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A produção de um novo texto com base num já existente é um processo de retextualização, que compreende operações que evidenciam como a linguagem funciona socialmente. Por isso, nessa atividade, devem ser consideradas as condições de produção, de circulação e de recepção dos textos. Quando a retextualização requer a passagem do oral para o escrito, envolve estratégias de eliminação (por exemplo, de marcas interacionais, hesitações), inserção (por exemplo, de pontuação), substituição (por exemplo, de uma forma coloquial para uma formal), seleção, acréscimo, reordenação, reformulação, e condensação (por exemplo, agrupamento de ideias).
Gil: Sr. Amalfi, sua filha me disse que o senhor é um assíduo frequentador de cinema, não é? Ela me disse que o senhor vai ao shopping toda semana ver o filme que está em cartaz. Pois bem… A gente podia fazer esta entrevista como se fosse um filme. O que o senhor acha? O senhor vai se lembrando e vai me contando… Pode ser assim? Do que o senhor se lembra da sua infância? O senhor pode me falar das suas primeiras lembranças? É só entrar no filme da sua vida, não é?
Sr. Amalfi: Silêncio. (O sr. Amalfi ficou por alguns brevíssimos instantes revivendo com os olhos, olhando para cima, para o mundo das emoções da memória revisitada. Como se eu não estivesse lá. Vi que o pequeno azul dos seus olhos marejaram instantaneamente. Mas dei corda para a entrevista se inaugurar.)
Gil: Fale um pouco de seus pais ou de seus avós.
Sr. Amalfi: Ah… Meu Deus! Me dá uma emoção muito forte lembrar esses tempos… Faz tanto tempo! É que eu tenho muita saudade desse tempo que já foi… Sou muito chorão, sabe? Quando eu me lembro do meu pai e da minha mãe eu choro sempre… Deixa ver… Você não vai tomar o seu café? Vai esfriar… Bom, vamos lá! Daquele tempo eu me lembro… Bom, meu pai era italiano e a minha mãe também. Ele era marinheiro. Era ngelo. ngelo Amalfi. Você sabe que no ano retrasado eu fui até esse lugar lá na Itália e pude conhecer a terra dos meus pais… Foi o melhor passeio que eu fiz até hoje… Lembro bem porque a minha mãe me contava… Eles vieram casados para São Paulo em 1918. E já ficaram em Santana [bairro da Região Norte da cidade de São Paulo]. Naquele tempo ela disse que nem existia a Voluntários da Pátria [rua famosa desse bairro], veja você. Meu pai foi trabalhar na Sorocabana [Estrada de Ferro Sorocabana – companhia ferroviária criada em 1870]. E aí…