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Sabia que o sr. Amalfi tinha 82 anos e que tinha suas raízes italianas preservadas em seu modo de vida. Já o conhecia superficialmente. É pai de uma amiga de muito tempo e sabia que ele era um homem que tinha muitas histórias para contar… Por isso, foi o escolhido para ser o entrevistado e personagem na minha tarefa de memorialista.
Organizei um pequeno roteiro provisório. Digo provisório porque ele serviria de apoio para que a conversa rolasse sem cerimônias e fluísse ao sabor das vivências e lembranças que eu imaginava existir na trajetória de vida do sr. Amalfi. Ele, o roteiro, me serviria de bússola para não perder alguns aspectos importantes na minha escrita posterior. Na verdade, o meu objetivo era que a memória do sr. Amalfi viesse à tona e desabrochasse com total liberdade durante o nosso encontro marcado.
Assim, peguei um caderninho brochura e fui escrevendo no topo de algumas páginas ideias que poderiam ser suscitadas na hora da nossa conversa.
Pensei em gravar. Poderia ser interessante, mas a premência do tempo fez com que eu fosse de caderno e caneta e minha especial atenção para estimular as palavras do sr. Amalfi, ouvir bem a sua voz do coração e registrar com rapidez e com a certeza de que teria coletado um bom material para o trabalho posterior: o de ser autor do texto.
Sabia que não iria fazer uma transposição do falado para o escrito. As memórias do sr. Amalfi ganhariam uma dose de ficção da minha parte. Ficariam intactas e salvaguardadas. Mas seriam apresentadas de uma maneira interessante, curiosa, emocionante. E essa era a minha parte!