Oficina 7

Etapa 2

Definindo o foco narrativo de uma crônica

É possível que nas oficinas anteriores você tenha percebido que algumas pessoas da turma ainda têm sérias dificuldades com foco narrativo. Nesta oficina você vai poder ajudá-las.

Atividades

    1. Leia, com a turma, o começo de duas crônicas em que alguém narra um fato: uma de Luis Fernando Veríssimo e outra de Joel Rufino dos Santos.

A) “Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando era garoto. Outra coisa: acabo de procurar no dicionário, pela primeira vez, o significado da palavra “gude”. Quando era garoto nunca pensei nisso, eu sabia o que era gude, gude era gude…”

 

Luis Fernando Verissimo. Comédias para se ler na escola.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

 

B) Vivi gostava de aula de história, mas para guardar data era uma tristeza. A professora:

— Dom Pedro proclamou a Independência em 1822.

Daí a um minuto perguntava:

— Em que ano foi a Independência do Brasil?

Vivi não sabia.

A prima, Isabel, lhe contou como foi o Descobrimento do Brasil:

— Isso aqui era coberto por uma lona enorme, de circo. Pedro Álvares chamou os filhos, cada um pegasse numa ponta. Contou: um, dois, três… Já! Levantaram ao mesmo tempo. Estava descoberto o Brasil.

Joel Rufino dos Santos. Crônicas para ler na escola.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

 

  1. Peça à turma que observe as palavras (verbos e pronomes) destacadas no texto A e respondam:
    • Em que pessoas estão empregadas as formas verbais e os pronomes?
    • O autor participa da história como personagem?
  2. Agora, peça que vejam no texto B os verbos e os pronomes destacados e respondam:
    • Em que pessoas estão as formas verbais e os pronomes sublinhados?
    • O autor participa dos fatos? Ele também é personagem da crônica?
  3. Peça que reescrevam o texto abaixo transformando a autora-personagem em autora-observadora. Depois discuta coletivamente as escolhas feitas pela classe.

“Naquele dia um calafrio me madrugou. Os ponteiros luminosos do despertador em silêncio marcavam exatamente 5 horas. Coloco meus pés para fora da rede, visto um casaco, saio do quarto e, no corredor, o calafrio foi ficando ainda mais frio, arrepiando todos os pelos do meu corpo.

Fui até a cozinha, preparei um copo de achocolatado bem quentinho. Antes de tomá-lo, abri a porta de saída para o quintal, sentei no batente e por segundos aspirei o cheiro da fumaça que saía do copo, olhando para a imensidão das posses do meu vizinho dos fundos, o Rio Amazonas. E apesar do achocolatado quentinho e do calor amazônico de sempre, o calafrio continuava comigo.”

Yanca Fragata dos Santos, vencedora da 5ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa. “O amanhecer (num dia ‘inqualquer’)”