Nossa intenção nesta oficina é ajudar os alunos e alunas a se inspirar na realidade que os cerca e a selecionar elementos do cenário e da vida da cidade para incorporar aos seus textos.
Alguns poetas cantam lugares que visitam ou onde residiram por um tempo. Manuel Bandeira, por exemplo, tem na sua infância um de seus temas preferidos; como ele a passou no Recife, essa cidade está muito presente em seus poemas. Da mesma forma, a vivência interiorana e a paisagem de Minas Gerais marcam a obra de Carlos Drummond de Andrade. Já na obra de Mário de Andrade, figura emblemática do modernismo brasileiro, a paisagem frequente é a cidade de São Paulo.
Para saber mais sobre a vida e a obra de Carlos Drummond de Andrade, acesse o site oficial do poeta.
Atividades
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- A partir de agora os alunos e alunas devem observar com atenção o lugar onde vivem e torná-lo fonte inspiradora para criar os textos: o bairro, a rua, as paisagens, os locais interessantes; os moradores e suas peculiaridades, o modo como as pessoas se relacionam; a cultura local, os acontecimentos, as mudanças que ocorreram ao longo do tempo etc.
- Sua tarefa é ajudar cada qual a encontrar essa inspiração, resgatando impressões, sensações, relatos, fatos, lembranças e sentimentos. Assim, serão capazes de expressar nos poemas um olhar pessoal sobre o lugar onde vivem, imprimindo um tom autoral aos versos.
- O poema que vão escrever não precisa falar sobre todos os aspectos da cidade. Se a preocupação for enumerar muitos elementos, eles não caberiam num único texto; seria necessário um livro inteiro. Por isso, é aconselhável escolher o aspecto a ser tratado.
- A meta é compor um poema que revele peculiaridades do lugar e faça dele um retrato atraente, para que o leitor ou leitora tenha vontade de conhecê-lo.
- Converse com a turma sobre o lugar onde vivem: a cidade, o bairro, as ruas, os lugares interessantes que frequentam ou que sejam impressionantes de alguma forma. Se possível, organize um passeio pelos arredores da escola ou por lugares importantes da cidade.
- O objetivo, mais que coletar dados, é incentivar a turma a observar pequenos detalhes, perceber as impressões e as sensações causadas por essa observação. Ajude-a com perguntas:
- O que vocês percebem?
- Que cores predominam na paisagem local?
- Que sons são ouvidos neste ponto do lugar onde vivemos?
- Devem observar o clima, a temperatura, o sol, as nuvens, o calor, o frio. Onde nos sentimos bem?
- Depois do passeio e/ou da conversa sobre a cidade, pergunte sobre o que mais lhes chamou a atenção durante o passeio.
- Se tivessem que descrever esses lugares para pessoas que não os conhecem, como fariam?
- Que aspectos destacariam?
- Explique ao grupo que, para escrever sobre o lugar onde vivem, é preciso antes de tudo saber como olhar para esse lugar. Tem de ser um olhar diferente daquele do dia a dia, como nos explica Alberto Caeiro:
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e rios.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e flores.
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- Faça com que debatam sobre o que o poeta quis dizer com esses versos. Instigue formas diferentes e renovadas de olhar o lugar onde vivem.
- Diga-lhes que muitas vezes olhamos as coisas com pressa ou de maneira superficial. Assim, deixamos de ver os detalhes, de observar coisas mínimas que podem estar ocultas ou não ser percebidas por quem passa apressado.
- Em seguida, projete e leia para a classe o trecho do poema a seguir, escrito por um poeta que retrata o lugar onde viveu. Convém comentar que Itabira fica numa região rica em ferro e a maioria dos moradores dessa cidade, na infância do poeta Carlos Drummond de Andrade, trabalhava na mineração.