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O campo de visão da câmera define aquilo que será visto pelo espectador. Trata-se do chamado “enquadramento”.
Se o enquadramento compreende um recorte do espaço registrado pela câmera, é importante chamar a atenção também para o fato de que, por vezes, algo que está fora do campo de visão da câmera também pode fazer parte da cena.
Na linguagem cinematográfica, o espaço que a câmera mostra recebe o nome de “Campo” e aquele que ela não mostra chama-se “Extracampo”.
Na imagem abaixo, do perfil de Andrea David (@filmtourismus) do Instagram, ela visitou o lugar de uma das cenas do filme La La Land: cantando estações (2016). Tudo o que aparece dentro da fotografia que Andrea segura pertence ao que a câmera filmou e que aparece no filme – o campo. Já tudo o que a fotografia não contém está fora do enquadramento da câmera – o extracampo.
Uma narrativa audiovisual pode combinar de maneira muito criativa esses dois espaços. Por exemplo, uma personagem pode lançar um olhar assustado para o extracampo e indicar a aproximação de algum perigo; ou ainda, mesmo confinada num espaço, a personagem pode ouvir barulhos do extracampo. Assim, elementos sonoros ampliam o espaço que o enquadramento visual restringe. Dessa forma, o extracampo revela-se um solo fértil para experimentações.
Assista aos minutos finais de A Bruxa de Blair e perceba como o olhar da personagem revela ao espectador que há algo importante na cena que não aparece na imagem:
01:20:10 até 01:23:12
A Bruxa de Blair. Eduardo Sánchez, Daniel Myrick. Estados Unidos, 1999, 81 min. Trecho de 1:10:13 até 1:17:36.
Planos
A forma de enquadrar uma imagem depende de dois elementos: Planos e Ângulos.
A materialidade visual do plano é resultado da distância entre a câmera e o objeto filmado.
Há diferentes tipos de planos. Importante frisar que, a depender da obra de referência, há pequenas variações na forma de nomear os planos. Ou seja, por vezes, pode-se encontrar nomeações diferentes para um mesmo tipo de descrição de plano. Mas você, professor, não se angustie com isso, pois os planos mantêm entre si uma correlação que leva em consideração a escala: há os mais abertos e os mais fechados. Vamos conhecer quais os principais planos existentes?
Recapitulando, na ilustração seguinte você pode perceber a diferença de escala entre cada plano.
Além dos planos, há diferentes tipos de ângulos a partir dos quais se pode filmar algo. Vejamos quais são eles.
Outro importante aspecto que se relaciona com o enquadramento diz respeito ao uso da câmera objetiva ou subjetiva. A câmera objetiva filma a cena do ponto de vista de um público imaginário, enquanto a câmera subjetiva simula o olhar de uma personagem em cena.
Veja como, num mesmo filme, os dois exemplos de câmera podem ser utilizados.
Câmera subjetiva: Yance Ford manipula, em cima de uma mesa, fotografias de família em que aparece seu irmão assassinado. Aqui, é como se a câmera assumisse o posição da cabeça e olhos do personagem vendo a fotografia.
Câmera objetiva: Yance Ford é filmado numa ligação telefônica em que questiona por que o assassino de seu irmão não foi a julgamento. Nesse caso, a câmera assume a posição de alguém que vê o personagem em ação.
Na série, o cineasta registra situações de entrevista utilizando múltiplas câmeras. Por vezes, como no exemplo acima, ele apresenta os vários pontos-de-vista simultaneamente filmados numa única composição.
Utilizando a classificação de planos, enquadramentos e ângulos proposta, como você classificaria cada uma das 6 imagens?
Para quem quiser saber mais sobre a série, ela está disponível na Netflix.