Bloco 1

Oficina 3

Etapa 3

O som no documentário

Puccini (2009) destaca cinco possibilidades do tratamento sonoro do documentário, descritas a seguir.

1. Som direto – Obtido de forma sincrônica às imagens no momento da filmagem. São os sons que se originam de entrevistas, depoimentos, dramatizações, e os obtidos em tomadas, em locação.

O curta-metragem O Arquivo de Ivan só faz uso de som direto, não há trilha ou quaisquer outros recursos sonoros acrescentados às imagens filmadas. Assista:

O arquivo de Ivan. Fábio Rogério. Brasil, 2008, 15 min.

2. Som de arquivo – Oriundo de fontes diversas, como filmes, programas de rádio e televisão, discursos, entrevistas etc. Tanto quanto as imagens, esses sons demandam uma autorização de uso junto ao detentor de direitos.

Assista ao trailer a seguir do documentário Cinema Novo, sobre o famoso movimento cinematográfico brasileiro. Tanto no trailer quanto no filme, o documentário faz uso de depoimentos em áudio retirados de registros audiovisuais (ou apenas sonoros), e de músicas utilizadas nos filmes que compõem o movimento.

Cinema Novo. Eryk Rocha. Brasil, 2016, 90 min. Trailer.

3. Voz over – Voz que não nasce da situação de filmagem, não está ligada à imagem que acompanha, mas é sobreposta à imagem durante a montagem do filme.

No trecho a seguir do documentário Aranhas verifica-se o uso da voz over. Assista:

Aranhas, exibido pelo Animal Planet (direção e ano desconhecidos).

4. Efeitos sonoros – Sons inventados na fase de edição que ajudam a criar ambientação para as imagens.

O curta-metragem 10 advertências e 01 benção emprega recursos sonoros. Toda vez que aparece na tela filmes antigos da família do entrevistado ouve-se o barulho que simula uma máquina de projeção de filme. Assista ao trecho e confira a partir de 3 min e 45 seg.

10 advertências e 01 benção. Kiko Mollica. Brasil, 2005, 7 min e 48 seg. Trecho.

5. Trilha musical – Pode ser composta exclusivamente para o documentário – trilha musical original – ou obtida em material de arquivo – trilha musical compilada. No segundo caso, o uso só é permitido mediante autorização.

O curta-metragem Rapsódia do absurdo utiliza uma trilha sonora marcante que potencializa o sentido das imagens filmadas. Assista:

Rapsódia do absurdo. Cláudia Nunes. Brasil, 2007, 15 min.

Atividades

1. Exiba o curta-metragem Babás, de Consuelo Lins.

Babás. Consuelo Lins. Brasil, 2010, 20 min.

A seguir, peça para os alunos identificarem quais das seguintes estratégias estão presentes no filme:

  1. Personagens: estão desempenhando ações aparentemente não solicitadas, ou seja, independentes do filme? Em situação de entrevista? Encenando para a câmera?
  2. Imagens: há registros de eventos autônomos, ou seja, que ocorrem independente da realização do filme? Registro de eventos integrados, ou seja, que foram produzidos por ocasião do filme? Uso de material de arquivo, como fotografias e filmes domésticos? Criadas por meio de recursos gráficos, como animações, cartelas, legendas etc. ?
  3. Som: há uso de som direto? De som de arquivo? Voz over? Efeitos sonoros? Trilha musical?

Para cada estratégia, peça para os alunos elencarem um ou mais exemplos. Perceba que o filme se vale de praticamente todos os recursos mencionados. Depois, discuta com os alunos por que a diretora decidiu lançar mão de cada um deles. Qual seria sua intencionalidade e efeito?

O curta Babás é analisado no Bloco 1, Oficina 2, Etapa 5.