Oficina 8

Etapa 2

Mapa mental: Ecos da sociedade

(90 minutos)

  • Conte à turma que faremos um exercício para identificar que vozes poderiam ser mobilizadas em um artigo de opinião sobre um tema que, embora seja um desafio social há muito tempo, recebeu mais destaque da mídia apenas recentemente: A pobreza menstrual. Para isso, analisaremos um infográfico e, em seguida, faremos um mapa mental colaborativo.
  • Projete o infográfico e leia as informações com a turma.
    https://www.nexojornal.com.br/grafico/2022/06/08/A-pobreza-menstrual.-E-seus-impactos-no-Brasil-e-no-mundo
  • Discuta brevemente as características do gênero infográfico. Trata-se de um gênero cujo objetivo é a apresentação de informações fragmentadas, combinando textos verbais e não-verbais, como mapas, ícones e gráficos, que, em simbiose, são responsáveis pela produção do sentido. Essa simbiose garante que o público faça uma leitura rápida do conteúdo e apreenda os dados ali disponíveis.
  • Certifique-se de que as(os) estudantes reconhecem o vocabulário presente no texto e também de que compreenderam o que é pobreza menstrual e quais os fatores que a causam.
  • Ressalte, na leitura do infográfico, como a pobreza menstrual manifesta as desigualdades do Brasil. Primeiro, do ponto de vista regional: o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste concentram escolas que não têm condições mínimas para que se realize a higiene menstrual. Além disso, as escolas rurais são ainda menos preparadas que as escolas urbanas. Outro recorte a ser analisado é o racial: pessoas negras são as mais afetadas pelo problema em todo o Brasil.
  • Pergunte à turma quais se conseguem traçar hipóteses para as consequências da pobreza menstrual. Conte que há estudos que indicam prejuízos para a educação das pessoas que menstruam, pois, face à ausência de condições de higiene adequadas, perdem muitos dias letivos por ano e estão mais sujeitas a se evadir da escola. Outro aspecto são os riscos à saúde provocados pelo cenário atual de pobreza menstrual.
  • Se houver possibilidade, reserve tempo para que as(os) alunas(os) pesquisem mais sobre o tema na internet e, depois, organize a construção de um mapa mental colaborativo.
  • Solicite que imaginem a seguinte situação de produção: frequentam uma escola que não tem as condições necessárias para a higiene menstrual e, por meio de um artigo de opinião, gostariam de partir desse dado para argumentar em favor da melhora da infraestrutura da instituição. Que vozes deveriam ser mobilizadas para que esse objetivo seja atingido.
  • Escreva o tema “Pobreza menstrual e educação no Brasil” no quadro ou disponibilize-o em um documento do Jamboard (jamboard.google.com), que será compartilhado com a turma. Divida a sala em grupos, peça que discutam nas equipes e depois colaborem com a construção do mapa.
  • Faça sugestões às equipes ao acompanhar o trabalho das(os) estudantes. A Organização das Nações Unidas reúne dados sobre pobreza menstrual; dados do Ministério da Educação podem ajudar a evidenciar os riscos de evasão escolar; depoimentos de pessoas que sofrem com a pobreza menstrual certamente provocariam a empatia da(o) leitora(or) do artigo; reportagens sobre a situação local contribuiriam para a contextualização regional do tema; entrevistas ou discursos do poder público local poderiam ser mencionados e discutidos na escrita.
  • Ao final, garanta o registro do mapa mental. Entregue cópias das primeiras versões dos artigos de opinião sobre temas locais (ainda sem as suas intervenções)  e peça que as(os) alunas(os) façam a análise do próprio texto. Conseguem identificar as vozes que mobilizaram? De que outros recursos podem dispor para estabelecer o diálogo com atores sociais e instituições, de modo que o artigo estabeleça diálogo com diferentes perspectivas que circulam na sociedade?
  • Oriente-as(os) a grifar o texto e a fazer anotações indicando alterações que poderiam ser feitas para uma produção mais plural e convincente.
  • Se achar pertinente, solicite que algumas(alguns) voluntárias(os) leiam trechos de seus textos e contem que vozes estão mobilizando em suas escritas. As(Os) demais podem fazer sugestões e acréscimos aos trechos lidos.
  • Recolha os textos analisados pelas(os) próprias(os) alunas(os) ou peça que se organizem e guardem a produção para outras atividades nas próximas aulas.

EM SÍNTESE

Professora(or),

Há um exercício de alteridade na análise das vozes presentes no artigo de opinião. O debate só é possível se reconhecemos nossa perspectiva como uma entre as muitas possíveis. Ainda que outros setores sociais sejam aderentes à tese que defendemos, as justificativas e as experiências podem ser diferentes. Vale o mesmo para os opositores, por isso, não é possível negligenciá-los, sob o risco de cairmos na armadilha dos discursos autocentrados, ignorantes e autoritários.

VEM AÍ!

Na próxima Oficina, discutiremos como os recursos linguísticos podem trabalhar a favor da persuasão e da organização nos artigos de opinião. Tais recursos contribuem para que as vozes, aqui discutidas, sejam mais, ou menos, explicitadas nos textos.