lembrar que o processo de pesquisa é contínuo, ele está presente em todas as etapas de pré-produção, até mesmo durante as filmagens.
Todos os documentos audiovisuais, iconográficos e sonoros não produzidos pela equipe do documentário, mas descobertos e selecionados durante a fase da pesquisa para possível uso, são “materiais de arquivo”.
Frequentemente, o material de arquivo serve para ilustrar uma narração em voz over ou os eventos citados pelo entrevistado.
A internet facilita muito a busca de arquivos que estão on-line, mas podem se encontrar materiais nos acervos de bibliotecas, museus, universidades, órgãos de imprensa, arquivos de família e outros bancos de dados pertencentes a instituições públicas e privadas.
Puccini (2009) lembra que nem sempre o acesso e a consulta aos arquivos são fáceis. Dependendo do assunto, pode ser um trabalho longo e burocrático que exige muita conversa com os proprietários ou responsáveis, sejam eles instituições públicas ou privadas. Mesmo os arquivos particulares podem demandar muita paciência e obstinação para se ter acesso a eles. Mas não acreditamos que isso possa ocorrer na realização de documentários realizados pelos alunos.
É importante advertir que, no intuito de evitar problemas legais, é necessário ter permissão para usar os arquivos nos documentários. Para tanto, o proprietário dos documentos deve assinar um termo que permite o uso dos arquivos para o filme. No menu Autorizações, você pode obter mais orientações a respeito, bem como acessar um modelo de autorização para ser utilizado nos projetos.
Vale lembrar aos alunos que, hoje, a cultura digital está flexibilizando a questão dos direitos autorais. Por exemplo, na plataforma Creative Commons (CC), há uma série de materiais de uso liberado. Em geral, os documentos lá disponíveis não exigem pagamento de taxa de licenciamento ao autor ou solicitação de permissão antecipada para uso da obra em novo contexto. Mas nem toda licença da Creative Commons é idêntica: a mais permissiva permite distribuir, alterar ou mesmo reinventar uma obra comercialmente, desde que a fonte original seja citada; e a mais restritiva permite apenas o download ou o uso de obras de forma compartilhada, devendo o usuário sempre dar crédito à fonte original sem poder alterá-la ou distribuí-la comercialmente. Para conhecer essa plataforma, acesse https://br.creativecommons.org.
Retomamos neste tópico algumas observações de Sérgio Puccini (2009) sobre pré-entrevistas.
Elas marcam o primeiro contato da equipe com os possíveis participantes do documentário e servem para fornecer ou aprofundar informações já coletadas na pesquisa.
Também são úteis para avaliar eventual participação dos depoentes no filme. Nesse caso, deve-se observar atentamente o comportamento, a desenvoltura, a articulação verbal e a capacidade narrativa dos entrevistados, pois eles podem ter uma excelente história, mas não saber contá-la, nem ser bom narrador.
Deve-se ainda prestar atenção em duas situações: alguns indivíduos podem resistir, ficar constrangidos ou mesmo se recusar a conceder uma entrevista; mas, há aqueles que, após a pré-entrevista, criam a expectativa de participar do filme. São momentos delicados, em que tanto é necessário buscar meios de convencimento para fazer a pessoa falar, sem coagi-la, quanto não alimentar expectativas de fazer parte da filmagem. Adiante, trataremos dos cuidados que envolvem a realização da entrevista.
A escolha da pessoa que vai realizar a pré-entrevista também merece cautela. Há documentaristas que preferem eles mesmos fazer as pré-entrevistas, criando desde o início um vínculo com as personagens. Essa tática cria dois momentos de entrevista envolvendo documentarista e entrevistado: a entrevista da pesquisa e a entrevista da filmagem. Nesses casos, é natural que assuntos abordados na pré-entrevista surjam também na filmagem, o que pode causar ocorrências de frases como as seguintes: “Como eu já havia dito antes...”, “Como eu lhe disse na vez passada...”. Nessas circunstâncias, o entrevistado faz referência à primeira conversa que teve com o entrevistador, mas o público, destinatário final do documentário, não conhece o teor dessa conversa, o que pode prejudicar o entendimento da história. Há realizadores que, a fim de fugir desse tipo de situação, evitam o contato inicial, deixando a pré-entrevista para a equipe. Além disso, esses documentaristas acreditam que o registro de um primeiro encontro com o entrevistado pode resultar em boas surpresas no momento da filmagem.
Os alunos devem ser alertados sobre eventuais episódios desse tipo de situação. Com base nessas informações eles podem decidir se todos ou apenas alguns membros da equipe participam das pré-entrevistas, cabendo àquele que não se envolveu no encontro a responsabilidade por conduzir a entrevista que será filmada para o documentário.