- Divida a sala em dois grupos e explique que farão uma breve dinâmica de debate. Você apresentará as questões e dirá de qual lado cada equipe deverá ficar. Por exemplo:
– Quem é o melhor jogador de futebol do mundo: Messi ou Cristiano Ronaldo?
– Grupo 1: Defende Messi
– Grupo 2: Defende Cristiano Ronaldo
- Não faça a moderação do debate, mas cronometre cerca de 2 minutos de discussão para cada tema. Se for o caso, chame a atenção para que um dos grupos não monopolize o discurso. Sugerimos, a seguir, alguns temas, mas escolha o que for adequado a sua realidade. O importante é que sejam problemas bastante cotidianos:
– O feijão deve vir por cima ou por baixo do arroz?
– Que matéria é mais fácil: Matemática ou Língua Portuguesa?
– Acordar cedo ou acordar tarde?
– Qual é a rede social mais legal: Instagram ou TikTok?
– É melhor ter muitos amigos ou ter poucos amigos?
– Funk ou sertanejo?
- Após o breve debate, reorganize a sala para explicar que estas são polêmicas, sobre as quais se expressam diferentes posicionamentos sem necessariamente chegar a um consenso. Entretanto, são questões de âmbito pessoal, que pouco interferem na dinâmica coletiva. Uma pessoa pode defender que gosta mais de acordar cedo e dizer “é apenas a minha opinião”, sem isso gerar consequências para os outros. Não vale o mesmo para debates de caráter social, que podem impactar o coletivo e até a noção de cidadania.
- Dê exemplos de polêmicas que causam impacto em diferentes âmbitos, sem necessariamente discuti-las com o grupo.
– Devem ser mantidas as cotas para pretos, pardos e indígenas nas universidades públicas?
– O Brasil deve descriminalizar o porte de drogas para uso?
– Enfraquecer leis ambientais é importante para garantir o desenvolvimento do agronegócio?
– Estudantes da educação básica deveriam ser obrigados a frequentar a escola em tempo integral?
- Evidencie que as respostas a essas perguntas, em uma sociedade democrática, são orientadas pela Constituição de 1988 e consolidadas por instituições – como o Congresso Nacional, a justiça ou a Presidência da República, na forma de leis, decisões e decretos -, idealmente, tendo como ponto de partida o diálogo com a população e os diferentes atores sociais, uma vez que afetam o coletivo e podem garantir ou restringir direitos.
- Em seguida, organize o quadro em colunas e peça que a turma elenque algumas questões polêmicas presentes nos diferentes espaços sociais que frequentam. Se necessário, dê exemplos ou use as sugestões a seguir:
ESCOLA |
BAIRRO |
CIDADE |
ESTADO |
PAÍS |
MUNDO |
O uso do celular deve ser proibido na sala de aula? |
Moradores que ficam com o som alto ligado até tarde devem ser advertidos pela vizinhança? |
O prefeito deve proibir que organizações assistenciais distribuam comida para pessoas em situação de rua? |
O transporte público metropolitano, feito por ônibus e trens, deve ser privatizado? |
O voto deve ser facultativo no Brasil? |
Estátuas que celebram figuras históricas hoje questionadas devem ser mantidas no espaço público? |
- Discuta com o grupo como as polêmicas estão presentes em todas as esferas da sociedade e se conectam com as políticas públicas e com os direitos humanos.
- Escolha, então, quatro dos temas propostos pelas alunas e alunos. Elabore uma cartolina ou cartaz para cada tema, com espaço para anotações, e coloque-os em estações, cada uma instalada em um lugar diferente da sala. Veja o modelo:
O voto deve ser facultativo no Brasil? |
SIM |
NÃO |
|
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- Divida a classe em quatro grupos e solicite que cada grupo comece em um dos cartazes. Cronometre de cinco a dez minutos para que o grupo discuta argumentos para defender um ou outro posicionamento e sintetize as ideias no cartaz em tópicos. Depois do tempo transcorrido, faça com que os grupos troquem de estação, leiam os argumentos apresentados pela equipe anterior. Prossiga com a dinâmica até que todos os grupos tenham passado pelas quatro estações.
O voto deve ser facultativo no Brasil? |
SIM |
NÃO |
– Impediria a compra de votos.
– Só iria votar quem realmente se interessa pelas eleições e está informado. |
– Aumentaria o número de abstenções, que já é grande.
– Ampliaria o desinteresse dos jovens pela política.
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- Reserve tempo para que a turma circule pelos cartazes elaborados colaborativamente e veja o resultado do trabalho.
- Depois da observação, provoque-os a refletir sobre a atividade:
– Qual foi o tema mais fácil de pensar em argumentos? E o mais desafiador?
– A leitura dos demais cartazes, durante o giro entre as estações, influenciou na construção dos argumentos?
– Como cartazes feitos colaborativamente se diferenciam de cartazes feitos individualmente?
– Se pudéssemos comparar a dinâmica de construção colaborativa dos cartazes com a dinâmica dos debates sobre questões polêmicas na sociedade, o que diríamos?
- Enfatize a experiência que tiveram na dinâmica, ou seja, pensar sobre polêmicas exige que se contemple pontos de vista distintos, de pessoas com experiências diferentes das nossas, e que se dialogue com eles. No mesmo sentido, saber mais sobre o tema, bem como ter proximidade com ele – às vezes, até em razão de um acontecimento pessoal – faz com que seja mais fácil mobilizar ideias em defesa de uma perspectiva.
- Retome os cartazes e verifique com a turma quais ideias representam a defesa de uma opinião de forma válida, respeitosa e, portanto, democrática. Para isso, use as reflexões acerca de liberdade de expressão e discurso de ódio propostas na Oficina 2.
- Explique que, agora que esclarecemos o que são as questões polêmicas por meio de uma espécie de debate por escrito, faremos um debate oral regrado, a fim de que a troca de ideias fique mais veloz e para podermos aprimorar habilidades ligadas à argumentação, à construção de repertório, à oralidade e à expressão corporal.