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Vimos que o museu é um espaço de preservação da memória. Ao mesmo tempo, suas exposições constroem uma narrativa e influenciam o modo como nos entendemos, ou seja, contribuem para formar nossa identidade, como povo e como indivíduos. Não é difícil perceber isso: basta pensar na frustração diante da possibilidade de perder o fóssil de Luzia no incêndio do Museu Nacional. Luzia é a “primeira brasileira”, é a primeira de nós e, por isso, há algo que nos conecta a essa mulher que viveu mais de 10.000 anos atrás.
É possível pensar em museus e espaços de memória que concentram as narrativas de pequenas comunidades, como é o caso do bairro, de uma escola, da sala de aula. Iniciativas assim contribuem para dar voz àqueles que nem sempre são contemplados nas narrativas oficiais, de modo a valorizar e fortalecer as identidades locais. Vamos lá?
Pontes entre arte e memória
Há artistas visuais que se valem dos objetos de memória para criar suas obras. Você pode mostrar aos alunos alguns exemplos da artista brasileira contemporânea Rosana Paulino. Em algumas de suas obras, ela faz intervenções com linha e agulha em fotos de mulheres da sua família para evidenciar o silenciamento da mulher negra, muitas vezes em razão da violência doméstica.
Imagem da obra Parede da memória, 1994-2015
Imagem da série Bastidores, de 1997
Do mesmo modo, há escritores que usam a própria biografia como ponto de partida para a escrita literária. No Brasil, esse estilo é bem representado por Julián Fuks, que ganhou o Prêmio Jabuti de romance em 2016 com o livro A Resistência, no qual sua relação com o irmão adotivo é o material para a escrita. Cristóvão Tezza, autor de O filho eterno, e Bernardo Kucinski, de K. – Relato de uma busca, são outros exemplos do uso da biografia na ficção. As leituras são recomendadas para os professores e professoras que quiserem ampliar seu repertório sobre o assunto.