Oficina 5

Etapa 1

O que é um gênero textual?

(90 minutos)

  • Organize a sala em círculo e, no centro da roda, sobre uma mesa ou tecido, distribua materiais como histórias em quadrinhos, poemas, bulas de remédio, receitas, horóscopo, romances, contos, notícias, artigos de opinião, anúncios, charges, tirinhas, piadas, memes, prints de conversas por aplicativos de mensagens como WhastApp, redação do Exame Nacional do Ensino Médio, resenhas críticas, crônicas, páginas de diário, cordéis, placas, cartazes, bilhetes, contos de fadas e outros exemplos de gêneros textuais que você julgar pertinentes. É importante que haja diversidade e quantidade de exemplos para serem manuseados.
  • Reserve tempo para que a turma explore os materiais livremente, em uma espécie de seção de leitura de apreciação sem objetivo didático claramente definido no início.

JANELA TEÓRICA

Gênero e tipo textual

Para uma maior compreensão do problema da distinção entre gêneros e tipos textuais sem grande complicação técnica, trazemos a seguir uma definição que permite entender as diferenças com certa facilidade. Essa distinção é fundamental em todo o trabalho com a produção e a compreensão textual. (…)

Vejamos aqui uma breve definição das duas noções:

(a) Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição {aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas}. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.

(b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.

Trecho do artigo Gêneros textuais: definição e funcionalidade, de Luiz Antônio Marcuschi, disponível no livro Gêneros textuais & ensino, organizado por Angela Paiva Dionisio, Ana Rachel Machado, e Maria Auxiliadora Bezerra (Editora Parábola, 2010).

  • Depois da oficina de apreciação, peça que algumas(alguns) estudantes escolham um exemplar do material para apresentar às(aos) colegas.
  • Oriente-as(os) a fazer a apresentação contando qual é o tema do material, qual é o gênero (um poema, uma história em quadrinhos e assim por diante), como identificam que se trata de um exemplar daquele gênero. Por fim, solicite que tracem hipóteses para justificar a necessidade daquele gênero, ou seja, que necessidade humana e social tal gênero contribui para suprir.
  • Após a apresentação dos voluntários, use exemplos para explicar ou retomar o conceito de gênero textual. Trata-se, como afirma Marcuschi, de um conceito propositalmente vago para identificar fenômenos da comunicação humana que atendem a demandas dos falantes – objetivas ou subjetivas. Dessa forma, as bulas de remédio surgem como consequência da demanda de instruir e alertar a respeito do consumo de medicamentos; as receitas registram o conhecimento sobre formas de preparar alimentos e, ao mesmo tempo, em que oferecem uma espécie de tutorial para as(os) cozinheiras(os); notícias, como vimos anteriormente, informam sobre acontecimentos com base em critérios de noticiabilidade; cartas de amor representam a urgência de manifestar e registrar sentimentos.
  • Lembre também que há gêneros que aprendemos no cotidiano, ao longo da vida – como contar piadas. Mas há aqueles que, para serem produzidos, demandam mais reflexão e aprendizado formal. É o caso da escrita de textos dissertativo-argumentativos, que aprendemos na escola; das petições dos advogados ou os laudos dos médicos, abordados na educação superior; da elaboração de relatórios técnicos, fruto de práticas de trabalho.
  • Questione, ainda, de que maneira as(os) jovens foram capazes de identificar os gêneros, mesmo que no início não tenham recebido muitas informações de contexto. O grupo pode elencar fatores como a presença de ilustrações associadas a textos em balões nas histórias em quadrinhos ou a tipografia, a linguagem técnica e objetiva, além do modo como está dobrado o papel das bulas de remédio. Explique, então, que os gêneros têm formas mais ou menos estáveis, que serão estudadas nas próximas aulas. Por isso, em alguns casos, o reconhecimento, devido ao contato cotidiano e interacional com a língua, é imediato.
  • Ressalte que os gêneros estão em diálogo com diferentes interlocutores, o que pode interferir na temática, na estrutura e na linguagem. Basta comparar uma história infantil com um romance clássico ou um verbete de enciclopédia para que isso fique evidente. Mais ainda, em um cenário de divergência de opiniões, um artigo – ainda que preserve a estrutura e a temática – pode claramente se dirigir a diferentes interlocutores.
  • Por fim, lembre que não há um conjunto pré-determinado de gêneros textuais no mundo, uma vez que eles atendem às necessidades da comunicação humana e estão em constante transformação.