A produção coletiva precisa ocorrer de forma organizada, evitando a dispersão, tão comum nesse tipo de trabalho. O texto coletivo exige negociação entre você e a turma. Nela, deve haver espaço para troca entre alunos e alunas mais e menos experientes e oportunidade para o crescimento de todos. O seu papel consiste em coordenar o trabalho, além de ajudar na construção do texto, fazendo perguntas e dando orientações.
Atividades
- Explique ao grupo que a escrita coletiva é uma etapa importante para a preparação dos textos. Diga-lhes que essa é uma atividade que exige tempo e será desenvolvida em duas ou mais aulas.
- Relembre com eles e elas cada uma das oficinas. Ajude-os(as) a fazer um rápido resumo de tudo o que aprenderam sobre memórias literárias. Anote os pontos principais e compartilhe-os com a sala.
- Agora, escolha uma das entrevistas realizadas na Oficina 12. Retome com a turma as anotações feitas ou ouça com eles e elas a gravação, se houver. Em seguida, faça as atividades de retextualização, seguindo a orientação da Oficina 13.
- Hora de escrever o primeiro parágrafo. Lembre ao grupo que elas e eles deverão tomar o lugar do(a) entrevistado(a) para escrever o texto de memórias literárias; será escrito em primeira pessoa, como se o próprio entrevistado estivesse contando a história. Veja se todos entenderam que vão fazer de conta que são o(a) entrevistado(a) narrando as memórias dele ou dela.
- Embora nem sempre um texto de memórias literárias comece assim, podemos dizer que no primeiro parágrafo da produção é importante que o entrevistado ou entrevistada se apresente. Lembre à turma que essa informação será muito importante para que o(a) leitor(a) possa acompanhar a narrativa. Afinal, diferentemente dos autores ou autoras já conhecidos por muitos leitores e leitoras, as personagens escolhidas pelos e pelas estudantes precisam ser apresentadas aos(às) futuros leitores(as).
- Ajude a turma a escrever o primeiro parágrafo e vá anotando na lousa, em um editor de textos ou em um PowerPoint projetado por meio de projetor. Leia o trecho em voz alta para ver se todos concordam. Inclua as alterações sugeridas.
- O texto deve manter aquele tom agradável de conversa, mas é necessário observar que agora se trata de uma produção literária cuja linguagem necessitará de ajustes.
- Ressalte-lhes que é muito provável que nas entrevistas a linguagem utilizada pelos entrevistados e entrevistadas seja bastante informal e características dessa oralidade podem estar presentes nos depoimentos – por exemplo, o uso de gírias e de expressões como “e daí”, “e depois”, “né” etc. – para garantir o encadeamento da fala, mas não devem ser excessivamente adotadas no texto. Da mesma forma, é necessário atenção à repetição de palavras e ideias que não contribuem para o estilo do texto. Evidentemente, isso não ocorre em outras formas de discurso oral que exigem mais formalidade, como em uma conferência. Mas é muito provável que isso tenha sucedido nas entrevistas feitas com os moradores e as moradoras.
- Além da apresentação, é interessante começar com a lembrança mais marcante do entrevistado, a que mais chamou a atenção da turma. Converse com a classe como deve ser o parágrafo, depois escreva na lousa ou em um PowerPoint projetado.
- Continue organizando a escrita dos parágrafos seguintes. Diga-lhes que os fatos rememorados não seguem obrigatoriamente a ordem cronológica, ou seja, nem sempre são contados na ordem em que ocorreram. O fio condutor deve ser o tema escolhido, por exemplo, as lembranças do(a) entrevistado(a) sobre o lugar onde vive. As referências a esse lugar, ao longo do texto, ajudam a manter a unidade.
- Faça perguntas à turma para ajudar a colocar as ideias no texto. Lembre que o tempo verbal mais comum nesse gênero é o passado: o pretérito perfeito é usado para fatos que se sucederam uma vez e não se repetiram, e o pretérito imperfeito, para fatos que se repetem muitas vezes ou que não haviam terminado no tempo em que são narrados. Podem também empregar o pretérito do subjuntivo para fatos que ensejam uma possibilidade de ocorrência, mas sobre os quais não há certeza.
- É importante que no texto haja menção a objetos e lugares antigos, comparando-os com o que existe hoje. Chame a atenção também para o uso da pontuação, elemento importante na organização da narrativa e na garantia da expressão das emoções. Ressalte que sentimentos, impressões e sensações não podem faltar e devem ser revelados ao longo do texto.
- Depois de escrito, o texto precisa de um título. Ajude-os(as) a pensar em algo sugestivo. O título deve dar pistas do que será contado no texto.
- Tudo pronto, releia o texto com as alunas e alunos. Pergunte-lhes se ele proporciona uma leitura agradável, se estão satisfeitos com a escrita, se é possível melhorá-lo.
- Para o aprimoramento do texto, você pode usar o “Roteiro para revisão”, da Oficina 16.