Oficina 7

Etapa 2

Cordel moderno

Apesar de ainda fazer parte da cultura sertaneja, com o avanço das tecnologias e do mercado editorial, os cordéis ganharam espaço em outras mídias e suportes. Os da escritora Jarid Arraes são um belo exemplo, pois não necessariamente seus escritos passam pelo formato original do cordel (folheto e xilogravura), mas sim são prontamente publicados em livros – sejam eles independentes, seja por meio de editoras mais tradicionais. Nesta etapa você e sua turma lerão o cordel “Dandara dos Palmares”, de Jarid Arraes.

Atividades

  1. Pergunte à turma se conhecem algum herói ou heroína negra brasileira. Caso conheçam, peça que contem um pouco sobre suas histórias. Caso não conheçam, avise que conhecerão, nesta oficina, Dandara dos Palmares: rainha guerreira, quilombola e esposa de Zumbi dos Palmares. Cheque se sabem quem foi Zumbi dos Palmares e reproduza o vídeo Heróis de Todo Mundo/Zumbi.
  2. Peça à turma que levante hipóteses sobre as razões de Dandara também ter se tornado uma heroína. Quais atos ela teria praticado? Que tipo de coragem ela tinha? Se era guerreira, lutava contra quem? Contra o quê? Vá anotando as respostas na lousa, as possíveis causas de essa mulher ter se tornado uma heroína e avise que, durante a leitura do cordel “Dandara dos Palmares”, poderão confirmar se suas hipóteses estavam certas (se aproximaram da verdade) ou não.
  3. Projete e faça uma primeira leitura do cordel “Dandara dos Palmares”. Peça para que verifiquem a forma: quantos versos tem cada estrofe? Quantas sílabas tem cada verso? O ritmo é regular, possui rimas?
  4. Discuta com sua turma dentre as hipóteses levantadas, sobre o fato de Dandara ter se tornado uma heroína, quais delas se aproximam mais da realidade, conforme a história contada no cordel de Jarid. Como o texto traz informações explícitas, aproveite para testar a habilidade de seus alunos e alunas para essa competência. Pergunte, por exemplo, o nome dos filhos dela, quais os atos mais ousados e as características de sua personalidade.
  5. Quanto ao estilo, ajude seus alunos e alunas a reparar que, apesar de contemporâneo, o cordel de Jarid mantém a forma tradicional: sete sílabas poéticas organizadas em estrofes de sete versos. Se necessário, repita os exercícios de separação silábica, conforme vimos na oficina 5 deste Caderno.
  6. De uma forma geral, os cordéis podem ter estrofes de vários formatos. Jarid usou as septilhas (estrofes com sete versos) e Patativa do Assaré, em “Emigração e as consequências” não usou uma forma fixa para suas estrofes. O cordel pode utilizar as quadras, as sextilhas, as septilhas, as oitavas e as décimas. Entre as décimas, temos um exemplo que foi vencedor da Olimpíada de Língua Portuguesa no ano de 2019. O menino Davi Henrique Teófilo de Azevedo Lima, morador de Bom Jesus (RN) fez uma adaptação de um estilo de cordel chamado de “Galope à beira-mar”. Que tal ler os três cordéis (de Patativa, Jarid e Davi) e compará-los em relação a temas e estilo? Que tal a turma tentar fazer seu próprio cordel?

Para saber mais

Estilo

É a maneira de se expressar, pode referir-se ao estilo de um grupo literário ou dos autores e autoras de determinado período. O termo também pode ser usado por todas as pessoas que escrevem e criam um modo pessoal de produzir textos. Cada pessoa tem seu estilo.

Patativa do Assaré comenta o modo como escreve: estilo simples, versos singelos. Você viu, em oficinas anteriores, que Machado de Assis usava inversões, isto é: “Flores me são teus lábios” em vez de “Teus lábios para mim são flores”. Elias José, no poema “Tem tudo a ver”, escolhe a retomada dos mesmos versos para iniciar todas as estrofes:

“A poesia
tem tudo a ver”.